Não há dúvida de que a Natureza é capaz de curar. Muitas doenças manifestam-se e desaparecem por si só e, frequentemente, é apenas a capacidade pessoal de auto-cura que contribui para a restauração da Saúde. Mas também é inegável que um bom terapeuta pode desempenhar um papel importante nesse processo.
Implicar a própria pessoa na defesa e recuperação da Saúde é o principal objectivo de todas as “Terapias Naturais”. Estas visam proteger o organismo, ajudando-o sempre que os órgãos não funcionam correctamente e os sistemas de regulação se encontram descontrolados.
As Terapias Alternativas utilizam produtos naturais, prescrevem exercícios físicos e medidas dietéticas e rejeitam a utilização de Medicamentos Sintéticos, com o intuito de estimular, exercitar e fortalecer o organismo mas também defende a necessidade de o doente contribuir activamente para a sua própria recuperação: para isso, deve aguardar pacientemente que o organismo se restabeleça e nunca descurar os tratamentos. Só assim será possível estimular a capacidade de auto-cura.
Um tratamento deste tipo pressupõe que o médico conheça bem o doente, para que possa apoiá-lo e ajudá-lo a recuperar a Saúde.
Medicina convencional e terapias alternativas
A medicina convencional e as Terapias Naturalistas têm a mesma base: o desejo de curar, experiências que revelam a potencialidade terapêutica de determinados métodos e a ambição de desvendar o enigma da Saúde e da doença.
Os princípios da medicina convencional impuseram-se no Século XIX: desde então, para que um método terapêutico seja considerado eficaz não basta que produza bons resultados numa determinada pessoa, mas é necessário que esses efeitos possam ser verificados e repetidos. Para isso, foram estabelecidas normas internacionais, que são aceites por todos os sistemas de medicina ocidentais regidos pelo pensamento científico.
Entretanto, com a Revolução Industrial, tinham surgido as correntes que defendiam um modo de vida mais saudável e natural. Normalmente, em períodos conturbados, os movimentos naturalistas assumem sempre um papel de grande relevo. Hoje, a situação é semelhante: a crença no progresso encontra-se relativamente abalada e a autodestruição da civilização técnica promove a consciência ambientalista e a nostalgia da natureza.
Graças à ciência médica, o receio relativamente a doenças agudas, lesões e infecções foi-se perdendo gradualmente. No entanto, há cada vez mais pessoas a sofrer de perturbações e de doenças crónicas, fenómeno que, em grande medida, constitui a resposta do organismo aos excessos do estilo de vida moderno: ruído, poluição, stress, tabaco, álcool, maus hábitos alimentares e outras agressões a que se encontra sujeito.
Por outro lado, juntamente com a subida do nível de vida, aumentam também as exigências dos cidadãos no que diz respeito à defesa da Saúde. Intensifica-se o receio dos efeitos secundários dos Medicamentos e a desconfiança perante o “ciclo vicioso da Medicina“, que, por vezes, dá mais atenção aos diagnósticos do que aos sintomas e trata as doenças sem ter em conta os doentes.
Há uns anos, a Universidade de Southampton, que apoia um centro de estudo das Terapias Alternativas, efectuou um inquérito para determinar qual o percurso clínico dos doentes antes de recorrerem a um método alternativo, tendo obtido os seguintes resultados: a maioria, ou seja, 83% das pessoas referiram, como razão para a mudança, que tinham obtido resultados pouco satisfatórios através dos tratamentos convencionais; 31% também se mostraram insatisfeitas com a falta de compreensão por parte dos médicos; 29% lamentaram o facto de terem sido atendidas apressadamente.
Após oito semanas de tratamento no referido centro de Terapias Alternativas, 91% dos doentes afirmaram que sentiam melhoras efectivas, declarando que a eficácia do tratamento havia correspondido às suas expectativas.
Os limites das terapias complementares e alternativas
Os conceitos terapêuticos que se apresentam como “biológicos, suaves e fortificantes” são muito populares, no entanto, nem todos os que reclamam essas qualidades são verdadeiros métodos naturais. Alguns até estão muito longe disso: por exemplo, podem não utilizar quaisquer produtos naturais e os seus métodos não serem nada suaves, havendo alguns que até podem ter efeitos prejudiciais!
