Pelo menos uma vintena de escritores insistiu que a Atlântida, na era da sua queda, estabelecera numerosas colónias em todas as partes do mundo. A expansão colonial da Atlântida tem sido particularmente enfatizada, em tempos mais recentes, por Donelly, Brasseurde Bourbourg e Augustus Le Plongeon, os quais procuram estabelecer uma ligação com o Egipto. A atitude geral da maioria destes escritores, que acredita na penetração atlante em territórios europeus ou americanos, pode, talvez, ser resumida por uma passagem de um artigo, «Algumas Notas Sobre a Atlântida Perdida», que apareceu no Papyrus, o orgão oficial da Sociedade Teosófica do Egipto, em Março de 1921. “A Atlântida enviou os seus filhos para todo o mundo”, diz o escritor deste artigo. “Muitos vivem ainda hoje como peles-vermelhas no Canadá e nos Estados Unidos da América. Colonizaram o Egipto e construíram um dos poderosos Impérios Egípcios. Espalharam-se pelo norte da Ásia como turanianos e mongóis — uma raça tremenda e prolífica, que ainda constitui uma maioria da população da terra.”
É claro que a réplica do antropólogo “oficial” a uma afirmação como esta, se se desse sequer ao trabalho de replicar, seria provavelmente: “Que evidência palpável têm da presença dos atlantes em qualquer país americano ou europeu? Podem indicar algum documento relacionado com a sua presença, ou algum monumento existente que tenha sido erguido pelas suas mãos?”
A resposta é que a tradição, quando cuidadosamente utilizada, é um documento tão autorizado como qualquer coisa escrita preto no branco, uma opinião que está a começar a ser lenta mas ainda assim seguramente adoptada por estudantes experientes de folclore, embora não por todos os arqueólogos; e que é impossível apontar alguma coisa como monumentos atlantes existentes, porque não podemos compará-los com os originais. É no entanto possível afirmar quase definitivamente que os vestígios arquitectónicos dos maias da América Central são de origem atlante menos remota, sendo, como são, provenientes da Antilha, a parte mais ocidental e mais tardiamente submersa do continente atlante.
Mas a questão das colonizações atlantes não pode ser tão facilmente resolvida como os seus protagonistas e antagonistas parecem pensar. Foram aduzidas suficientes evidências, tradicionais e etnológicas, para mostrar que é uma questão que exige uma consideração razoável. Certamente que uma massa de tradições corroborativas tão extensa não poderia existir sem qualquer base de facto concreto, nem se pode refutar que as raças que entraram em Espanha e França na conclusão da grande Idade do Gelo vieram de uma área atlântica. O relato de Platão parece conter uma memória muito clara da invasão azilense ou proto-ibérica da Europa, a partir de um território atlântico. Ele escreve sobre isso, retirando os seus factos de fontes egípcias, muito da mesma forma que um historiógrafo medieval poderia ter escrito — baseando o que diz unicamente numa autoridade ainda mais antiga. Ele diz-nos que os atlantes já tinham possessões na Europa antes da invasão e da catástrofe, e os factos da Arqueologia parecem confirmar o seu testemunho.
Disse-se já o suficiente relativamente à colonização atlante de França, Espanha e Grã-Bretanha. A referência feita por Diodoro à colonização em África pelos atlantes é bastante clara, e o facto de os habitantes do Noroeste de África em tempos romanos serem conhecidos como atlantes é significativo. “Esses atlantes”, diz o Dr. Badichon, que residiu muitos anos na Argélia, “eram considerados, entre os antigos, os filhos predilectos de Neptuno. Deram a conhecer o culto deste deus a outras nações — aos egípcios, por exemplo. Por outras palavras, os atlantes foram os primeiros navegadores conhecidos[1].”
