Alegrias e presentes à parte, muitas pessoas pensam que o Natal é o nascimento de Jesus, ou então que é uma festa de paz, confraternização, e alegria… Comemoram a data de 25 de Dezembro, de boa vontade despreocupadamente, acreditando estar a praticar algo de bom e sincero.
Se pensarmos bem, apercebemo-nos de que nunca nos preocupamos ou questionamos de maneira adequada sobre esta data, sobre a sua origem e verdadeiras intenções.
A desculpa mais comum de ouvir-se é que todos comemoram o dia 25 de Dezembro e é uma festa de paz e alegria. Noutras palavras é a tradição cega que predomina nas atitudes das pessoas. O mesmo tipo de tradição dos judeus que valeu de Jesus uma forte repreensão (Marcos 7:8,9 e 13). Tradição religiosa que muitos prezam e sem pensar afirmam:
“O meu pai foi desta religião, nasci nela e morrerei nela!”
A Religião é decidida como se fosse um agasalho da cor predilecta. Assim também, por incrível que pareça, o cristão comemora o Natal, participa nessa festa e muito provavelmente com a máxima sinceridade, como tradição, sem contudo saber o que está a fazer.
O dia 25 de Dezembro
Para entendermos como surgiu o dia 25 de Dezembro e o que tem esta data a ver com o suposto nascimento de Jesus, é necessário analisarmos alguns factos.
Em Dezembro era celebrada a festa dos Saturnais, dedicada ao deus Saturno, que durava cerca de quatro dias. Segundo julgam os pagãos romanos, este deus habitava no Lácio (nome proveniente de se ter ele escondido naquela região). Lateré significa esconder-se, ocultar-se. E ao ter sido recebido pelos homens, ensinou-lhes a agricultura, trazendo, segundo a lenda, a chamada “Idade do Ouro“.
Os Saturnais procuravam repetir esse período, ao fazer uma espécie de feriado, quando ninguém trabalhava, os tribunais e escolas eram fechados [1], existindo nessa festa um facto importante: os escravos recebiam permissão temporária para fazer tudo o que lhes agradasse, e eram servidos pelos amos. [2]
Anteriormente, era coroado um rei, que fazia o papel de Saturno, quando usufruía de todas as prerrogativas daquele deus durante um tempo e depois morria, pela sua própria mão ou era sacrificado. [3]
Esta festa era uma espécie de carnaval, e dava-se no chamado solstício de Inverno.Vamos entender o significado de Solstício:
A Terra, ao girar à volta do Sol, forma uma trajectória que é chamada de eclíptica. Porém, como o eixo de rotação da Terra não está perpendicular à eclíptica, mas ligeiramente inclinado, o Sol, na maior parte do seu curso aparente no céu, não passa exactamente em cima do equador, mas fica inclinado. Há somente dois períodos do ano em que passa em cima do equador que são os períodos de Equinócio. Quando o Sol se inclina ao máximo, tanto para o norte, como para o sul, dá-se o que chamamos de Solstício. Para quem vive no hemisfério norte, quando o Sol se inclina ao máximo para o norte, dá-se o solstício de Verão, iniciando a estação de Verão e quando se inclina ao máximo para o sul, ocorre o solstício de Inverno, dando a estação de Inverno, que em certos lugares chega a ser tão rigoroso que não há trabalho.
Nesses períodos, as noites são longas e frias. Este solstício é importantíssimo para os povos nórdicos, porque de Dezembro a Março o Sol “apaga-se” como se prenunciasse o fim da vida. Os pagãos comemoravam a data com festas. Acendiam fogueiras, ornamentavam as ruas com flores e galhos verdes e erguiam altares nas suas casas. Faziam tudo para agradar aos deuses e pedir-lhes que o Inverno fosse brando e o Sol voltasse rejuvenescido, no início da Primavera. [4]
Em determinadas regiões, bem próximas do pólo norte, no solstício de Inverno o Sol desaparece da linha do horizonte, justamente por causa da sua inclinação aparente para o sul. Para quem vive nessa região, o Sol fica dias sem nascer, tendo como consequência, portanto, uma noite longa.