A publicação, nos Meios de Comunicação Social, de “artigos” favoráveis a esses métodos, ou sem qualquer carácter crítico, assegura uma ampla divulgação. Além disso, há quem os publicite na “imprensa cor-de-rosa”, recorrendo a testemunhos, por vezes de figuras proeminentes que foram supostamente curadas. É frequente que se use o termo “natural” para designar “tudo o que não é cientificamente reconhecido”.
Alguns praticantes de métodos alternativos adoptam títulos catedráticos falsos ou fundam associações com nomes sonantes, como “Instituto Internacional de Investigação de…”, criando a ilusão de que se trata de instituições científicas reconhecidas. Por outro lado, muitas informações incorretas propagadas de boca-em-boca veiculam a ideia de que estes métodos são 100% seguros, não têm quaisquer riscos ou efeitos adversos e podem “fazer milagres”.
Alguns terapeutas não convencionais têm como público-alvo doentes com problemas crónicos, como, por exemplo, reumatismo, enxaquecas ou alergias.
Outros dirigem-se preferencialmente a pessoas cujas doenças têm uma provável origem psíquica, bem como a pais preocupados com os problemas de desenvolvimento dos filhos. Prometem ajuda, inclusive, em casos de cancro, esclerose múltipla ou sida, isto é, doenças em que a medicina convencional apenas pode proporcionar, por enquanto, algum alívio e para as quais ainda não é conhecido qualquer tratamento curativo totalmente eficaz. No entanto, embora anteriormente muitos defendessem que as Terapias Alternativas poderiam curar este tipo de doenças, hoje elas apenas são propostas, na maioria dos casos, como tratamentos auxiliares (assumindo, por essa razão, a denominação de “terapias complementares”).
Por outro lado, recorrendo a expressões como “fortalece o sistema imunitário” ou “estimula a resistência”, confere-se a determinados métodos alternativos uma eficácia que não tem de ser demonstrada nem refutada.
Actualmente, os limites da medicina convencional são razoavelmente conhecidos. Muitos foram confrontados, pela sua experiência pessoal, com esses limites. Mas convém não ignorar que as Terapias Naturais também não são omnipotentes e que os métodos não convencionais também implicam riscos efeitos secundários.
O efeito placebo
Os placebos são pseudomedicamentos. Podem dar origem a alterações verificáveis no organismo ou ter efeitos secundários, mas não contêm quaisquer substâncias terapêuticas activas. Independentemente do método utilizado, o efeito placebo (do latim placere, agradar) está sempre implicado na cura ou na recuperação, mas é mais evidente no caso das doenças psicossomáticas.
No entanto, não são só as substâncias que podem provocar tal efeito, as pessoas também podem ter uma influência positiva e, muitas vezes, terapêutica sobre os doentes. Por exemplo, o que um médico diz ao doente pode, por si só, originar melhoras. A eficácia do tratamento também depende da crença que o médico demonstra na sua capacidade de vencer a doença e da confiança que o doente nele deposita, sendo que uma reforça a outra e ambas são inseparáveis. O segredo do sucesso de qualquer processo terapêutico reside, em boa medida, nessa relação de confiança. Com a sua dedicação e atitude positiva, o terapeuta aumenta a esperança do doente na cura.
A “organização”, real ou aparente, também pode ter um papel importante na eficácia do tratamento: por exemplo, a utilização de equipamentos sofisticados, a necessidade de respeitar planos de dosagem complicados e a crença na particular eficácia do produto terapêutico podem reforçar bastante o efeito placebo.
Tudo isto significa que a eficácia terapêutica do placebo é directamente proporcional às expectativas do médico e do doente. Mas a verdade é que o contrário também é possível: o placebo pode aumentar a sensação de dor que era necessário atenuar, provocar excitação quando deveria funcionar como calmante, etc. Tal como os verdadeiros Medicamentos podem ter efeitos secundários indesejados, os placebos podem ter um efeito nocebo (do latim nocere, desagradar), pela simples razão de o doente acreditar que tal efeito pode ocorrer.
A participação do efeito placebo no alívio de sintomas ou na cura de doenças tem sido avaliada entre 20 e 70%. Estes dados tanto são válidos para os Medicamentos comuns como para os produtos terapêuticos alternativos. Isto significa que qualquer tratamento deve uma parte considerável da sua eficácia ao efeito placebo, facto que não é ignorado pelos bons terapeutas.
