A Comissão Trilateral, segundo Michael Bradley

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Comissão Trilateral
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É o ramo público do Council on Foreign Relations (CFR), mas com duas importantes diferenças: a primeira, trouxe a elite governativa japonesa para o círculo restrito dos agentes de poder global. A segunda, é a criação de David Rockefeller. A sua página da Internet (www.trilateral.org)  revela os seus objectivos “públicos”:

“A Comissão Trilateral foi fundada em 1973 por cidadãos privados da Europa, JapãoAmérica do Norte, para ajudar a ultrapassar os desafios comuns e as responsabilidades de liderança que estas zonas democráticas do mundo industrializado enfrentam.”

Esquece-se é de referir que estes “cidadãos privados” são os indivíduos mais ricos e influentes do planeta e de que todos os 350 membros foram escolhidos a dedo por David Rockefeller. Nem revela que foi numa reunião secreta dos Bilderberger, em Abril de 1972, na pequena cidade de Knokke-Heist, que lhe foi dado o “selo de aprovação”.

A página da Internet também diz que “foi originalmente concebida para três anos, mas o nosso trabalho tem-se sucessivamente renovado por triennia (períodos de três anos), mais recentemente por um triennium a acabar em 2006.” Esta declaração dá, inteligentemente, a ideia de que a sua actividade é limitada e, assim, reduz a importância de exercer um domínio extenso e contínuo na Política interna e externa.

Muitos membros da “mais recente cabala internacional de David Rockefeller” («With No Apologies», do senador Barry Goldwater) também são membros dos Bilderberger e/ou do CFR. Têm sedes em Nova IorqueParis e Tóquio e encontram-se anualmente numa destas cidades. Trialogue é o nome da sua publicação e publica os “Triangle Papers”, que são de domínio público.

Rockefeller foi bastante influenciado pela pesquisa de Zbigniew Brzezinski, o responsável pelo Departamento de Estudos Russos na Universidade de Columbia. Na revista Foreign Affairs, e mais tarde no seu livro («Between Two Ages»), Brzezinski afirmou que a Política de equilíbrio do poder tinha de ser substituída pela Política da ordem mundial. Brzezinski e muitos outros membros do CFR acreditavam que a soberania nacional “já não era um conceito viável”, apoiando também a ideia de um “regime fiscal global.”

No Wall Street JournalDavid Rockefeller declarou que a Comissão Trilateral é “na verdade, um grupo de cidadãos interessados em promover uma maior compreensão e cooperação entre aliados internacionais.” Numa carta publicada no New York Times, disse que “há quase o mesmo número de Republicanos e de Democratas e a maior parte das regiões da Nação está representada.” Esta foi uma outra maneira de desviar a atenção do que é realmente importante — que os membros da Comissão são, acima de tudo, defensores de um único governo mundial. Afirmou ainda: “Tentámos seleccionar apenas os cidadãos mais competentes e proeminentes das democracias industrializadas. Nesse sentido, é gratificante, e não de todo surpreendente, que muitos ex-membros são agora funcionários da Administração.”

Não tirando mérito aos membros da Comissão, não deixa de ser estranha a sua tão numerosa presença em todas as administrações, desde a presidência de Carter (17 dos seus funcionários mais importantes pertenciam à Comissão Trilateral). Já em Julho de 1973Brzezinski tinha realçado, na Foreign Affairs, a importância de “um membro da Trilateral se tornar Presidente em breve.” A eleição de Carter pode ter sido um milagre, mas não foi um acaso.

Sete meses antes da Convenção Democrática de nomeação, um inquérito da Gallup demonstrou que menos de 4% dos Democratas apoiavam a candidatura de Carter. A sua sorte mudou assim que David Rockefeller e Brzezinski o levaram ao colo até à Casa Branca. A ironia é que Carter fez campanha como homem do povo, que não fazia parte do Sistema, quando na verdade, era o menino-prodígio de Rockefeller e o primeiro presidente da Trilateral.

Comissão Trilateral
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O senador Barry Goldwater explica isto dizendo: “Eles mobilizaram o poder económico dos banqueiros de Wall Street, a influência intelectual da comunidade académica — que está dependente da riqueza das grandes fundações isentas de impostos — e os controladores dos Media representados no CFR e na Trilateral.”

Em 1980, numa tentativa de tornar as actividades da Comissão Trilateral mais transparentes, o congressista Larry McDonald introduziu várias resoluções na Câmara dos Representantes, pedindo uma investigação do Congresso, mas estas não tiveram qualquer resultado. A sua crítica feroz às Sociedades Secretas acabou, abruptamente, a 1 de Setembro de 1983 — era um dos 269 passageiros a bordo do voo 007 das Linhas Aéreas Coreanas, que se desviou da sua rota, devido à instalação de mísseis soviéticos no Extremo Pacífico, e foi abatido.

É importante relembrar que a Comissão Trilateral é ainda a organização responsável por tentar acabar com as críticas ao secretismo do Council on Foreign Relations, mas não foi a primeira. Em 1925, o CFR criou o American Institute of Pacific Relations, que influenciou bastante a Política norte-americana em relação à RússiaChina e Japão. Em 1951 foi investigado pelo Comité McCarren, um Subcomité Judicial do Senado para a segurança interna, mas que infelizmente, não culminou numa investigação mais profunda do CFR. Actualmente, parece que o papel da Comissão é desviar a atenção do CFR e protegê-lo de uma possível investigação do Congresso.

Talvez a situação seja mais bem descrita por um comentário pertinente de Winston Lord (presidente do CFR de 1977 a 1985) e Assessor do Secretário de Estado do Departamento de Estado Norte-Americano: “A Comissão Trilateral não governa o mundo, o Council on Foreign Relations é que o faz!”

Fonte: Livro: «O Manual das Sociedades Secretas» de Michael Bradley

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