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Elon Musk: Uma no cravo, outra na ferradura

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Elon Musk - Forum Economico Mundial
Elon Musk - Forum Economico Mundial

Elon Musk é visto por muitos como um dos grandes paladinos “anti-sistema”, a começar pelo seu empreendimento no mundo dos carros eléctricos (Tesla) – esse pseudo-símbolo ambiental – passando por algumas intervenções públicas no sentido de questionar a gestão da putativa pandemia COVID-19, e culminando na aquisição do Twitter, arrogando-se à batalha pela liberdade de expressão.

Também tem manifestado preocupação com a ascensão da Inteligência Artificial, quando ele próprio tem investido no desenvolvimento da mesma (é investidor do OpenAI (ChatGPT), e muitos outros projectos).

Em Janeiro do presente ano, twittou o seguinte: “O Fórum Económico Mundial [FEM] está a tornar-se cada vez mais num governo mundial não eleito que as pessoas nunca pediram e não querem.”

Não fosse a sua postura consistentemente ambígua e contraditória, e seria surpreendente a nomeação de Linda Yaccarino como nova CEO do Twitter, mulher com ligações ao FEM [1][2] e à administração Biden, [2] promotora da vacinação COVID-19 e uso de máscaras (através dos seus twetts).

Elon Musk foi entrevistado há pouco tempo, precisamente por Linda Yaccarino em 18 de Abril de 2023 no MMA’s POSSIBLE Miami Event 2023, onde ocorreram algumas trocas de palavras bastante interessantes e sugestivas. [3]

Elon Musk tem sido pródigo em ambiguidades, dando constantemente “uma no Cravo, outra na Ferradura”, não obstante, tornou-se um símbolo, arauto da liberdade, por legiões de fãs sedentas de salvadores e redentores.

Fontes:

[1] «Linda Yaccarino», Fórum Económico Mundial

[2] «What To Know About Linda Yaccarino: Musk’s Pick For Twitter CEO», Forbes. 12 de Maio de 2023

[3] «Linda Yaccarino interviews Elon Musk – April 18, 2023», Youtube.

A ascensão da Inteligência Artificial

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Inteligência Artificial
Inteligência Artificial

É curioso que precisamente aqueles que estão na vanguarda do desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA), são os mesmos que apareçam a alertar para os eventuais perigos da mesma.

Fomos amplamente condicionados pelo Cinema e restante cultura popular a acreditar que é verossímil que as máquinas possam um dia “revoltar-se” contra a humanidade e tomar o controlo.

Mas tal só seria possível se as máquinas pudessem ter “consciência de si”. E não é por aumentar o seu poder de computação ou a sofisticação dos seus algoritmos, que acontecerá. A partir de que limite é que a consciência surge?

Como se infunde consciência numa máquina? Através de um algoritmo adicional?

Não se trata de um processo quantitativo.

A consciência é talvez o maior fenómeno do Universo.

Apesar disso, os “apelos” dos figurões das tecnologias de informação têm sido “proveitosos”, a considerar pela multiplicidade de manifestações de receio, que grassam pelas redes sociais, perante um hipotético futuro distópico onde as máquinas passariam a governar o planeta, subjugando a humanidade.

Na impossibilidade da sublevação do silício, como encarar as demonstrações de receio por parte dos seus criadores?

Talvez nunca tenham reflectido muito sobre o assunto?

A Inteligência Artificial pode facilmente tornar-se no novo “inimigo invisível”, um muito apetecível bode expiatório para quase qualquer “Falsa Bandeira” que se consiga imaginar.

Somente mais uma forma de se evocar medo com algo que não existe.

Conclusão

Que as máquinas não se consigam revoltar não é sinónimo que não possam constituir qualquer perigo. Mas isso depende apenas da humanidade

A sucessão dos impérios: O que se segue?