No Brasil, que se situa no hemisfério sul, o solstício de Inverno ocorre em Junho, (o Natal ocorre no Verão). Nesta época, temos as chamadas “festas juninas”, quando as tradições pagãs e natalicias são também apresentadas nas tradições da festa da fogueira, comidas típicas, danças, etc. Desaparecendo aparentemente o Sol em certas regiões, torna-se mais fácil perceber como surgiu o culto a este.
O Sol tem a sua representação no deus greco-romano Apolo, considerado como “sol invicto” [5] e os seus equivalentes entre outros povos pagãos, são diversos: Ra – o deus egípcio, Utu – dos babilónios, Surya – da Índia e também Baal e Mitra. Todos estes e as Saturnálias, deram origem ao dia 25 de Dezembro, como o dia do Sol.
Baal, por exemplo, era o deus dos cananeus e o seu nome significa “senhor”. [6] Considerado o deus das montanhas, das tempestades e da chuva, simbolizava a plenitude da vida, e na sua mão estava o poder de provocar as chuvas, o nascimento das fontes, e a fertilidade da terra. [7] Quando o Império Romano conquistou várias partes do mundo antigo, essa divindade acabou por entrar no panteão romano, através dos escravos importados e mercenários sírios [7], tendo grande aceitação principalmente porque os romanos procuravam “novas experiências espirituais”. No seu culto eram imoladas crianças e adolescentes, a ponto dos seus rituais serem proibidos pelo imperador Adriano (76 – 138 DC). A sua prática passou à clandestinidade e, posteriormente, tal como aconteceu com as religiões egípcias, os seus cultos foram depurados e desligados das tradições bárbaras. Logo, transformaram-se em severos códigos morais, elevando-se à “sabedoria dos mistérios” [7], tal como se deu com o mitraísmo.
Precisamente quanto a Mitra, deus indo-iraniano, este era muito apreciado no exército romano [8] onde apenas homens participavam [9] em recintos fechados, grutas, apelidadas como Mithraeum ou Spelaeum, muito comuns dentro de Roma. [10] Era uma religião de iniciação secreta, com graus, semelhantes aos existentes na Maçonaria. [11] Mitra era adorado como Deus-Sol [12] e comemorado entre os dias 24 e 25 de Dezembro, quando, segundo a lenda, teria nascido de uma enorme rocha. [13] O seu nome, de origem indo-europeia, significa, troca, contrato e amizade, justamente como é considerado “amigo de todos”. [14]
Como Baal e Mitra já eram conhecidos dos romanos, Aureliano (214 – 275 d.C.), imperador de Roma, estabeleceu, no ano de 273 d.C. , o dia do nascimento do Sol em 25 de Dezembro, “Natalis Solis Invicti“, que significa, nascimento do Sol invencível. [15] O Catolicismo Romano foi uma das consequências deste acto. Mas, para que o plano resultasse, apareceu Constantino (317 – 337 d.C.), imperador de Roma, com uma nova maneira de abordar os cristãos.
Segundo uma lenda, antes da batalha contra Maxêncio, ele teve uma visão da cruz contra o Sol e uma mensagem que dizia, “com este sinal vencerás”. Constantino era adorador do Sol, mas não há provas que ele fosse membro do mitraísmo, em que nos rituais eram usados pães marcados com uma cruz. [16] De qualquer maneira, este símbolo é evidentemente pagão.[17] Conseguindo a vitória, Constantino, aparentemente, apoiou os cristãos e decretou o Édito de Milão em 313 d.C., dando-lhes liberdade de culto e trocando, dessa forma, a perseguição pela tolerância tão desejada.
