História
Etimologicamente, a expressão “tomar banho” significa “aquecer”. Os banhos sudoríficos já eram conhecidos na Pré-História. Os citas da Ásia Menor purificavam-se após as celebrações funerárias, aquecendo o interior das tendas hermeticamente fechadas com pedras em brasa.
Esta forma de purificação do corpo era bastante comum entre os povos asiáticos e foi divulgada pelo mundo inteiro. Na Ásia Menor, os gregos eram adeptos dos banhos sudoríficos e construíram, para esse efeito, espaços apropriados nas suas casas.
Os romanos herdaram esse costume dos espartanos e desenvolveram uma cultura de banhos e de termas muito variada. No entanto, os longos períodos de seca e a destruição de muitos aquedutos devido às guerras puseram termo a muitos banhos e termas.
A partir da viragem do milénio, foram instituídas, na Europa, as salas de banhos terapêuticas nos castelos feudais, nos mosteiros e, mais tarde, nas herdades.
Da Ásia, os finlandeses trouxeram para a Europa, há 2 000 anos, a arte das salas de banho quentes e mantiveram essa tradição até aos nossos dias.
Noutros países europeus, os banhos quentes tinham sido, ao longo dos últimos dois séculos, praticamente esquecidos.
Só por volta de 1920 é que a sauna voltou a “estar na moda”, sobretudo graças aos desportistas finlandeses, tendo conhecido uma ampla divulgação no período que se seguiu à II Guerra Mundial.
A Rússia utiliza há centenas de anos as banjas: a água, vertida sobre pedras incandescentes, evapora de modo a que a sala, que é mantida a uma temperatura não superior a 45° C, se encha de vapor.
Recursos
As instalações de sauna são constituídas por um recinto onde tem lugar o aquecimento, por espaços onde ocorrem as aplicações de água e por uma zona de repouso. Também é importante que exista um acesso fácil para o exterior, para que se possa tomar banhos de ar.
No recinto da sauna, a temperatura, ao nível do tecto, deverá andar à volta de 100° C; ao nível do soalho, a temperatura ideal é de cerca de 40° C.
No banho de vapor, a temperatura não deverá exceder 45° C.
O que convém evitar
- Não se deve fazer sauna logo após a prática de um desporto fatigante ou uma refeição abundante. Fazê-lo de estômago vazio também não é aconselhável (perigo de colapso);
- Após sair do recinto da sauna não se deve tomar duche quente. Não se deve suar em piscinas aquecidas, nem passar para a sala de vapor sem antes refrescar o corpo;
- Na fase de arrefecimento não se deve permanecer em espaços aquecidos, mas também não se deve passar os pés por água fria;
- Se lhe apetecer repousar, tape-se, para não arrefecer excessivamente:
- Não utilize sabonete no final do banho, para que o ph ácido, que protege a pele, permaneça intacto.
Sauna ou banhos de vapor?
Os efeitos da sauna e dos banhos de vapor são muito semelhantes. A escolha depende das preferências de cada um. A vantagem da sauna reside no facto de o efeito pretendido – relaxamento, hipertermia – se poder atingir mais rapidamente. Há pessoas que preferem o ar húmido da sala de vapor, devido ao efeito agradável que este provoca nas mucosas, nas vias respiratórias e na pele.

Explicação dos efeitos
Tanto a sauna como o banho de vapor sobreaquecem o corpo: na sauna, o ar quente e seco precipita-se sobre a pele. No banho de vapor, a grande humidade atmosférica impede o suor de evaporar.
A alternância entre o calor e o arrefecimento posterior obriga o corpo a múltiplas reacções aos estímulos e tonifica a pele e os tecidos.
A sauna e os banhos de vapor exercitam o coração e a circulação, estimulam os processos normais de eliminação de produtos finais do metabolismo das células e outras substâncias indesejáveis, através de uma maior actividade das glândulas sudoríparas e dos rins, melhoram a respiração, estimulam as secreções nasais, impulsionam o metabolismo, activam até certo ponto a produção hormonal e estimulam os mecanismos de regulação da temperatura do corpo e do sistema vegetativo.