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Mapa do mundo
Mapa do mundo

Se olharmos com atenção para os últimos séculos da História da humanidade, esta foi marcada por longos ciclos imperiais, onde um império dominava o cenário mundial a nível político e económico durante um período (cerca de um a dois séculos), após o qual se dava a sua queda e consequente ascensão de outro império. Desta forma, o império espanhol foi sucedido pelo holandês, que por sua vez, foi sucedido pelo britânico e assim por diante.

Os impérios espanhol, holandês, britânico e americano foram os quatro principais impérios coloniais da história moderna. Cada um deixou a sua marca no mundo em termos de moeda, economia, evoluções científicas, cultura, entre outras áreas.

Sucessão de Impérios

O Império Espanhol começou a formar-se no final do século 15, com a conquista da América Latina. Expandiu-se rapidamente nas Américas, Ásia e África, tornando-se um dos mais poderosos impérios do mundo no seu auge. A sua moeda foi o Real, que era amplamente utilizado na Europa e nas Américas. A economia do Império Espanhol foi baseada na exploração de recursos naturais, principalmente ouro e prata. O Império Espanhol também foi um importante centro de aprendizagem científica, com importantes avanços na astronomia, matemática e medicina. A cultura espanhola influenciou fortemente a América Latina, incluindo a língua, a religião e a música.

O Império Espanhol perdeu sua posição como a principal potência global no século 17, com a ascensão do Império Holandês. Tal deveu-se em parte ao declínio da economia espanhola e à perda de sua frota naval em batalhas. O Império Holandês emergiu como uma potência comercial global, controlando grande parte do comércio de especiarias e têxteis, além de ser uma força dominante na Ásia e na África.

Companhia Holandesa das Índias Ocidentais
Companhia Holandesa das Índias Ocidentais

O Império Holandês começou no século 17, com a formação da Companhia das Índias Ocidentais. A Companhia expandiu-se para a Ásia e África, criando uma vasta rede de comércio global. A moeda do Império Holandês era o Florim (Guilder), que foi amplamente utilizado na Europa e noutras partes do mundo. A economia do Império Holandês era baseada no comércio de especiarias, têxteis e outros bens. Foi também um centro de inovação científica, com importantes avanços em cartografia, navegação e engenharia. A cultura holandesa influenciou fortemente a arte, a arquitetura e a filosofia.

No entanto, o Império Holandês perdeu sua posição para o Império Britânico no século 18, devido em parte ao declínio da sua economia e ao aumento do poder britânico. O Império Britânico emergiu como a maior potência global do século XIX, com uma vasta rede de comércio e uma frota naval poderosa.

O Império Britânico começou no século 17, com a colonização da América do Norte e a formação da Companhia das Índias Orientais. Expandiu-se para a África, Ásia e Oceânia, criando a maior rede de comércio global da época. A moeda do Império Britânico era a Libra Esterlina, cujo uso foi generalizado pelo mundo, continuando a ser uma moeda importante até aos dias de hoje. A economia do Império Britânico era baseada no comércio de bens manufaturados, como tecidos e máquinas, além de matérias-primas, como carvão e algodão. O Império Britânico também foi um centro de inovação científica, com importantes avanços em medicina, física e biologia. A cultura britânica influenciou fortemente a língua, a política e a literatura.

Segunda Guerra Mundial
Segunda Guerra Mundial

O Império Americano sucedeu ao Império Britânico como a principal potência global após a Segunda Guerra Mundial. Tal deveu-se em parte à capacidade dos Estados Unidos de se recuperarem rapidamente da guerra, à sua economia industrial avançada e à sua posição como potência militar dominante, mas sobretudo pela sua posição geográfica, longe do centro das duas grandes guerras.

A economia do Império Americano é baseada no capitalismo e no livre mercado. Os Estados Unidos têm sido líderes em muitas áreas de inovação e evolução científica, incluindo tecnologia, medicina e indústrias criativas, e a cultura americana influencia o mundo em muitas áreas, incluindo música, cinema e moda. A sua moeda, o dólar, é a mais utilizada no comércio internacional, sobretudo na transação energética.