Mas também estava resolvido a recompensar a religião do seu novo patrono de maneira digna de um Imperador Romano. Foram dados privilégios e grandes somas de dinheiro às igrejas de todas as municipalidades. [18]
Constantino “legalizou” o Cristianismo perante o mundo pagão e os sacerdotes cristãos tiveram direito à mesma isenção fiscal concedida às outras religiões. [19] Na verdade, Constantino igualou o Cristianismo ao paganismo. Realmente, foi uma boa estratégia. Os cristãos, antes cruelmente perseguidos, agora, receberam do imperador a liberdade de culto e passaram a enfrentar um novo problema, a interferência do Estado na igreja. Constantino comprou os sacerdotes romanos, conseguiu aliciá-los e de facto, governou a igreja de Roma e introduziu nela os ritos pagãos. [19]
Como adorador do Sol, não restam dúvidas sobre a sua influência, ao ter feito do dia 25 de Dezembro uma festa cristã, [19] para que se celebrasse o nascimento de Cristo. Ele fez da festa de Mitra, Baal, Osíris, Apolo e outros deuses, a festa do nascimento de Cristo, uma forma de sincretismo religioso.
No entanto, 25 de Dezembro não foi passivamente aceite por todas as igrejas cristãs, em virtude da sua identificação com a festa pagã do Solstício. A controvérsia levou o clero arménio a considerar os sacerdotes romanos como idólatras. [20] Não se sabe a data precisa do nascimento de Jesus (se é que ele alguma vez existiu). Os primeiros cristãos não celebravam o seu nascimento porque consideravam a comemoração de aniversário um costume pagão. [21]
A árvore de Natal
Como os cultos pagãos estão ligados às estações do ano, consequentemente deram origem ao culto solar. Porém, as estações do ano estão ligadas também ao ciclo do florescimento da vegetação. Surgiu, assim, a adoração a plantas, particularmente às árvores. E para dar sentido a esta adoração, os pagãos associaram os seus deuses às respectivas árvores.
No Egipto, por exemplo, o Deus Osíris personificava o crescimento da vegetação e das forças criadoras do Nilo, [22] sendo representado, pelo cedro. Outros deuses de outros povos, tinham as suas representações vegetais, Átis, o pinheiro, Júpiter, a azinheira, Apolo, o louro e mais uma infinidade de outros deuses e as suas árvores, que não vale a pena mencionar aqui. [23] A Bíblia regista esta modalidade de culto pagão, quando fala sobre a Ashera. Trata-se de uma deusa cananeia, chamada também de Ashera-do-Mar, ou Senhora do Mar, cujo filho era o já mencionado Baal. [24] Símbolo da fertilidade, para quem era praticada a prostituição do culto, pois tinha o seu equivalente, Asterot (ou Astoret) e Astarte, deusa semítica da vegetação. [25] Era representada por uma figura feminina nua, a segurar os dois seios, numa atitude de propensão para a sensualidade. Era também representada por uma espécie de árvore, provavelmente trabalhada. Esta representação é citada em várias passagens bíblicas: I Reis 16:33; 18:19; II Reis 13:6; 17:16; 18:4; 21:3; etc.
Havia também para esta deusa, imagens esculpidas (II Reis 21:7), vasos (II Reis 23:4), cortinas (II Reis 23:7) e profetas (I Reis 18:19). Porém, quando Gideão destruiu o altar de Baal e cortou a Ashera, mostrou que se tratava de uma árvore. “Toma um dos bois do teu pai, a saber, o segundo boi de sete anos, e derruba o altar de Baal que é do teu pai, e corta a Asera que está ao pé dele. Edifica ao senhor o teu Deus um altar no cume deste lugar forte, na forma devida, toma o segundo boi, e o oferece em holocausto, com a lenha da Asera que cortaste” disse o Senhor a Gideão. (Juízes 6:25-26)
Ora, lenha não se tira de uma estátua mas de árvores. Outra prova evidente está na seguinte passagem:
“Não plantarás nenhuma árvore como Asera, ao pé do altar do Senhor teu Deus, que fizeres”. (Deuteronómio 16:21).