No caso das Terapias Alternativas, muitas vezes é necessário explicar ao doente quais os princípios básicos do tratamento, além de muitos métodos assentarem numa conversa intensiva entre o terapeuta e o doente, o que favorece a criação de uma relação de confiança. Regra geral, os terapeutas também dedicam mais tempo ao doente (até porque, normalmente, são pagos em função do tempo despendido), o que permite transmitir a sensação de ser respeitado enquanto pessoa sofredora. Finalmente, o preço a pagar pelo tratamento também intensifica, muitas vezes, o desejo de que este venha a ter sucesso.
Verificação e confirmação dos resultados
Para assegurar uma eficaz protecção dos doentes, é muito importante que cada tipo de tratamento seja examinado tão intensiva e objectivamente quanto possível. Este aspecto é válido tanto para a medicina convencional como para as terapias complementares e alternativas.
Infelizmente, muitos métodos terapêuticos não convencionais não possuem qualquer documentação relativa aos resultados obtidos, nem procederam a qualquer tipo de análise comparativa susceptível de determinar se os seus processos são tão ou mais eficazes que os tratamentos convencionais. Para muitos dos que a eles recorrem, uma experiência positiva constitui prova suficiente de eficácia.
Além disso, muitos representantes dos novos métodos deixam à medicina convencional a tarefa de verificar se os seus procedimentos são realmente úteis. Os eventuais incidentes são explicados como sendo o resultado do recurso a “técnicas impróprias”, sendo a responsabilidade atribuída unicamente ao terapeuta em questão, de forma a não pôr em causa os próprios métodos.
Por outro lado, quando a ausência de eficácia é comprovada cientificamente ou os riscos devidamente documentados, alguns optam por ignorar esses factos ou procuram ocultar essa informação aos seus doentes.
No âmbito de métodos como a homeopatia e a medicina antroposófica, as experiências científicas foram inicialmente rejeitadas como “não éticas”, pois considerava-se que não tinham em conta o indivíduo. Actualmente, aqueles que se dedicam ao estudo da medicina antroposófica trabalham no sentido de desenvolver um método que considere as suas orientações específicas, mas que, ao mesmo tempo, satisfaça a exigência de verificação dos seus resultados.
Também têm sido investidas somas consideráveis na tentativa de comprovar o princípio de eficácia defendido pela homeopatia, segundo o qual os remédios homeopáticos transmitem determinado tipo de “informações” ao corpo. No entanto, ainda não foi possível comprová-lo. Também existem estudos que pretendem demonstrar a eficácia terapêutica dos medicamentos homeopáticos, mas a sua qualidade varia e os resultados são muitas vezes contraditórios.
Terapia global ou holística: o fenómeno da New Age
Os anos 80 trouxeram “ventos de mudança” no que respeita àquilo que foi, desde o iluminismo, o pensamento dominante relativamente ao homem e à Saúde: tal como nos tempos pré-científicos, o Homem voltou a ser encarado como parte integrante do Cosmos, defendendo-se que só é possível preservar a saúde quando se está “em total sintonia e harmonia com a Natureza“. Os conceitos-chave desta visão do mundo, comummente denominada New Age, são a “globalidade” e a “espiritualidade” – o Espírito tudo penetra.
Estas ideias retomam antigas concepções de Deus, quase sempre originárias de culturas do Médio e do Extremo Oriente, diversificando-as e, nalguns casos, banalizando-as. A New Age aspira à reunificação dos opostos e à divulgação de uma “nova consciência”, que, segundo os seus defensores, deverá conduzir todos os conhecimentos até aqui adquiridos a um sistema de ordem superior.
No campo da Saúde, as novas doutrinas denominam-se “globais” ou “holísticas”. Afirmam que se preocupam com o bem-estar do indivíduo no seu todo e pretendem eliminar as causas da desarmonia entre o corpo e a mente. Prometem muito mais do que a simples recuperação da Saúde, tirando partido do facto de as pessoas também aspirarem à cura no sentido espiritual.
Algumas destas doutrinas recorrem a técnicas de diagnóstico bastante discutíveis, tais como o pêndulo e a Fotografia Kirlian. Partem do princípio de que o corpo, quando está enfermo, emite um determinado tipo de “ressonâncias” e está sujeito a “oscilações energéticas” e algumas pretendem que a cura de doenças é possível pela simples imposição das mãos. O relaxamento e a meditação são considerados estimulantes da Saúde e, nalguns casos, acredita-se que o cancro e a sida podem ser vencidos recorrendo apenas ao “pensamento positivo”.
