De acordo com a interpretação que Sitchin fez da cosmologia suméria, haveria um planeta desconhecido da nossa Ciência que segue uma órbita elíptica e demorada, passando pelo interior do Sistema Solar a cada 3.600 anos. Este planeta chamar-se-ia Nibiru (associado ao deus Marduk na cosmologia babilónica). Segundo Sitchin, Nibiru teria colidido catastroficamente com Tiamat, outro planeta hipotético, localizado por Sitchin entre Marte e Júpiter. Esta colisão teria supostamente formado o Planeta Terra, o Cinturão de Asteróides, e os cometas. Tiamat, conforme descrito no Enuma Elish, o épico da criação mesopotâmico, é uma deusa. De acordo com Sitchin, contudo, Tiamat era o que é agora conhecido como a Terra. Quando atingido por uma das duas luas do planeta Nibiru, Tiamat teria se partido em dois. Numa segunda passagem, o próprio Nibiru teria atingido os fragmentos e metade de Tiamat tornar-se-ia o Cinturão de Asteróides. A segunda metade, novamente atingida por uma das luas de Nibiru, seria empurrada para uma nova órbita e tornar-se-ia o actual planeta Terra.
Este cenário é difícil de ser conciliado com a actual pequena excentricidade orbital da Terra de apenas 0,0167. Os defensores de Sitchin mantêm que isso explicaria a peculiar geografia antiga da Terra, devido à acomodação após a colisão celeste, entenda-se, continentes sólidos de um lado e um oceano gigantesco do outro. Embora isto seja consistente com a hipótese do impacto gigante que teria originado a Lua, estima-se que esse acontecimento tenha ocorrido há 4,5 biliões de anos atrás.
O cenário delineado por Sitchin, com Nibiru retornando ao interior do Sistema Solar regularmente a cada 3.600 anos, implica numa órbita com um eixo semi-principal de 235 unidades astronómicas, estendendo-se do Cinturão de Asteróides até 12 vezes mais distante do Sol que Plutão. “A teoria da perturbação elementar indica que, sob as circunstâncias mais favoráveis de escapar-se de impactos diretos com outros planetas, nenhum corpo com uma órbita tão excêntrica conseguiria manter o mesmo período por duas passagens consecutivas. Dentro de doze órbitas, o objecto seria expulso ou converter-se-ia num corpo de período breve. Portanto, a busca por um planeta transplutoniano por T. C. Van Flandern, do Observatório Naval dos EUA, que Sitchin usa para justificar a sua tese, não se sutenta”, afirmou C. Leroy Ellenberger, no seu artigo Marduk Unmasked, em “Frontiers of Science“, de Maio–Junho de 1981.
De acordo com a teoria de Sitchin, “posto isto, a partir de um começo equilibrado, os Nefilim evoluíram em Nibiru 45 milhões de anos à frente do desenvolvimento comparado na Terra, com o seu ambiente claramente mais favorável.” Ainda segundo Ellenberger no seu artigo, “Tal resultado é improvável, no mínimo, uma vez que Nibiru passaria 99% do seu período além de Plutão. A explicação de Sitchin de que o calor de origem radioactiva e uma grossa atmosfera manteriam Nibiru aquecido é absurda e não resolve o problema da escuridão no espaço profundo. Também inexplicado é como os Nefilim, que evoluíram muito depois da chegada a Nibiru, sabiam o que aconteceu com o planeta quando entrou pela primeira vez no Sistema Solar.”
De acordo com Sitchin, Nibiru era o lar de uma raça extraterrestre humanóide e tecnologicamente avançada chamada Annunaki no mito sumério, que seriam os chamados Nefilim da Bíblia. Sitchin afirma que os Annunaki chegaram à Terra pela primeira vez há provavelmente 450.000 anos atrás, em busca de minérios, especialmente ouro, que descobriram e extraíram em África. Esses “deuses” eram os militares e pesquisadores da expedição colonial de Nibiru ao Planeta Terra. Sitchin acredita que os Annunaki geraram o Homo Sapiens através de engenharia genética para serem escravos e trabalharem nas minas de ouro, através do cruzamento dos genes extraterrestres com os do Homo Erectus. Ele afirma que inscrições antigas relatam que a civilização humana de Sumer na Mesopotâmia foi estabelecida sob a orientação destes “deuses”, e a monarquia humana foi instalada a fim de prover intermediários entre a humanidade e os Annunaki. Ele crê que a radioactividade oriunda de armas nucleares usadas durante uma guerra entre facções dos extraterrestres seja o “vento maligno” que destruiu Ur por volta de 2.000 A.C. (segundo ele, o ano exacto seria 2.024 A.C.),descrito no Lamento por Ur. Sitchin afirma que a sua pesquisa coincide com muitos textos bíblicos, e que estes seriam originários de textos sumérios.
Quando Sitchin escreveu os seus livros, apenas os especialistas podiam ler a linguagem suméria, mas agora qualquer um pode conferir as suas traduções através de um livro de 2006, o Sumerian Lexicon. As traduções de Sitchin de palavras isoladas e de partes maiores de textos antigos têm sido consideradas equivocadas por alguns.
A perspectiva da “colisão planetária” por Sitchin tem ligeira semelhança com uma teoria levada a sério por astrónomos modernos – a teoria do impacto gigante sobre a formação da Lua há cerca de 4,5 biliões de anos que especula sobre a colisão de um corpo celeste com a recém-formada Terra. Contudo, a proposta de Sitchin de uma série de colisões planetárias desgarradas difere em detalhes e sincronia. Como na tese anterior de Immanuel Velikovsky em “Worlds in Collision“, Sitchin afirma ter achado evidências de antigos conhecimentos humanos sobre movimentos celestes desgarrados em diversos relatos míticos. No caso de Velikovsky, estas colisões interplanetárias eram passíveis de ocorrerem dentro do período da existência humana, enquanto que para Sitchin, ocorreram durante os primeiros estágios da formação planetária, mas entraram para o relato mitológico através da raça extraterrestre que supostamente evoluiu em Nibiru após estes choques.
Sitchin baseia os seus argumentos nas suas interpretações pessoais de textos pré-nubianos e sumérios e no selo VA 243. Sitchin afirma que estas Civilizações Antigas tinham conhecimento de um décimo-segundo planeta, mas muitos afirmam que mesmo somando-se o Sol e a Lua, eles conheciam apenas sete corpos celestes, todos nomeados “planetas”.
Centenas de selos e calendários astronómicos sumérios têm sido decodificados e registados, sendo que em novas interpretações, a contagem total de planetas verdadeiros em cada selo é de cinco. O selo VA 243 tem 12 pontos que Sitchin identifica como sendo planetas. Quando traduzido, o selo VA 243 diz, “Tu és o meu servo”, o que agora se considera uma mensagem de um nobre a um servo. De acordo com o semitologista Michael S. Heiser, o suposto Sol no selo VA 243 não é o símbolo sumério para o Sol, mas uma estrela, e os pontos também são estrelas. O símbolo no selo VA 243 não tem semelhança com o mesmo símbolo do Sol em centenas de inscrições sumérias.
Ideias semelhantes às de Sitchin foram exploradas por autores como Immanuel Velikovsky, Erich von Däniken, Alan F. Alford e Laurence Gardner. Alford mais tarde reviria suas opiniões e criticaria a interpretação que Sitchin fez dos mitos.