Segundo Davis, a Ashera, cujo plural é Asherim é o nome de algum tronco de árvore da qual eram tirados os ramos, e se tornava símbolo de uma deusa com este nome: Aserá. [26] Na Bíblia, traduzida por João Ferreira de Almeida, na versão Revista e Actualizada é traduzido por bosque. Na versão “De Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e Grego”, mantém-se a palavra original, Ashera. Porém, uma coisa está bem clara: esta deusa, representada, às vezes, por uma estatueta, era também representada por uma árvore considerada sagrada, ou pelo seu tronco, pois ela podia ser plantada (Deuteronómio 16:21).
Hoje, o enfeitado pinheiro de Natal tomou o lugar da Ashera. Ele é colocado até em frente dos púlpitos, como se Jesus tivesse algo a ver com esse símbolo. No passado, o pinheiro estava ligado aos povos bárbaros e ao culto às árvores sagradas e era muito apreciado pelos romanos. Eles tinham, por exemplo, o carvalho sagrado de Diana, localizado num bosque também considerado sagrado: o Santuário de Nemi. [27]
Os bárbaros, particularmente os germanos e os celtas, acreditavam no chamado “espírito da árvore”, entidades que habitavam dentro das árvores, principalmente nos carvalhos mais velhos. Daí originaram-se os druídas, sacerdotes oficiantes de uma série de magias e rituais. Os druídas pertenciam a uma classe recrutada entre as crianças da aristocracia guerreira e tinham grandes poderes dentro da sociedade celta. A palavra druída – druí (singular) e druad (plural) provavelmente significa: grande ou profunda sabedoria do carvalho. [28] E de entre as suas actividades incluiam-se sacrifícios humanos. [29]
Para os germanos, o carvalho era a árvore do deus Donar, chamado também de Thor, Odin e Wodan. E foi com eles que, o pinheiro de Natal teve o seu impulso inicial, dado provavelmente por missionários católicos. Conta a lenda que Vilfrido, um desses missionários, quando pregava aos pagãos da Europa, teve problemas com o culto às árvores. Em frente à sua igreja havia um velho carvalho e os bárbaros acreditavam que ali dentro habitava um espírito. Na tentativa de convencê-los que as suas crenças eram infundadas, ele resolveu derrubar a árvore. Coincidentemente, deu-se uma tempestade e no momento em que a árvore caiu, um raio despedaçou o seu tronco, espalhando-o por todos os lados. Havia, porém, um pinheirinho no local da queda que nada sofreu. Para os bárbaros, ficou óbvio que era a manifestação de Donar, acompanhado da sua comitiva, a tempestade e os relâmpagos. Portanto, não tinham nada a perder quando Vilfrido declarou que aquela manifestação era do Deus dos cristãos e que o pinheirinho passara a ser do menino Jesus. [30]
Outra história, conta que Bonifácio (673 – 754 d.C), quando encontrou os bárbaros adoradores de árvores, em Geismar, Alemanha, centro religioso desses povos, resolveu derrubar um velho carvalho e com a madeira edificou uma igreja em homenagem a São Pedro. [30] O culto às árvores sobreviveu e em 1539 havia ornamentação com árvores nas casas e nas igrejas. Em 1671, havia comemorações na França, com árvores enfeitadas, provavelmente introduzidas por Charlotte Elizabette da Baviera, princesa do Palatinado e assim chegou até aos nossos dias. [31]
Quanto aos enfeites das árvores de Natal, segundo a Enciclopédia Delta Universal (Vol. 10, Pág. 5608 da edição de 1980), são diversas as suas procedências. Provavelmente começaram com os escandinavos que decoravam as suas árvores com redes de pescas, assim como os polacos que o faziam com velas e ornamentos de papel brilhante.
O Pai Natal
De entre todos os símbolos que constituem o Natal, este é o que aparentemente não tem ligação com o paganismo das Antigas Civilizações. Provavelmente, o pai Natal surgiu no século passado, quando Thomas Nast, pintor norte-americano, criou esta figura sorridente de barbas brancas. [31] Muitas pessoas pensam que o pai Natal é o elemento principal que deu origem ao crescente consumismo das festas natalicias, o que não deixa de ser verdade. Porém, se analisarmos melhor veremos que, mais do que o consumismo, ele tem uma importância fundamental para realçar o Natal.
