A Maçonaria e o Catolicismo

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Papa Leão XIII
Papa Leão XIII

A Igreja Católica historicamente já se opôs radicalmente à Maçonaria, devido aos princípios supostamente anti-cristãos, libertários e humanistas maçónicos. O primeiro documento católico que condenava a Maçonaria data de 28 de Abril de 1738. Trata-se da bula do Papa Clemente XII, denominada In Eminenti Apostolatus Specula.

Após essa primeira condenação, surgiram mais de 20 outras, sendo que o Papa Leão XIII foi um dos opositores mais ferrenhos desta sociedade secreta datando a sua última condenação de 1902, na encíclica Annum Ingressi, endereçada a todos os bispos do mundo e em que se alarmava a necessidade urgente de combater a maçonaria, opondo radicalmente esta sociedade secreta ao catolicismo.

Apesar disso, há acusações sobre Paulo VI e alguns cardeais da Igreja de se relacionarem com uma loja. No entanto, todas as acusações carecem de provas. A condenação da Igreja é forte e não muda ainda que membros do clero se tenham associado de alguma forma à sociedade secreta.

No Brasil pertencente ao Império, havia clérigos maçons e a tentativa de alguns bispos ultra-montanos de adverti-los causou um conflito importante conhecido como Questão Religiosa. O bispo anti-maçónico principal desta época foi Dom Vital, bispo de Olinda. Recebeu um forte apoio popular, mas foi preso pelas autoridades imperiais, notoriamente favoráveis à maçonaria. Após ser libertado, foi chamado a Roma onde foi congratulado pelo Papa Pio IX, pela sua brava resistência, e foi recebido paternalmente e com alegria (o Papa, comovido, só o chamava de “Mio Caro Olinda“, “Mio Caro Olinda“).

Até 1983, a pena para católicos que se associassem a esta sociedade era a de excomunhão. Com a formulação do novo Código de Direito Canónico que já não condenava a Maçonaria explicitamente, muitos pensaram que a Igreja teria aceite a mesma, no entanto a Congregação para a Doutrina da Fé tratou de esclarecer o mal entendido e afirmar que permanece a pena de excomunhão para quem se associasse à maçonaria.

A perseguição à Maçonaria conduzida pela Igreja Católica dá-se, segundo alguns autores, pela existência do segredo maçónico, o que demonstrava não existir, por parte do clero, controlo sobre o que acontecia nas lojas, e pelo facto da maçonaria defender a liberdade religiosa, aceitando o ingresso de pessoas de qualquer religião.

 O condenado era muitas vezes responsabilizado por uma “crise da fé”, pestes, terramotos, doenças e miséria social, sendo entregue às autoridades do Estado, para que fosse punido. As penas variavam desde a confiscação de bens e perda de liberdade, até à pena de morte, muitas vezes na fogueira, método que se tornou famoso, embora existissem outras formas de aplicar a pena.

Queimados na Fogueira por Heresia
Queimados na Fogueira por Heresia

Os tribunais da Inquisição não eram permanentes, sendo instalados quando surgia algum caso de heresia, sendo depois desfeitos. Posteriormente foram utilizados pelas igrejas protestantes tribunais religiosos e outros métodos judiciários de combate à heresia (como por exemplo, na Alemanha e na Inglaterra). Embora nos países de maioria protestante também tenha havido perseguições – neste caso contra católicos, contra reformadores radicais, como os anabaptistas, e contra supostos praticantes de bruxaria -, os tribunais constituíam-se no marco do poder real ou local, geralmente ad-hoc, e não como uma instituição específica.Em muitos casos também se queimavam em praça pública os livros avaliados pelos inquisidores como símbolos do pecado: “No fim do auto leu-se a sentença dos livros proibidos e mandar-se-ão queimar três canastras deles. Maio de 1624“.Neste momento, estamos diante da “apropriação penal” dos discursos, acto que justificou por muito tempo a destruição de livros e a condenação dos seus autores, editores ou leitores. Como lembrou Chartier: “A cultura escrita é inseparável dos gestos violentos que a reprimem”. Ao enfatizar o conceito de perseguição enquanto o reverso das protecções, privilégios, recompensas e pensões concedidas pelos poderes eclesiásticos e pelos príncipes, este autor retoma os cenários da queima dos livros que, enquanto espectáculo público do castigo, inverte a cena da dedicatória.

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