Está a evoluir uma raça nova entre nós. Esta nova raça é uma mutação de outra que já conhecemos sobejamente. Conhecemos bem o tipo de líderes políticos e religiosos corruptos, que tem prometido e não tem cumprido, que tem obtido benefícios pessoais a troco do bem comum. Estas pessoas têm-nos mostrado, de forma bem visível, e a despeito de todo o doutrinamento no sentido de acreditar na sua ladainha, a face mais sombria da humanidade, colocando-nos frente a frente com a nossa própria fealdade.
Eis agora chegado o momento em que estamos preparados para reconhecer esse lado obscuro, em que estamos preparados para aceitar que aqueles em quem depositamos as nossas esperanças para resolver os nossos próprios problemas, afinal não são a solução. Os nossos líderes falharam-nos. Será caso para dizer que os primeiros a falhar fomos nós, por nunca termos assumido a nossa quota de responsabilidade? Por ser mais cómodo delegá-la a alguém?
Quererá isso dizer, ao reconhecer a corrupção dos líderes, que estamos preparados finalmente para assumir a nossa responsabilidade? Parece que não…
Esse tipo de mutação que mencionamos no início do artigo é precisamente a adaptação do sistema, à nossa tomada de consciência. Ou será mais correcto dizer que são as nossas próprias sombras a adaptar-se? Afinal de contas, a astúcia é a natureza da mente, e como disse Heraclito: “A Natureza ama esconder-se”.
É precisamente isso que fazem, cada vez melhor, os novos líderes que vão surgindo. Que essa é a sua arte, já não é novidade, mas nunca esta foi tão requintada como o é actualmente, ao ponto de enganar aqueles que de entre nós almejam destacar-se pela sua perspicácia, sobretudo em reconhecer embustes.
O novo tipo de líder destaca-se pelo charme que emana e pela capacidade que tem de ir ao encontro dos anseios da população. O novo tipo de líder conhece bem o alcance dos novos meios de comunicação social e a importância das Redes Sociais, e movimenta-se bem nesses meios. O novo líder tem atrás de si uma equipa de engenheiros sociais dotados do conhecimento acumulado até hoje, resultado de grandes experiências sociais, sendo que nem todas elas foram tornadas públicas.
Elegemos os dois grandes exemplos actuais deste novo tipo de líder: Barack Obama e Papa Francisco.
O primeiro foi lançado ao povo, dando-lhe aquilo pelo qual ele ansiava, após uma crescente desilusão e descontentamento em relação à política personificados pelo anterior Presidente da República norte-americano George W. Bush.
Os americanos têm sido, desde sempre condicionados a olharem para a figura do seu presidente como alguém com um estatuto imaculado e quase semi-divino. Quando essa imagem estava irrevogavelmente a cair por terra, eis que surge um homem introduzido como sendo o salvador.
Atrás de si, na sua administração, Obama tem todo o “staff” de CEO‘s entre outros grandes responsáveis pelo grande escândalo que foi o dealbar da crise económica, em 2008, e que ainda hoje nos assola.
Através das suas políticas, que vieram reforçar as do seu antecessor, Obama caiu rapidamente no gráfico de popularidade, facto oculto do resto do mundo, através da imprensa. Nos outros países, ainda se olha para Barack Obama como alguém prestigiado. [1]
Vamos apresentar alguns exemplos dos golpes de marketing efectuados por Obama, pouco antes da sua reeleição.
Esta primeira foto é um grande exemplo. Tudo nesta foto foi pensado para dar a imagem de se ter tratado de algo completamente ocasional e fortuito (até o olhar aparentemente alienado do séquito de Obama). Tratou-se no entanto, de algo planeado ao pormenor e posteriormente lançado nos seus mecanismos de disseminação pelas Redes Sociais. Nada nesta foto é ao acaso.
Esta segunda foto é outro exemplo do que estamos a afirmar, apesar de nesta já ser mais fácil verificar a não-casualidade da situação, podendo observar-se que foi plausivelmente construída – ao mostrar um Obama brincalhão, que faz aumentar o peso do seu subalterno -, no sentido de lhe criar uma imagem de jovialidade e de humildade. Um novo culto da personalidade, por assim dizer.
No que diz respeito a Barack Obama, estas operações de marketing surgiram ocasionalmente, pontilhadas aqui e ali, muito influenciadas pela intencionalidade do seu tom de casualidade. O mesmo já não se passa com o Papa Francisco, cuja campanha invade-nos diariamente através dos meios de comunicação social. Todos os dias nos surgem notícias sobre a pretensa “humildade do Papa“, que abraçou uma pessoa portadora de deficiência, criticou os corruptos ou abençoou os pobres. Ou então ouvimos ecos de relatos sobre interacções com o Papa: pessoas que afirmam ter sido surpreendidas por um telefonema do Papa, e se sentiram rejubiladas.
Outros, aqueles que se cansaram da corrupção dos seus governantes, revêem-se nas palavras do Papa Francisco, deixando-se seduzir.
Há um grande paralelo entre as estratégias de ambos, se bem que as do Papa Francisco sejam bem mais globalizantes, extensivas e intensivas.
Temos relatos do passado obscuro do Papa, envolvido nas perseguições políticas no antigo regime argentino e das suas ligações aos EUA, algo que já foi relatado no artigo: «A verdade por trás do Papa Francisco I».
Nostradamus profetizou a vinda de três “Anti-Cristos“. O primeiro chamar-se-ia “Naupaulon“. O segundo, “Hister“, que nasceria entre o Reno e o Danúbio. O terceiro, Mabus, que seduziria as multidões com o seu charme. Talvez este Mabus não seja uma pessoa, mas esteja personificado no novo tipo de líder.
O que nos leva a acreditar nestas figuras supostamente redentoras? Porque haveremos de precisar delas? Porque ansiamos, ao longo da nossa história, pela vinda de um Messias? Porque é tão difícil assumir a responsabilidade?
NOTAS:
[1] Para mais informações sobre Barack Obama, ver o seu Índice: https://paradigmas.online/?p=3101