Quando examinamos a origem pagã do Natal, procuramos as suas fontes no passado, quando os cultos a deuses eram de grande importância. O pretexto para manter esses cultos foi colocar Jesus no meio de uma festa que não tem nada a ver com ele. Actualmente, os rituais foram mantidos, mas os deuses foram esquecidos e a pessoa de Jesus torna-se dispensável, pois, para o mundo, não tem a menor importância se o Natal corresponde ou não ao nascimento de Jesus. Somente para os crentes, que querem defender as festividades pagãs é que seria interessante manter esta grande mentira. Para os católicos, seria também interessante manter a festa de Natal, como correspondendo ao nascimento de Cristo, mesmo sabendo que se trata de uma grande mentira. Restou, portanto, para o mundo em geral, a necessidade de um ídolo que fosse mais conveniente para manter o espírito natalício, visto que nem todos são assim tão religiosos. Este ídolo teria de servir tanto para o católico menos fervoroso, como para o crente de todas as terras habitadas, como também para um ateu. O importante é a imagem, os ritos mágicos, e o espírito do Natal.
No passado, houve cristãos fiéis que combateram estas festas, como já foi mencionado. Os puritanos, na Inglaterra, proibiram os festejos natalícios em 1644, tendo o mesmo ocorrido na Escócia. Esta proibição conseguiu atingir os territórios puritanos dos Estados Unidos da América, que só comemoraram o Natal cerca de 200 anos depois, em 1836. [32] Tinha de se manter, portanto, um meio de garantir a festa de Natal. Era necessário criar uma imagem que fosse bem aceite pelo público, uma imagem agradável, definitivamente associada à festa. E o pai Natal foi criado especialmente para cativar as crianças, criando desse modo um laço de afectividade que dificilmente seria destruído, mesmo quando esta criança, se tornasse adulta e descobrisse que o Natal é uma grande mentira.
Existe uma grande pressão, que influencia o próprio meio evangélico. O pai Natal, porém, não tinha somente esta finalidade. Não há mais Mitra, nem Apolo ou Baal no templo de algum povo. Na festa de Natal sobraram apenas os símbolos: a árvore, os presentes, as velas, os enfeites, as estrelas, objectos inanimados, de origem pagã, mas nenhuma figura viva. Se realmente Jesus tivesse nascido no dia 25 de Dezembro, sem dúvida que seria o representante ideal, e não precisaria de nenhuma uma outra figura. No entanto, é o pai Natal que está em destaque e não Jesus. É o pai Natal quem movimenta a festa, a quem se atribui a distribuição dos presentes: uma grande mentira, pois até as crianças sabem de onde vem o dinheiro dos presentes. Mas, ele é tido como benfeitor e amigo de todos (como Mitra), simplesmente porque o pai Natal é a reencarnação de Baal, Apolo, Osíris e Mitra. A sua criação baseia-se nas lendas sobre Nicolau, um suposto santo que viveu do Século III ao Século IV da era cristã, na cidade de Mira, na Ásia Menor.
Conta-se que Nicolau, herdeiro de grande riqueza, a distribuiu entre os pobres e as crianças que não tinham com que se alegrar durante o Natal. [33] Como se tornou o “santo protector” de diversas causas no meio popular, para cada caso foram criados episódios da sua vida para justificar a sua devoção, sendo considerado protector das crianças, dos marinheiros, das noivas, dos comerciantes, dos escravos, dos sentenciados, dos homens ricos, dos ladrões, etc. [34] Podemos dizer que é um santo, razão pela qual foi escolhido para dar origem à figura de pai Natal.