Deve ser claro que, se a Atlântida se afundou efectivamente por volta de 9.600 a. C., como o relato de Platão dá a entender, toda a colonização atlante do solo europeu deveria ter cessado nessa altura e, se partirmos desse princípio, temos de considerar toda a expansão atlante na área mediterrânica e noutras áreas europeias como estando identificada com a expansão azilense ou ibérica. Nenhum antropólogo experiente procurará, por um instante, negar a penetração ibérica em toda a área mediterrânica, da Espanha ao Egipto, embora possa não defender a ideia da sua proveniência atlante. Mas Sergi, o grande originador da teoria de que a raça ibérica estabeleceu colónias espalhadas por todas as partes da Europa, enfatiza a circunstância de ela ter emanado da África Ocidental — ou seja, da mesma região que ainda é conhecida como a região do Atlas, e da parte do continente negro cujo povo, em tempos romanos, ainda era conhecido como “atlantes” e assim chamados por Diodoro. “Surgiu a ideia”, diz ele, “de que a África Oriental, e não a Ocidental, terá sido o lar original desses povos, os antigos e modernos egípcios, núbios, abissínios, galas, somalis, berberes e fulas.” Ele não nega “ao Saara a possibilidade de ser o berço” da raça mediterrânica. As suas conclusões relativamente à génese norte-africana dos iberos dos nossos dias encontram um acordo tácito entre os antropólogos.
Se concordarmos que estes iberos e os seus antepassados, os azilenses, eram de estirpe ateniense, isto resolve imediatamente a questão — pelo menos para nós. Esta raça guardou a memória das suas origens atlantes durante incontáveis gerações, e, espalhando-se ao longo de ambas as costas do Mediterrâneo, chegou finalmente à Grécia e à Ásia Menor no Norte, e ao Egipto no Sul. É muito mais razoável inferir este processo de constante progressão racial do que assumir, por exemplo, a chegada ao Egipto de uma grande frota atlante em tempos pré-dinásticos, como faz Le Plongeon.
Mas ter-se-á a Atlântida afundado efectivamente em 9.600 a. C. ou por volta dessa altura? Não terá uma porção considerável do seu território sobrevivido durante muitos séculos depois desta data, conseguindo lançar influências coloniais e culturais para a Europa, tal como a Antilha parece ter feito com a América bárbara? Confesso que essa ideia há muito que assombra. Refirimo-nos a ela como uma “ideia” apenas porque não conseguimos encontrar provas suficientes para a promover a uma hipótese concreta. Já abordamos a questão da existência de uma grande civilização atlante pré-histórica, da qual os aurignacenses podem ser restos “degradados”. Vejamos o que se pode dizer a favor da existência de uma civilização atlante numa data consideravelmente posterior à que nos é dada por Platão para a submersão final da ilha-continente, uma cultura que tinha recapturado o espírito antigo dos tempos pré-aurignacenses, ou que se tinha desenvolvido a partir do tipo azilense, e que continuou a existir pelo período “histórico” da Arqueologia europeia.
O período possível para a existência de uma tal civilização deve naturalmente cair muitos séculos depois da data de 9600 a. C. dada por Platão, para poder permitir o desenvolvimento de uma civilização mais avançada do que a azilense e, a julgar pela analogia do crescimento da cultura egípcia, não será uma probabilidade demasiado rebuscada colocá-la algures por volta de 5000 a. C.. E é óbvio, em qualquer caso, que a própria Atlântida deve finalmente ter desaparecido antes do período em que as embarcações iniciaram regularmente o comércio mediterrânico, digamos, por volta de 2000 a. C. Teremos algum registo de influências culturais que entrassem na Europa durante o período em questão? Parece haver pelo menos uma, na tradição da origem do culto Cabiri, as divindades de um estranho culto misterioso de origem ocidental.