Conclusão

A sucessão dos impérios envolveu sempre conflitos militares e políticos, bem como mudanças significativas na economia global. A transição do Império Espanhol para o Império Holandês e o Império Britânico foi impulsionada pela ascensão do comércio global e pela competição por recursos naturais e rotas comerciais. A transição do Império Britânico para o Império Americano foi impulsionada pela ascensão dos Estados Unidos como uma potência econômica e militar global, bem como pela mudança do centro económico do mundo para a América do Norte.

Há muitas discussões sobre a possível sucessão do Império Americano para a crescente potência chinesa. A China tem experimentado um crescimento económico sem precedentes nas últimas décadas e tornou-se uma força cada vez mais dominante na cena mundial. Ainda é incerto se e como essa sucessão poderá ocorrer e quais seriam as implicações geopolíticas e económicas para o mundo, não olvidando que uma sucessão de impérios nunca aconteceu sem pelo menos uma grande guerra.

Assiste-se ao rápido declínio da potência norte-americana, e por consequência, de todo o chamado “mundo ocidental”. A maioria das novas ideologias e narrativas apoiadas pelo poder político ocidental, com o completo respaldo por parte dos meios de comunicação social, parece seguir uma linha de decadência, de uma forma tão flagrante que nos leva a indagar se tal não estará a ser feito propositadamente, acelerando a sucessão de impérios.

Meios de comunicação social
Meios de comunicação social

A transição de sociedades maioritariamente produtivas para maioritariamente consumistas e o consequente aumento do crédito, associado ao actual sistema financeiro em esquema de pirâmide, além das constantes “transgressões” geradas impunemente pela corrupção, são outro (se não o principal) sintoma da decadência ocidental.

Na vigência do domínio de um império, a sua moeda passa a ser utilizada globalmente, assim como se assiste à proliferação da sua cultura e “modus operandi”. Qual será a realidade globalizada de um mundo liderado pela China, cuja cultura socialista actual é marcada pela vigilância e controlo esmagadores da sua população, personificadas pelo seu sistema de créditos, crescentemente gerido pela tecnologia?

Para simplificar e por ser suficiente para o objectivo deste texto, elaboramos uma resenha histórica baseada naquilo que é comummente aceite como verdadeiro, sem entrar em meandros mais obscuros que tiveram a sua influência no decorrer da sucessão de eventos.

Fontes:

[1] “Empires and Globalization: A Study of the Spanish, Dutch and British Empires” por Geoffrey Parker

[2] “Empires in World History: Power and the Politics of Difference” por Jane Burbank e Frederick Cooper

[3] “The Rise and Fall of American Growth: The U.S. Standard of Living since the Civil War” por Robert J. Gordon

[4] “The End of American World Order” por Amitav Acharya

[5] “China’s Economy: What Everyone Needs to Know” por Arthur R. Kroeber

[6] “Principles for Dealing with the Changing World Order: Why Nations Succeed and Fail” por Ray Dalio

Outra simulação de pandemia

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síndrome respiratória do enterovírus epidémico grave 2025
síndrome respiratória do enterovírus epidémico grave 2025

Denúncia da lei de bases do clima

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Lei de bases de clima
Lei de bases de clima

A Lei de Bases do Clima foi aprovada no último dia do ano transacto (31 de Dezembro de 2021).

No seu Artigo 2º, refere-se no Ponto 1: “É reconhecida a situação de emergência climática.”

Onde estão as evidências científicas para que o nosso governo venha reconhecer esta realidade?

Assim se forja a percepção da realidade.

A partir desta lei de base, poderão ser avançadas várias medidas (para salvar o planeta), que terão como consequência o inevitável empobrecimento geral dos portugueses, servindo a mesma, para uma intervenção cada vez maior do Estado na vida de cada um.

Fonte:

[1] «Assembleia da Republica – Lei n.º 98/2021 – Lei de Bases do Clima», Diário da República, 1.ª série. 31 de dezembro de 2021

Os bodes expiatórios dos políticos

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Bodes expiatórios
Bodes expiatórios

Lisboa foi alagada pelas chuvas fortes.