Alguns dos métodos utilizados pelos terapeutas da “medicina global” podem ter efeitos benéficos, mas a verdade é que, se forem utilizados em exclusividade, o mais provável é que se tornem perigosos. Com efeito, escudando-se no conceito “global”, utilizam-se muitas vezes produtos e terapêuticas bastante distintos entre si, de forma que se torna quase impossível distinguir o que é eficaz do que não o é. E quando é a vida que está em risco, as consequências podem ser bastante desastrosas…
Recurso a objectos e aparelhos “terapêuticos”
Nos últimos anos, tem-se assistido a uma tendência relativamente perigosa:
- “Importam-se” terapêuticas exóticas, sem ter em conta que, com a mudança de cultura, também o seu conteúdo pode alterar-se;
- Institutos mais ou menos esotéricos e empresas de vendas por catálogo propõem, a preços respeitáveis, diversos amuletos e outros objectos susceptíveis de combater (supostas) influências negativas ;
- Um sem-número de Livros divulga teorias inquietantes, bem como instruções bastante disparatadas no âmbito da autoterapia.
Em consequência, o mercado das terapias alternativas sofreu um enorme boom e, actualmente, movimenta um considerável volume de negócios.
Além disso, nalguns “congressos” de terapia holística são apresentados aparelhos que permitem obter “dados de medição” susceptíveis de diagnosticar alergias, de comprovar intoxicações ou até tendência para contrair cancro, que têm consequências terapêuticas decisivas.
Esta nova “medicina tecnológica” ostenta uma aparência técnica que não deve, em nenhum caso, substituir a prova de eficácia. No entanto, estas propostas vão, infelizmente, ao encontro de uma postura de consumo muito generalizada entre as pessoas com problemas de Saúde.
Por outro lado, muitas pessoas recorrem ao “terapeuta alternativo” (ou ao médico) como se de um mecânico se tratasse. No seu entender, o terapeuta deve restituir-lhes a Saúde e o “bom funcionamento”, sem que eles próprios tenham de fazer algo para isso. Ou seja: poucos estão realmente preparados para reorganizar a sua vida e, sobretudo, reformular os seus hábitos em conformidade com a Natureza. No entanto, a capacidade de iniciativa e a responsabilidade para consigo mesmo e para com a própria Saúde constituem as bases de uma verdadeira Terapia Naturalista.
Ausência de controlos
A catástrofe ocorrida há alguns anos com a talidomida abalou profundamente a comunidade científica ocidental. As consequências dos efeitos secundários dos Medicamentos nunca tinham sido tão nefastas, nem tão manifestas. Por toda a Europa, esta experiência traumatizante levou à adopção de leis mais exigentes no que respeita à introdução de novos medicamentos no mercado. Estes passaram a ter de comprovar a sua eficácia e inocuidade por meio da apresentação de estudos farmacotoxicológicos e clínicos bastante rigorosos.
Infelizmente, no caso dos produtos terapêuticos usados pelos diferentes métodos complementares e alternativos, a situação é ainda bastante complicada. Uma boa parte dos produtos que se encontram à venda não tem qualquer fundamento científico credível, além de não haver controlo e fiscalização eficazes.
Critérios para a escolha de um terapeuta
Quando se procura uma alternativa para um determinado tipo de tratamento convencional existem, normalmente, diversas possibilidades: por exemplo, pode consultar-se um naturopata, um homeopata, um acupunctor ou outro tipo de terapeuta naturalista. Mas esta lista poderia ser ainda mais longa, porque há diversos representantes de outras profissões ligadas à Saúde (psicoterapeutas, fisioterapeutas, enfermeiros, etc.) que também praticam alguns métodos ligados às Terapias Alternativas.
Por vezes, é bastante difícil perceber qual o tipo de terapeuta que está melhor qualificado para efectuar um determinado tratamento, apesar de partirmos do princípio de que os que têm formação em Medicina convencional são também, à partida, os que, devido aos seus conhecimentos científicos, estarão melhor colocados para exercer qualquer tipo de Terapia Naturalista. Seja como for, estamos convencidos de que, com as perguntas que fornecemos mais abaixo, poderá encontrar algumas características que o ajudarão a “separar o trigo do joio”, se decidir recorrer a um terapeuta naturalista.