Da grande massa de escritos antigos relacionados com os Cabiri podemos extrair o seguinte material. Os Cabiri eram irmãos gémeos deificados, mais tarde identificados com os Dioscuri, por uma raça civilizada, num período em que essa região ainda estava numa condição de barbárie. Não há dúvida de que teve origem no noroeste de África. Primeiro fiquei com a impressão de que o mito se referia à entrada dos povos azilenses no Mediterrâneo, mas razões cronológicas parecem militar contra essa presunção, e parece muito mais provável que esteja relacionado com uma invasão cultural vinda do Ocidente num período muito mais recente, digamos, por volta de 3000 a. C.
Este culto dificilmente podia ter tido origem no Noroeste de África. Não encontramos nessa região qualquer registo da existência de uma civilização versada nas artes da arquitectura, agricultura e escrita. Parece razoavelmente claro que o culto dos Cabiri está, de alguma forma, ligado ao de Osíris. Foi-lhes consagrado um templo em Mênfis, e parecem ter partilhado a marcha em direcção a leste da religião osiriana, do noroeste de África até ao Egipto[2]. Não será possível que esse culto secreto relacionado com os Cabiri tenha emanado de uma Atlântida ainda existente por volta de 3000 a. C., e que se tenha espalhado para Leste, a partir do noroeste de África, através de uma posterior influência cartaginesa, até à Grécia e à Ásia Menor? Parece não haver outra forma de justificar a aparição de um culto que não podia ter tido origem em solo africano.
Parece, também, que a civilização atlante terá penetrado em Creta, e que, na verdade, a cultura atlante será responsável pelo início do progresso minóico. Foi avançada a teoria de que o relato de Platão sobre a Atlântida era, de facto, uma mera reminiscência da queda da civilização minóica de Creta. Um escritor no The Times de 14 de Fevereiro de 1909, afirma: “O desaparecimento da ilha corresponde ao que a Arqueologia nos diz sobre o total colapso do império de Knossos, seguido pela substituição até mesmo dos marinheiros cretenses por fenícios nos portos egípcios.”
É, no entanto, improvável que um colapso cultural, que teve lugar em 1200 a. C., possa ter sido amplificado apenas seiscentos anos mais tarde por sacerdotes egípcios e transformado num Cataclismo que ocorrera nove mil anos antes! É como se colocássemos a queda de Constantinopla na Era Neolítica! Os antigos, mesmo sem a ajuda de evidências documentais, conheciam melhor do que isso a sua História, e tinham uma melhor concepção da cronologia do que alguns historiadores modernos parecem pensar. Esquece-se com demasiada frequência que a História escrita, tal como a conhecemos, é uma coisa apenas dos últimos dois ou três séculos. A tradição, auxiliada por escassos registos escritos, ocupava anteriormente o seu lugar, e tornou-se tanto uma forma de arte como a História escrita o é hoje.
É muito mais provável que a civilização minóica de Creta tenha sido modelada a partir da de uma Atlântida que sobreviveu possivelmente até uma data muito mais recente do que se julgava possível até agora. A civilização em Creta era indubitavelmente de origem muito antiga. O início da civilização minóica data, aproximadamente de 3400 a. C., e certas das suas fases ostentam uma forte semelhança com a imagem traçada por Platão da vida na Atlântida. O touro era um animal sagrado, tal como na Atlântida, e a grande arena em Knossos era certamente usada para touradas ou sacrifícios. Os cretenses eram grandemente de raça ibérica, e tinham grutas-templos labirínticas como as dos aurignacenses em Espanha e França. A nossa principal autoridade sobre o mito do labirinto é Plutarco, cujo relato, mais ou menos adulterado, percorria um labirinto de lenda romântica quase tão intrincado como o local extraordinário que o inspirou. Foi, durante gerações, identificado com a caverna sinuosa de Gortyna, que penetrava por uma pequena colina no sopé do Monte Ida, e cujas ramificações intermináveis parecem assinalá-lo como o verdadeiro covil do monstro de Teseu. Mas, quando Sir Edward Evans iniciou em 1900 as suas memoráveis escavações de Knossos, sentiu-se inclinado a identificar o palácio do próprio Minos como o verdadeiro Labirinto, baseando a sua teoria na natureza intrincada e verdadeiramente labiríntica dos seus corredores e escadarias sinuosos.
