“Faz 1.500 anos, diz o nosso amigo-correspondente Guy Laclau [1], antes dum cataclismo que transtornou a região sudoeste de França, o estuário da Gironda apresentava uma geografia muito distinta da
que conhecemos”.
A costa era muito recortada, salpicada de numerosas ilhas e, ali onde se encontra o estuário, estendiam-se planícies pantanosas e malsãs.
Os povoados estavam construídos sobre as terras altas ou sobre os alicerces rochosos nas proximidades da trilha pré-histórica Mediterrâneo-Oceano que conduzia aos locais do sílex, do sal e depois ao cobre ou ao estanho.
Bordéus, capital dos bituriges vivisci, com o nome de Burdigala, tomava já um grande auge como o demonstram os relatos do astrónomo grego Cláudio Ptolomeu e as medidas das estradas da Tábua de Peutinger. [2]
Quanto aos bituriges vivisci, consideravam-se os reis do mundo celta, e praticavam, segundo se diz, o azougamento com prata e enviavam o estanho bretão às regiões meridionais.
Por conseguinte era perfeitamente lógico que cidades-etapas situassem-se todas ao largo das vias terrestres e marítimas Burdigala-Royan para remontar seguidamente até Saintes, Rochefort, Chátelaillon, La Rochelle, Les Sables-d’Olonne, Nantes, Le Baule e o país de Armor.
Duas dessas cidades deixaram lembrança duradoura, apesar de que nos nossos dias encontram-se enterradas pela areia e o lodo da Gironda: As cidades de Brion e Pamplona.
NOTAS:
[1] «Essai sur Deux Ports Antiques de Vestuaire de la Girónde» («Ensaio Sobre Dois Antigos Costumes de Vestuário da Gironda»), de Guy Laclau, segundo os arquivos da sociedade arqueológica de Bordéus.
[2] A Tábua de Peutinger, que está datada do Século XV, é um valioso mapa-itinerário do império romano, devido ao geógrafo-antiquário alemão Conrado Peutinger (1465-1547).
Fonte: Livro: «Arquivos dos Outros Mundos» de Robert Charroux