No início, é possível que o terapeuta não se mostre muito falador. Talvez não compreenda tudo o que ele lhe disser, mas é importante que, ao abandonar o consultório, esteja completamente esclarecido quanto às questões abaixo mencionadas. Em Portugal, é raro que os doentes recebam um plano dos tratamentos previstos, mas quem quiser sujeitar-se a algo mais fora do comum, não deve hesitar em solicitar um documento com essa informação.
Nesse documento, o terapeuta deve documentar o objectivo exacto do seu procedimento. Dessa forma, será possível verificar, dentro de determinados limites, se tudo está a decorrer como planeado ou se o terapeuta “não tem qualquer rumo”. No caso de uma disputa jurídica, esse papel pode constituir um importante elemento de argumentação.
Em Portugal, a formação dos terapeutas naturalistas não se encontra juridicamente regulamentada. Em termos gerais, a profissão de terapeuta naturalista não requer uma formação académica específica. Isso significa que não é necessário fazer prova dos conhecimentos adquiridos por meio da prestação de um exame, apesar de algumas associações de profissionais que exercem Terapias Alternativas exigirem a apresentação de um Curriculum vitae e outras garantias relativas à formação dos seus associados.
Por outro lado, existem diversos cursos na área das Terapias Alternativas (não reconhecidos pelo Ministério da Educação) que prevêem uma prestação de provas no final da formação. Mas, mesmo relativamente a tais cursos, existe uma grande diversidade nas exigências feitas aos formandos e na carga horária de cada tipo de formação, de forma que é muito difícil avaliar a qualidade da formação dos que a eles recorrem.
Perguntas a fazer ao terapeuta:
- Qual a diferença essencial entre este tratamento e o que seria efectuado pela medicina convencional?
- Que efeitos secundários e riscos pode ter o tratamento?
- Quais os sinais de que a doença, apesar de seguir à risca o tratamento, pode estar a agravar-se?
- O que fazer em caso de agravamento?
- É possível combinar este tratamento com um tratamento convencional?
- O que fazer no caso de, até então, ter andado a tomar outros produtos terapêuticos (nomeadamente, Medicamentos convencionais)?
Como reconhecer um bom terapeuta: preste especial atenção às qualificações profissionais. Normalmente, um terapeuta merecedor de confiança respeita as normas que apresentamos de seguida:
- Possui documentação referente à sua formação profissional e não se importa de responder a questões sobre o assunto. (Nota: os títulos e diplomas afixados nem sempre têm correspondência real. Há casos de terapeutas naturalistas que afirmam ter obtido a sua formação em universidades inexistentes!);
- Afixa em lugar visível o horário de funcionamento do consultório;
- Procura saber se um (outro) médico já fez algum diagnóstico da doença e, em caso afirmativo, pede informações a esse respeito;
- Faz perguntas pormenorizadas acerca das queixas e das condições de vida e de trabalho do doente;
- Pergunta se e como as queixas foram tratadas até à data;
- Examina atentamente o paciente e discute com ele os resultados;
- Dá explicações sobre as formas de tratamento que pretende propor;
- Indica eventuais alternativas de tratamento e fundamenta a sua opção;
- Se chega à conclusão de que o seu método não é o mais adequado, pode aconselhar, por exemplo, um tratamento convencional. Se esse tratamento já estiver a ser efectuado, o terapeuta sugere que o médico seja informado;
- Estabelece um plano de tratamento;
- Pede a opinião e o consentimento do doente antes de alterar um plano de tratamento previamente estabelecido;
- Troca impressões com o doente acerca dos custos do tratamento.
Desconfie, se o terapeuta…
- Tentar convencê-lo a aceitar uma série de medicamentos caros, mas despender pouco tempo a tentar receber a origem do problema;
- Disser que é necessário iniciar já o tratamento, apesar de não se tratar de um caso agudo;
- Insinuar que pode ter uma doença grave ou até falecer, se não efectuar o tratamento;
- Tentar forçá-lo a avançar com o tratamento, antes de ter dado o seu consentimento;
- Mostrar uma certa rejeição após lhe ter manifestado a sua vontade de se aconselhar com outra pessoa antes de iniciar o tratamento;
- Afirmar que o tratamento consegue curar tudo e todos e que não tem quaisquer riscos ou efeitos secundários;
- Exigir que ponha de lado os Medicamentos;
- Recusar dar-lhe informações sobre o tratamento, com um plano pormenorizado;
- Reagir de forma agressiva, se lhe disser que pretende um recibo dos pagamentos efectuados;
- Exigir um adiantamento no caso de um tratamento prolongado ou se fizer comentários desagradáveis sobre os métodos de tratamento convencionais.