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, prontificou-se a culpabilizar as “alterações climáticas”. [1]

Mas Mário Marques, climatologista, [8] com acesso a dados recolhidos em várias estações no país, afirmou, que houve registo de precipitações mais intensas nas décadas de 80 e 90 do século 20, do que propriamente no século 21, desmentindo um propalado agravamento das condições climatéricas. Responsabilizou, isso sim, uma má gestão do território e uma má prevenção e planeamento, no sucedido em Lisboa. [Vídeo Abaixo]

Este “sacudir a água do capote” por parte de políticos, fazendo recurso a bodes expiatórios é algo que acontece noutros âmbitos, como também ao nível da saúde, com os desinvestimentos sucessivos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), ao invés de se precaver o gradual envelhecimento da população, com o previsto aumento de ocorrências hospitalares. A putativa pandemia COVID-19 veio servir como desculpa, sonegando-se anos de entupimento de serviços de urgência, [2] algo que, de resto, continua a acontecer, embora já não haja a desculpa COVID-19 (actualmente alega-se uma “pandemia tripla”). [3]

A designação “Alterações Climáticas” é bem mais insidiosa que “Aquecimento Global“. Pela impossibilidade de se verificar um inexorável aumento de temperaturas e derretimento total dos pólos, como previa Al Gore, em 2013, [4] alterou-se para algo que dá aso a que qualquer ocorrência climatérica seja denominada como “alterações climáticas”, com todo o peso associativo que tal acarreta.

Somos brindados com expressões impressionantes como “Rio Atmosférico” (vulgo, chuva), [5] “Célula Convectiva de Descargas Elétricas” (vulgo, relâmpagos), [6] e “Comboio de Tempestades”, (vulgo, não sei bem o quê), [7] que transmitem algo de estranho e invulgar, propício a insinuar a emergência de algo novo.

Fontes:

[1] «Moedas: Chuva faz “parte das mudanças climáticas”. E promete túneis de drenagem em Lisboa», Dn.pt. 08 de dezembro de 2022

[2] «COVID-19: A estranha amnésia dos técnicos de saúde», Paradigmas. 9 de Julho de 2021

[3] «Os serviços de urgência estão caóticos e há razões para isso. A tripledemia é uma delas», Nit.pt. 7 de Dezembro de 2022

[4] «Did Al Gore Predict Earth’s Ice Caps Would Melt by 2014?», Snopes. 17 de Abril de 22017

[5] «Portugal vai ser regado por um rio atmosférico. Vem aí muita chuva já esta terça-feira e deve ficar até meio da próxima semana», Observador. 17 de Outubro de 2022

[6] «Célula convectiva de descargas elétricas ‘rasgou’ o Minho de madrugada», O Minho. 29 de Outubro de 2022

[7] «Como o “comboio das tempestades” chegou “repentinamente” a Lisboa», Observador. 8 de Dezembro de 2022

[8] «Mário Marques – CEO & Founder Planoclima – Climatologista, Meteorologista, Agrometeorologista, Professor e Horticultor», Linkedin

 

Sobrepopulação: Mito ou Realidade?

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Comparativo de preço de cinco metais 1980-1990
Comparativo de preço de cinco metais 1980-1990

Tem sido muito propagada a ideia de que o mundo estará sobrepopulado de seres humanos, o que estará a sobrecarrega-lo, sobretudo ao nível do consumo de recursos, o que conduziu à consequente ideia da necessidade de uma redução populacional.

De onde surgiu esta ideia e será verdadeira ou outro mito sem base real?

1 – Thomas Malthus

O reverendo anglicano Thomas Malthus era um economista político, que em 1798, num ensaio (An Essay on the Principle of Population), declarou que o crescimento populacional ocorria em progressão geométrica (exponencial), enquanto que a produção de alimentos acontecia em progressão aritmética, algo que iria conduzir a uma drástica escassez de alimentos, fome, doenças, guerras e elevada mortalidade, naquilo que ficou conhecido como “Catástrofe Malthusiana”. [1]

As suas ideias foram muito influentes, mas as suas previsões negras sobre o futuro nunca vieram a concretizar-se, apesar da população ter continuado a crescer de forma bastante acentuada.