Regras para a prática de sauna
- Antes de utilizar uma sauna colectiva, tome um duche e seque bem o corpo. Um banho de pés quente ou a esfoliação da pele antes de entrar na sauna favorecem a transpiração;
- No recinto da sauna, fique deitado numa toalha no segundo ou terceiro degrau, ou sentado de forma relaxada com os pés à altura do assento. Esta posição só deve ser mantida enquanto for agradável, durante 8 a 12 minutos ou, no máximo, 15;
- Se utilizar água para aumentar o nível de humidade, o vapor deve ser dissipado com uma toalha ou com ramos de bétula, como se faz na Finlândia. Também é possível adicionar à água óleos aromáticos. Não se deve utilizar álcool;
- No recinto da sauna não se deve exercitar os músculos ou fazer ginástica, nem falar muito, uma vez que aí a percentagem de oxigénio é equivalente à que se encontra a 2500 metros de altitude;
- Não friccione a pele dentro do recinto, nem mesmo para eliminar o suor;
- Antes de sair, levante-se lentamente, para evitar desmaios;
- Depois de sair do recinto, expire vigorosamente, inspire com calma, ande de um lado para o outro ou deixe-se ficar sentado, mas nunca permaneça imóvel de pé;
- Seguidamente, passe o corpo por água fria, partindo da periferia para o centro. Quem quiser também pode submergir rapidamente o corpo na piscina de água fria;
- Na fase seguinte, mergulhe os pés em água quente durante 4 a 5 minutos. Estes processos – o jacto de água fria ou a submersão e o mergulho dos pés em água quente – devem ser repetidos várias vezes (enquanto se sentir bem com isso), pois têm um efeito positivo na circulação do sangue;
- Não volte ao recinto da sauna antes de o corpo recuperar o equilíbrio térmico;
- Normalmente, duas ou três idas seguidas à sauna são suficientes. A sauna não é um desporto de competição e repetir excessivamente o processo não traz qualquer vantagem, apenas fadiga. Quem vai diariamente à sauna só deve entrar uma vez no recinto;
- A melhor altura para os principiantes é de manhã, para os que já estão habituados o melhor período é entre as 15 e as 21 horas;
- Uma massagem entre duas idas à sauna favorece a transpiração;
- Depois de tomar banho, e antes de se vestir, é aconselhável arrefecer devidamente, de contrário pode continuar a transpirar. Para isso, pode deitar-se ou sentar-se durante cerca de 30 minutos, num local à temperatura ambiente;
- Seque cuidadosamente os pés, para evitar o desenvolvimento de fungos;
- Uma sessão de sauna faz com que se perca, devido à transpiração, cerca de litro e meio de água. Por isso, quando acabar, não se esqueça de beber líquidos em quantidade suficiente (de preferência, água com ou sem gás, mas também pode optar por sumos naturais ou um copo de cerveja sem álcool; não tome bebidas alcoólicas).
Áreas de aplicação
A sauna é relaxante e proporciona uma sensação agradável para o corpo e a mente. Estimula a circulação e pode aumentar a resistência contra as infecções das vias respiratórias.
As crianças podem começar a fazer sauna por volta dos 2 ou 3 anos. Para as que estão em idade escolar, a sua prática pode ser especialmente útil em casos de nervosismo e insónias.
É possível fazer sauna até idades bastante avançadas, mas não é boa ideia começar a praticá-la depois dos 70 anos.

Limitações à aplicação
As pessoas que tenham febre ou sofram de tuberculose, doenças inflamatórias ou convulsivas e problemas graves do sistema circulatório não devem fazer sauna.
No entanto, quando correctamente praticada, a sauna não é prejudicial para o coração. Embora este órgão seja sujeito a maior esforço, devido à hipertermia, a dilatação dos vasos faz com que estes ofereçam menor resistência à circulação do sangue.
Mesmo as pessoas que sofram de hipertensão ou que tenham tido um enfarte poderão, desde que a situação esteja estabilizada, fazer sauna sem grandes riscos. No entanto devem falar previamente com o seu cardiologista.
Quem sofrer de asma ou de alguma doença pulmonar crónica obstrutiva também deve consultar o médico, por precaução, antes de começar a praticar sauna, apesar da prática moderada não implicar grandes riscos.
Riscos
Quem tiver tendência para pedras nos rins ou hiperuricemia (excesso de ácido úrico) deve ingerir muitos líquidos após a sauna.
Quem tiver um glaucoma ou a doença de Ménièr (caracterizada pela existência de zumbidos e vertigens devido a problemas no labirinto auditivo) deve ingerir os líquidos muito lentamente e em pequenas quantidades.
Os exageros na estimulação de frio ou calor, excessivos esforços posteriores, como a prática de natação, o consumo de álcool ou um arrefecimento insuficiente podem provocar hipersensibilidade que, por sua vez, causa fadiga e insónias.
A prática de um desporto que provoque sudação elevada associada a medicamentos diuréticos e a uma utilização excessiva da sauna podem ter consequências muito negativas para a saúde.
Também é preciso ter muito cuidado com os recintos de sauna de humidade elevada que apenas são aquecidos até 45 a 50° C, mas nos quais se deve permanecer entre 30 e 120 minutos sem fase de arrefecimento. Isso pode provocar hipertermia e um colapso circulatório.
Recomendações
A sauna e os banhos de vapor, quando praticados de forma correcta e sensata, são aconselháveis.
Fonte: LIVRO: «Terapias Complementares e Alternativas – Utilidades e Riscos» da PROTESTE