Não sabemos se a capacidade de voltar para casa demonstrada pelos animais resulta de um senso superior de direcção ou de uma sexto sentido desconhecido pela Ciência. O facto é que a habilidade de orientação do cão surpreende continuamente os seus melhores amigos. Em pelo menos três casos documentados, os cães viajaram milhares de quilómetros e há vários exemplos de cães que também encontram o caminho de volta em distâncias mais curtas.
Nick, o cão de Doug Simpson, por exemplo, desapareceu durante o acampamento que fizeram juntos na região sul do Arizona, em Novembro de 1979. Simpson passou duas semanas a procurar desesperadamente o pastor alemão, mas ele não foi encontrado. Simpson acabou por voltar para a sua casa, na Pennsylvania.
Quatro meses mais tarde, com cortes ainda a sangrar e o pêlo arranhado, Nick chegou à casa dos pais de Simpson, em Selah, Washington. O cão aparentemente atravessara o deserto do Arizona, o Grande Canyon, as perigosas montanhas rochosas, rios congelados, montanhas cobertas de neve e estradas diversas. Quando chegou à entrada da casa, onde o carro de Simpson estava estacionado, ele desmaiou de exaustão. A mãe de Simpson encontrou o cão, que foi recompensado quando o seu dono chegou e o levou para casa.
Jessie, outro cão pastor alemão, ficou em Aspen, Colorado, quando o seu dono, Dexter Gardiner, se mudou de East Greenwich, Rhode Island. Sentindo-se abandonado, o cão partiu de Aspen e apareceu na casa dos Gardiner seis meses mais tarde, porém a família estava a viajar em férias de verão. Depois de uma breve permanência pelas ruas, Jessie foi recolhido pela Sra. Linda Babcock. Mas como não conseguia esquecer-se dos antigos donos, resolveu voltar para casa. Nessa altura, os Gardiner não estavam a viajar e ficaram contentes com o regresso do cão, embora estranhassem o seu súbito aparecimento. Uma pesquisa sobre a longa viagem de Jessie acabou por levar os Gardiner até à Sra. Babcock, que, após negociações amigáveis, devolveu-lhes o cão.
No entanto, o mais longo esforço de volta ao lar aconteceu em 1923, com Bobbie, cão de espécie Collie que pertencia a uma família de Silverton, Oregon. Bobbie perdeu-se durante as férias familiares em Walcott, Indiana. Seis meses mais tarde, conseguiu voltar para casa, percorrendo uma distância superior a 3 mil quilómetros. Detalhes da longa viagem de Bobbie foram posteriormente fornecidos pelas famílias que cuidaram dele por todo o caminho. Fez-se também o levantamento do percurso através dos estados de Illinois, Iowa, Nebraska, Colorado, Wyoming e Idaho. Bobbie atravessou as montanhas rochosas em pleno inverno.
Fonte: Livro «O Livro dos Fenómenos Estranhos» de Charles Berlitz