Informações que devem constar do plano de tratamento:
- Qual o objectivo do tratamento?
- Que passos se prevê que venham a constituí-lo?
- O que é que o terapeuta pretende efectuar em concreto e quais são os seus objectivos?
- Quanto tempo se prevê que venha a durar o tratamento?
- Que riscos ou efeitos secundários são de esperar?
- Qual a previsão de custos (custos do tratamento, produtos terapêuticos e outros)?
- Para além dos custos referidos, dever-se-á esperar outros?
- O terapeuta sabe se o Serviço Nacional de Saúde assume alguns custos?
Seja como for, existem determinadas características que podem ajudar a perceber se um terapeuta é de confiança.
Preste atenção aos aspectos seguintes:
- Um terapeuta responsável responde às questões sem levantar obstáculos, contribuindo, desse modo, para tranquilizar o doente;
- Não faz diagnósticos (sobretudo, não o faz de forma exclusiva) recorrendo a métodos de características esotéricas ou obscuras, como a iridologia, o pêndulo ou a cinesiologia aplicada;
- Não recorre a métodos que tenham efeitos secundários que possam colocar a vida do doente em risco (veja terapia das células vivas, terapia enzimática, ozonoterapia, quelação), a menos que tenha formação para resolver eventuais problemas e disponha do equipamento necessário para o efeito;
- Não aconselha a interrupção de um tratamento convencional ou o abandono da medicação;
- Encaminha o doente para um médico quando percebe que a sua intervenção não está, provavelmente, a surtir efeito;
- Dedica tempo ao doente e presta atenção às suas queixas;
- Cobra os honorários
Danos eventuais decorrentes do exercício de terapias alternativas
É raro haver consequências jurídicas nas situações em que, devido a diagnósticos incorrectos por parte de um terapeuta, doenças graves ficam por detectar ou são tratadas com métodos ineficazes. A principal razão para isso reside no facto de, nesses casos, ser bastante difícil fundamentar a acusação. Apenas quando há uma relação de causa-efeito perfeitamente clara entre um dano grave ou mesmo a morte e determinado tratamento complementar ou alternativo as vítimas ou os seus familiares têm alguma possibilidade de ver reconhecido o seu direito a indemnizações.
No caso, pouco frequente, de os terapeutas alternativos em questão possuírem um seguro de responsabilidade civil profissional, será mais fácil obter indemnizações financeiras relativas aos danos sofridos. Geralmente, o terapeuta tem interesse em chegar a um acordo, já que, nesse caso, as consequências negativas para a sua reputação profissional serão minimizadas. Além disso, como é evidente, os riscos ligados ao método que pratica serão alvo de maior divulgação se a condenação tiver lugar. Quando se chega a acordo, os riscos envolvidos não chegam, regra geral a ser conhecidos publicamente.
Nalguns casos, a ausência de legislação específica pode impedir que os terapeutas sofram quaisquer sanções pelos danos eventualmente causados. Por outro lado, muitos aprenderam a evitar as autoridades: é frequente, por exemplo, que honorários não sejam cobrados directamente, mas sim através de “institutos” ou “sociedades de responsabilidade limitada”. Nesse caso, será muito mais difícil conseguir processar o terapeuta.
Alguns endereços úteis:
Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor
Rua da Artilharia 1, 79, 4º
1269-160 Lisboa
Tel: 21 371 02 00
e-mail: sinfo@edideco.pt
http://deco.proteste.pt
Direcção-Geral da Saúde
Al. D. Afonso Henriques, 45
1049-005 Lisboa
Tel: 21 843 05 00
e-mail: dgsaude@dgsaude.min-saude.pt
http://dgsaude.pt
FENAMAN-Federação Nacional das Associações das Medicinas Alternativas Naturais
Av. Praia da Vitória, 18, 1º esqº
1000 Lisboa
Tel: 21 354 23 34
e-mail: fenaman@mundo-natural.com
Instituto do Consumidor
Pç. Duque de Saldanha, 31,r/c
1069-013 Lisboa
Tel: 21 356 46 00
e-mail: ic@ic.pt
http://www.ic.pt
Fonte: LIVRO: «Terapias Complementares e Alternativas – Utilidades e Riscos» da PROTESTE