Na elaboração da sua teoria, Malthus ignorou factores fundamentais, sobretudo a criatividade humana.

2 – Neo Malthsianismo

Apesar do rotundo falhanço nas previsões de Malthus, o Malthusianismo foi revitalizado em meados do século 20.

Paul Ehrlich

Paul Ehrlich
Paul Ehrlich

Paul Ehrlich é um biólogo norte-americano que ficou célebre por reavivar teorias malthusianas, sobretudo com o seu livro “The Population Bomb.” [15]

Ehrlich tinha uma visão catastrofista da sociedade. Advogava o controlo populacional e o crescimento económico zero, para prevenir uma calamidade iminente, num futuro próximo, tendo granjeado de notoriedade ao ser convidado para aparições frequentes na comunicação social. [16]

Clube de Roma

O Clube de Roma, que é actualmente uma organização não governamental (ONG) iniciou-se em abril de 1968 como um pequeno grupo de industriais, políticos e cientistas que se reuniram para tratar de assuntos relacionados com o uso indiscriminado de recursos naturais.

Em 1972, o Clube de Roma, publicou The Limits to Growth (Os Limites ao Crescimento), que descrevia as ameaças que pairavam sobre a humanidade, devido ao crescimento populacional e ao consumo excessivo de recursos.

Em 1971, Forrester desenvolveu um modelo computacional para a população global, recursos e poluição que previa o fim do progresso económico da era industrial. Os seus jovens colegas, com Dennis Meadows como líder, acrescentaram algumas camadas de complexidade à sua simulação. Os autores usaram as perspectivas apocalípticas de Paul Ehrlich num modelo informático que deu mais peso às suas previsões.

Tal como Ehrlich, o Clube de Roma defendia um abrandamento no crescimento económico.

Estas previsões foram alvo de muitas críticas.

Hollis B. Chenery, um economista do Banco Mundial, considerou que a restrição do crescimento económico aumentaria a pobreza e a desigualdade e conduziria à guerra e à revolução. [2] Henry Wallich, um perito económico em finanças internacionais, criticou de forma semelhante as recomendações políticas anticrescimento do livro, considerando-as “suicidas”. [3]

Muitos outros criticaram a sedutividade dos modelos informáticos, que não obstante, são bastante precários ao nível das evidências oferecidas. As críticas foram bastante contundentes, afirmando que o livro “assume pressupostos arbitrários, conduzindo a conclusões arbitrárias apresentadas como se de ciência se tratassem.” [4][5] Entre os críticos, figuraram por exemplo, Max Lerner, H.S.D. Cole, Harold Barnett, Chandler Morse [6] e William Nordhaus, este último, economista proeminente, co-autor de um dos principais manuais utilizados nas licenciaturas desta área, e que referia que as conclusões retiradas no “Limits to Growth” não eram baseadas em dados e não tinham em conta parâmetros económicos fundamentais, como a inventividade humana. [7][8]

Nordhaus explicou que as novas tecnologias compensavam a escassez: “ferro, alumínio, e satélites de comunicação substituíram o cobre; o cloro substituiu o iodo; o processo de xerografia substituiu a utilização de estanho e chumbo na impressão”, e essa susbtituição irá continuar, a não ser que o futuro seja radicalmente diferente do passado. [7][8]

Robert Solow
Robert Solow

Outro crítico ilustre foi o prémio Nobel e economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Robert Solow, que referiu que as conclusões do livro eram “inúteis como ciência e como guia para as políticas públicas”. [9][10][11][12][13]

Julian Simon, um economista de renome mundial, de quem falaremos mais tarde, foi outro dos críticos.

Nos últimos anos, foram produzidos muitos modelos informáticos em relação à COVID-19, e verificamos como estes podem redundar em erros enormes, porque se tratam de métodos essencialmente especulativos. [5]

Não obstante, o livro “Limites ao Crescimento” teve grande impacto a nível político, tornando-se num best-seller a nível mundial.

