Contacto com o mundo espiritual
Na sua autobiografia online, David Icke escreve que, em Março de 1990, enquanto trabalhava como porta-voz nacional para o Partido Verde, recebeu uma mensagem do mundo espiritual através de um médium, identificado pelo The Guardian como sendo Betty Shine, uma médium de Brighton. Ela revela-lhe que ele é o que se chama de “curandeiro”, o qual foi escolhido por sua coragem e enviado para ajudar a “curar” a Terra. Fora encaminhado para o futebol para aprender o que significa a disciplina. Ela também disse que ele deixaria a política e tornar-se-ia famoso, publicando cinco livros no espaço de três anos e que, num determinado dia, haveria um grande terremoto, e que o “mar reclamaria o que era seu”, por conta dos abusos que a humanidade comete contra o planeta.
Quando Icke falou à liderança do Partido Verde sobre aquilo que havia experienciado, foi proibido de falar em comícios e para o público em geral em nome do Partido. Em 1991, depois de uma viagem ao Peru, escreveu “Truth Vibrations“, um trabalho autobiográfico o qual resumia as suas experiências de vida até àquele momento, enfatizando experiências espirituais. Icke começa, então, a usar apenas roupas na cor azul turquesa e, em 27 de Março de 1991, realizou uma conferência de imprensa para anunciar: “Eu sou um canal para o espírito de Cristo. O título foi-me conferido muito recentemente por Deus.”
Naquele ano, numa entrevista no programa de Terry Wogan, Icke anunciou que era “o filho de Deus“, e que a Inglaterra seria devastada ondas altas e terremotos. As suas afirmações foram alvo de risos e ridicularização por parte da plateia que estava no estúdio, zombaria por parte da imprensa, além de ser considerado mentalmente desequilibrado. Icke afirmou mais tarde ter sido mal-interpretado pela imprensa. De acordo com o próprio, usou a expressão “filho de Deus” no sentido de ser um aspecto da Consciência Infinita que é o todo. Conforme escreveu anteriormente, “somos como gotas d’água num oceano de consciência infinita”.
Após ser bastante ridicularizado, desapareceu da imprensa e da vista do público. Ele escreveu que, por muitos anos, era incapaz de andar pelas ruas sem que as pessoas o apontassem ou rissem dele, e que essa experiência o ajudou a encontrar a coragem para desenvolver suas ideias controversas, porque já não sentia o medo daquilo que as pessoas pensariam de si.
Icke confidenciou a Jon Ronson:
“Um dos meus maiores medos enquanto criança era o de ser ridicularizado em público. E isso acabou por se tornar realidade. Como apresentador de televisão, fui respeitado. As pessoas vinham até mim nas ruas, apertavam a minha mão e conversavam consigo de forma respeitadora. Mas, de repente, da noite para o dia, isso transformou-se num ‘Icke é louco’. Eu não podia caminhar por qualquer rua na Inglaterra sem que as pessoas se rissem de mim. Foi um pesadelo. Os meus filhos ficaram arrasados porque o pai deles era alvo de ridicularização.”
Obras sobre conspiração
Icke publicou, pelo menos, 20 livros, os quais resumiam, em linhas gerais, as suas ideias, uma mistura de filosofia espiritual e conspiração apocalíptica. Michael Barkun, um cientista político norte-americano, num estudo sobre a subcultura da teoria da conspiração, em 2003, diz que Icke é “o mais fluente dos autores sobre conspiração, imprimindo a suas obras uma clareza raramente encontrada no género”.
As ideias centrais de Icke são traçadas em quatro livros que foram escritos ao longo de sete anos: The Robots’ Rebellion (1994), …And the Truth Shall Set You Free (1995), The Biggest Secret: The Book that Will Change the World (1999), e Filhos da Matriz (2001). A teoria da conspiração básica é a de que o mundo é controlado por uma rede de Sociedades Secretas denominadas “Fraternidade“, estando os “Illuminati” ou “Elite Global” no topo. A meta da Fraternidade é um governo mundial, um plano que Icke diz ter sido arquitetado em “Os Protocolos dos Sábios de Sião“, que é realmente o plano revelado dos Illuminati. Icke, em concordância com muitos outros teóricos da conspiração, afirma que os métodos destes conspiradores incluem o controlo das economias mundiais e o uso de técnicas do controlo da mente.
A Elite Global controla a Fraternidade e o mundo utilizando o que Icke apelida de uma “pirâmide de manipulação”, a qual consiste num conjunto de estruturas hierárquicas envolvendo Bancos, Negócios, Forças Armadas, Sistema Educacional, Imprensa, Religião, Indústrias de Medicamentos, Agências de Serviços Secretos e o Crime Organizado. No ponto mais alto da pirâmide estão o que Icke chama de “Carcereiros“, os quais não são humanos. Ele escreve que: “uma estrutura humana em forma de pirâmide foi criada sob a influência e projecto dos Carcereiros extraterrestres e seu mestre superior, a Consciência Luciférica. Eles controlam os seres humanos no topo da pirâmide, a qual eu apelidei de Elite Global“.
Icke menciona o Holocausto, o bombardeio de Oklahoma, e os ataques de 11 de Setembro de 2001 como exemplos de eventos financiados e organizados pela Elite Global. O jornalista britânico Simon Jones escreve que, de acordo com Icke, “pessoas comuns estão a ser enganadas em acreditar que o curso natural de eventos mundiais são consequências de forças políticas conhecidas e de eventos incontroláveis e fortuitos. Entretanto, o curso da humanidade está a ser manipulado a todos os níveis. Aqueles indivíduos providenciam incidentes em todo o mundo, os quais obtêm uma resposta da população (‘algo precisa ser feito’) e, em troca, permite àqueles que estão no poder fazer tudo aquilo que planearam anteriormente”. Icke refere-se a isso como problema-reação-solução.
Humanóides reptilianos
Em 1999, Icke escreveu e publicou “The Biggest Secret: The Book that Will Change the World“, no qual identificou os carcereiros extraterrestres como reptilianos da constelação de Draco. Eles andam de forma erecta e têm uma aparência humana, vivendo não somente nos seus planetas de origem, mas também em cavernas e túneis aqui na Terra. Fizeram cruzamentos com humanos, criando “híbridos”, que são possuídos pelos reptilianos puros. O ADN humano-reptiliano de um híbrido permite que eles passem da forma reptiliana para a humana, caso consumam sangue humano. Icke esboçou paralelos com a série de ficção científica dos anos 1980 “V – A batalha final“, que retratava a Terra sendo invadida por extraterrestres em forma de répteis disfarçados de humanos.
De acordo com Icke, o grupo reptiliano inclui muitas pessoas proeminentes e praticamente todos os líderes mundiais, desde Elizabeth Bowes-Lyon a George H. W. Bush, Hillary Clinton, Harold Wilson e Tony Blair. Essas pessoas ou são reptilianas ou trabalham para os répteis e são chamados, por Icke, de “vítimas escravas” do Transtorno Dissociativo de Identidade: “Os Rothschilds, Rockefellers, a Família Real Britânica e as poderosas famílias dos Estados Unidos que controlam os sectores político e económico e o resto do mundo provêem desta mesma linhagem sanguínea. A questão do snobismo é para melhor se preservar a estrutura genética, a combinaçãodo ADN mamífero-reptiliano, a qual permite que eles troquem de forma”.