A memória instintiva dos animais faz com que eles se reúnam em bandos e atravessem milhares e milhares de quilómetros de terra e mar. A migração de enguias até determinado ponto no oceano Atlântico é um exemplo interessante e muito curioso desse fenómeno.
Uma vez a cada dois anos, as enguias dos lagos e rios da Europa nadam em direcção a oeste para o Atlântico, onde, em grandes cardumes, cruzam o oceano rumo ao mar de Sargaços. Nesse local, encontram-se com a grande massa de enguias do continente americano, que, por sua vez, segue para o este até aquele mesmo ponto.
Aristóteles, grande filósofo grego do Século IV a.C., notou a migração das enguias da Europa, porém não sabia nada a respeito da migração no sentido oeste-este dos animais que vinham do ainda desconhecido continente americano. Acredita-se que a concentração de algas marinhas no mar de Sargaços seja o motivo pelo qual as duas populações de enguias fazem “peregrinações” ali, pois lá, a imensa quantidade de algas submersas tenderia a proteger os seus ovos. Depois de por os ovos, as enguias adultas morrem e os filhos das enguias americanas, quando suficientemente desenvolvidos, retornam em direcção ao oeste para as Américas, enquanto os filhos europeus nadam rumo ao este, para a Europa. Ambas as espécies são auxiliadas pelas correntes do Atlântico, que fluem no sentido horário.
Por que há tantas algas marinhas no mar de Sargaços? Seria possível que em certa época existisse ali um continente no meio do Atlântico? Como a Atlântida, por exemplo?
Se for verdade que a Atlântida submergiu rapidamente, parte da vegetação que possuía pode ter-se adaptado e transformado em algas marinhas que ainda hoje crescem naquele que agora é um continente submarino, ponto original de desova das enguias, que permanece vivo na sua memória ancestral e instintiva.
Fonte: Livro «O Livro dos Fenómenos Estranhos» de Charles Berlitz