Como vimos, as cavernas que, de acordo com sólidas autoridades, serviam como templos ou locais de culto aos aurignacenses do Paleolítico são ricas em representações pintadas e esculpidas do touro, que parece ter sido a principal divindade desta raça, ou, pelo menos, um objecto de veneração ou apaziguamento para uma população de caçadores. Sem dúvida que a lenda de que um Grande Touro assombrava efectivamente os recantos dessas cavernas quase impenetráveis — que em Niaux, na região de Ariège, têm mais de um quilómetro e meio de profundidade — se tornaria uma tradição honrada com o passar das gerações.
A civilização minóica de Creta tinha, quase de certeza, uma descendência cultural dos aurignacenses, como é ilustrado pelas suas pinturas rupestres, pelas suas estatuetas Tanagran, que estão ligadas com as de Espanha através das Ilhas Baleares, e pelo seu culto do touro, cuja representação nos palácios se assemelha notavelmente à arte dos primeiros pintores aurignacenses. Terá sido então, provavelmente, algum mito venerável de uma divindade taurina residente numa gruta labiríntica, originalmente derivado de Espanha ou da fonte comum da Atlântida, que deu origem à tradição cretense do Labirinto. Isto pressupõe que a gruta de Gortyna era o verdadeiro labirinto cretense, ligado ao mito de Teseu e do Minotauro.
A ideia de que o Egipto era uma colónia da Atlântida não encontrou grande aceitação por parte de muitos escritores sobre o assunto. É um pouco difícil, à primeira vista, reconhecer a justiça dessa reivindicação. Uma obra que insiste na teoria é «Queen Mòo and the Egyptian Sphinx», do falecido Dr. Augustus Le Plongeon, que nos conta como Mòo, uma princesa dos Maias da América Central, fugiu para o Egipto depois da catástrofe que acabou com a submersão da Atlântida e fundou a Civilização Egípcia. Mas não podemos supor um estado de coisas que permitisse a fundação do Egipto por uma princesa que era também responsável pela civilização maia. Considerações cronológicas, e outras, simplesmente não permitem uma hipótese desse género.
É muito mais provável que qualquer influência atlante que tenha chegado ao Egipto o tenha feito por via do noroeste de África.
Em primeiro lugar, existe o mais inatacável tipo de evidência de que o Egipto foi povoado numa data muito remota por pessoas de estirpe ibérica. As autoridades estão de acordo em que a raça ibérica foi um factor de peso entre os constituintes etnológicos que ajudaram a formar a raça composta conhecida como os antigos egípcios, e que deve ter entrado no Egipto pelo Ocidente. Se aceitarmos que os iberos eram atlantes, temos de aceitar também que eles introduziram a cultura atlante no vale do Nilo.
A evidência que aparece mais fortemente a favor da introdução da influência atlante no Egipto está relacionada com o culto de Osíris. É óbvio que este culto não era indígena do Egipto, mas é difícil dizer em que Era foi introduzido no território do Nilo. É certamente encontrado em Abydos durante a Primeira Dinastia, mas certos textos das pirâmides provam que tinha uma História ainda mais arcaica nessa zona.
Budge acredita que o culto osiriano era “líbio”, ou norte-africano. Mas é o «Livro dos Mortos» que nos dá, talvez, a melhor perspectiva da natureza e proveniência da religião osiriana. Pelo menos quatro mil anos antes da era cristã, certas partes deste livro estavam já em uso no Egipto, e é claro que estavam já então associadas ao culto e à arte da mumificação. À medida que o ritual da mumificação se tornou mais intrincado, o «Livro dos Mortos» aumentou de importância, e acreditava-se que, sem o conhecimento dos seus textos, nenhuma pessoa morta ficaria preservada para entrar no domicílio da felicidade.
