Portugal é o país da Europa com acesso mais difícil aos medicamentos mais recentes para o tratamento de muitas doenças. O Estado obriga milhares de doentes a perder dias de trabalho só para irem levantar medicamentos aos hospitais, sem nenhuma consulta médica ou razão clínica que justifique a viagem.
Doentes com cancro, transplantados e com outras doenças incapacitantes são forçados a percorrer centenas de quilómetros. Com o advento da COVID-19, essas deslocações tornaram-se de risco, em particular para os doentes com o sistema imunitário debilitado. Muitas famílias de todo o país são forçadas a fazer visitas mensais ou bimestrais aos hospitais, durante anos, só para levantarem hormona do crescimento para os seus filhos. Até os doentes das regiões autónomas são forçados a deslocações ao continente.
As farmácias comunitárias aceitaram, logo no mês de Março, dispensar esses medicamentos, em articulação com as farmácias hospitalares. A denominada Operação Luz Verde, permitiu dispensar 48.411 tratamentos, no local onde vivem 16.007 doentes de risco. No total, 287 farmácias comunitárias continuam a prestar esse serviço, muitas vezes ao domicílio, a título gratuito nesta fase de pandemia.
O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) lançou, ainda antes da pandemia, um projecto-piloto para o cálculo do valor da dispensa de medicação nas farmácias comunitárias, que já beneficiou 469 doentes da região norte do país. No dia 1 de Dezembro de 2016, o ex-ministro da saúde, Adalberto Campos Fernandes, lançou a primeira experiência desta natureza no hospital Curry Cabral, em Lisboa. Quatro anos depois, as farmácias comunitárias continuam a dispensar medicamentos e a vigiar 250 doentes com VIH, sem que o Estado assuma qualquer responsabilidade por esse serviço. A escolha dos doentes, entre uma farmácia comunitária da sua preferência e o hospital, é sempre livre.
Fonte: revistasauda.pt