O Ano Novo
O festival do Ano Novo está ligado ao deus pagão Janus, de onde veio o mês de Janeiro – Januárius. Janus é o Deus romano que protege os átrios e as casas. É representado por uma cabeça com dois rostos, uma a contemplar o passado e outra o futuro, dando a entender (segundo a crença) que tem total conhecimento tanto do passado como do futuro. No dia 1 de Janeiro, em sua honra, os romanos trocavam presentes entre si. [35]
A Guirnalda
De entre os costumes pagãos, havia o de presentear as pessoas com ramos verdes, nas festas do Ano Novo. Acreditava-se que ao carregar os ramos para dentro de casa, estariam a trazer as bênçãos da natureza, pois, para os pagãos, a natureza é portadora de espíritos e divindades. [36] Talvez venha daí o surgimento da guirnalda dos dias de hoje.
O Natal, na verdade, é um sincretismo religioso forjado nos Séculos III e IV d.C., sendo passados à posteridade todos os rituais pagãos. É uma festa pagã, onde foi associado o nome de Jesus. Se pensamos que toda aquela simbologia era válida apenas para a época em que os pagãos veneravam os seus deuses, estamos enganados. Se assim fosse, não haveria razão de mantê-los nesta festa.
Bibliografia:
[1] Donato, H. (1976). «História do Calendário», pág. 26.
[2] Hadas et al (1969). «Roma Imperial», pág. 132.
[3] Cinlot, J. E. (1984). «Dicionário de Símbolos», pág. 511-512.
[4] Nery, I. (1978). «O Natal e os Seus Símbolos», pág. 31-32.
[5] Sherrard et al. Bizâncio, pág. 16.
[6] Abril Cultural (1973). «As Grandes Religiões». Vol. 1, pág. 124.
[7] Harden, Donald (1968). «Os Fenícios», pág. 80-81, Abril Cultural.
[8] Bowle et al. (1964). «Pequena Enciclopédia da História do Mundo». Vol. 1, pág. 200-201.
[9] Abril Cultural. Op. cit., vol. 1, pág. 124-126.
[10] «Mitra o deus invicto: Mitologia e Iconografia». Mostruário existente no Museu de Arqueologia da USP.
[11] Hadas (1969). Op. cit., pag. 135-136.
[12] Abril Cultural – Op. cit.
[13] Donato (1976). Op. cit., pág. 38.
[14] «Mitra o deus invicto: Mitologia e Iconografia». Mostruário existente no Museu de Arqueologia da USP.
[15] «Os Mistérios Científicos do Natal» (1980). Folha de São Paulo.
[16] Abril Cultural. Op. cit.
[17] Davis, J. D. «Dicionário da Bíblia».
[18] Bowle et al. (1964). Op. cit., pág. 233.
[19] Sherrard et al. Op. cit., pág. 16.
[20] Grande Enciclopédia Larousse (1970). vol.8, pág. 4736 – 4737, “Natal“.
[21] Enciclopédia Delta Universal (1980). vol. 10, pag. 5608, “Natal“.
[22] Burns, E. M. (2005). «História da Civilização Ocidental». Vol. 1, pág. 52-53.
[23] Cinlot (1984). Op. cit., pág. 98-103.
[24] Harden (1968). Op. cit., pág. 80-81.
[25] Mckenzie, J. L. (1983). «Dicionário Bíblico». pág. 82.
[26] Davis, J. D. (1960). «Dicionário da Bíblia». pág. 57.
[27] Frazer, Sir J. G. (1978). «O Ramo de Ouro – Versão Ilustrada». Círculo do Livro.
[28] Powell, T. G. (1965). «Os Celtas». pág. 163.
[29] Idem, Ibidem, pág 156 – 157.
[30] Nery (1978). Op. cit., pág. 40.
[31] “Atualidades Nestlé” Conheça os porquês das tradições de Natal – Jan./Mar. 1981. pág. 30-31.
[32] Grande Enciclopédia Larousse – Op. cit.
[33] “Actualidades Nestlé” Conheça os porquês das tradições de Natal.
[34] Nery (1978). Op. cit., pág. 43-46.
[35] Donato (1976). Op. cit., pág. 33.
[36] Nery (1978). Op. cit., pág. 7.