Há poucas dúvidas, no entanto, de que muitos dos textos no «Livro dos Mortos» têm um carácter mais arcaico do que a Primeira Dinastia. Foram editados e reeditados muitas, muitas vezes, e mesmo já em 3300 a. C. os escribas que os copiavam eram tão induzidos em erro por muitas das passagens que mal conseguiam seguir o seu significado geral. O Dr. Budge observa: “Temos, em todo o caso, justificação para calcular que a mais antiga forma da obra é contemporânea da fundação da civilização a que chamamos “egípcia” no Vale do Nilo.” Um destes textos foi, na verdade, “descoberto” na Primeira Dinastia, e foi na altura remetido a uma data equivalente a 4266 a. C. Quando terá então sido reduzido a escrita, ou a uma forma literária?
O «Livro dos Mortos» era quase certamente um sobrevivente do ritual neolítico de preservação do corpo para que este pudesse viver de novo. Sabemos que o povo aurignacense tinha uma concepção da imortalidade como residindo nos ossos do corpo. Como o Professor Macalister observa, relativamente à prática de pintar os ossos dos mortos com óxido vermelho: “Devemos prestar particular atenção ao admirável rito de pintar os ossos de vermelho…O objectivo deste rito está perfeitamente claro. Vermelho é a cor da Saúde dos vivos. O homem morto viveria de novo no seu próprio corpo, do qual os ossos eram a estrutura. Pintá-los com a cor da vida era a coisa mais próxima da mumifi- cação que os povos do Paleolítico conheciam; era uma tentativa de fazer com que o corpo fosse novamente aproveitável para ser utilizado pelo seu possuidor. Em relação a isto, é instrutivo recordar um incidente familiar das histórias populares, no qual a carne do corpo do herói, após este ter sofrido um desastre, é restaurada a partir dos ossos, ou mesmo de um pequeno fragmento de osso, e ele é depois ressuscitado.”
De facto, a mumificação é apenas uma elaboração desta prática, e é evidente que o rito egípcio da mumificação, com todo o seu intrincado ritual, foi desenvolvido a partir da prática aurignacense, que foi o seu germe e semente. Os egípcios, tal como os aurignacenses, acreditavam que o vermelho era a cor da vida. Pintavam os rostos dos seus deuses de vermelho, e borravam os rostos das suas múmias com tinta vermelha. Muito provavelmente o costume aurignacense, ou seja, atlante, de pintar os ossos dos mortos espalhou-se pela costa do Norte de África até chegar ao Egipto, onde, com o decorrer do tempo, assumiu uma aparência mais refinada, de tal modo que já não eram apenas os ossos, mas sim todo o corpo que era pintado com os tons da vida. Mas há também boas razões para acreditar que, ao longo de todo o percurso da civilização atlante, do Egipto ao Peru, tomou lentamente forma um culto do embalsamamento, até emergir como um culto concreto com características e ritual bem definidos, e cujos primeiros sinais vemos em finais do período aurignacense, com o envolvimento do corpo em trouxas de couro e ligaduras. Creio que este culto, o osiriano, teve origem na Atlântida, e daí se espalhou a todo o norte de África, por um lado, e à América, pelo outro, e que os costumes a ele associados se enraizaram na maioria dos locais para onde foi levado.
Notas:
[1] Recebemos recentemente uma carta de uma senhora que conhece bem o Noroeste de África, na qual ela diz que ainda é possível encontrar muitas tradições da Atlântida entre a população nativa. Um emir árabe seu conhecido é uma autoridade sobre o assunto, e escreveu mesmo um livro sobre a Atlântida em Marrocos. Os nomes do autor e do livro não são mencionados.
[2] Ver «The Problem of Atlantis», p. 150 e segs.
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