3 – Pessoas a mais?

Será que o mundo estará sobrepopulado, conforme tem sido defendido por muitos?

Então, façamos as contas:

Estima-se que actualmente, a população mundial esteja cifrada em cerca de 7,8 biliões de pessoas. A área de Espanha é 505.990 km², que são 505.990.000.000 m². Ou seja, se entregássemos cerca de 65 m² a cada homem, mulher e criança do planeta, toda a população da terra caberia no território de Espanha, deixando o resto do mundo livre de qualquer ser humano.

Metade da área do Alentejo (31.551 km² / 2), permitiria que se colocasse toda a população mundial em distanciamento social.

Prevê-se que a população estabilize nos 10 biliões, no final do século, decrescendo ligeiramente logo após, algo que parece ser perfeitamente comportável para o planeta.

4- Escassez de Recursos? A Aposta do Século

A população pode ocupar pouco espaço, mas os recursos que esta consome são excessivos. Será assim? É este o argumento que contra-ataca as alegações de que não há sobrepopulação.

Julian Simon, referido anteriormente, foi um professor universitário e economista, que se opôs às ideias apocalípticas de Paul Ehrlich. Inicialmente com uma carreira discreta, foi paulatinamente começando a aparecer de forma mais pública, no que veio a dar origem a um debate gradualmente mais aceso com Ehrlich.

Julian Simon
Julian Simon

Simon foi um escritor prolífico, publicando vários livros de Economia, muitos dos quais relacionados com esta temática, numa resposta às previsões alarmistas de Ehrlich.

No auge do debate, Simon desafiou Ehrlich para uma aposta. Uma vez que, segundo Ehrlich, os recursos iriam ficar cada vez mais escassos, à medida que eram depletados, inversamente ao aumento da população, seria lógico que o seu preço viesse a aumentar. Simon apostou que os preços ficariam mais baratos daí a uma década (seguindo a lógica do último século), e concedeu a Ehrlich a hipótese de escolher 5 recursos. Ehrlich e a sua equipa reflectiram e escolheram: Crómio, Cobre, Níquel, Lata, e Tungsténio. O valor simbólico foi de mil dólares. [16]

Uma década depois, num dia de Outubro de 1990, Simon recebeu pelo correio, na sua casa em Chevy Chase, nos subúrbios de Maryland, um pequeno envelope enviado de Palo Alto, Califórnia: um cheque com o valor da aposta. Ficava resolvida aquela que foi apelidada de “Aposta do Século”. [16]

Apesar de um aumento recorde na população mundial de 4,5 para 5,3 biliões, os preços dos cinco minerais caíram numa média de quase 50% (adaptado à inflação) e Simons provou como erradas as previsões apocalípticas. [Imagem do Post]

Esta aposta tornou-se numa arma simbólica.

Conclusão

Esta publicação é um resumo bastante incompleto acerca desta temática, deixando muitos aspectos importantes de fora, que espero sejam abordados em futuras publicações.

A histeria apocalíptica vociferada pelos [pseudo]ambientalistas tem vindo, ao longo dos tempos, a prejudicar um debate sério e racional acerca dos verdadeiros problemas ambientais, sabotando decisões sustentáveis.

Al Gore
Al Gore

As suas previsões têm falhado sistematicamente. Só para citar algumas: segundo os seus modelos matemáticos e baseando-se nas reservas conhecidas, o ouro deveria esgotar-se em 1984, o cobre e o chumbo, em 1985, o estanho em 1987 e o zinco em 1990. Já o urânio poderia faltar antes do final do século XX. [17] Em relação ao petróleo, somos constantemente alertados acerca da sua finitude. Al Gore vaticinava o derretimento total dos pólos em 2013 ou 2014. [18]

Os profetas da desgraça têm migrado de foco em foco: sobrepopulação, buraco do ozono e mais recentemente, o aquecimento global. Não obstante ser tudo mais baseado em propaganda do que ciência, fracassando em fornecer evidências das suas alegações, não se coíbem em assediar, censurar e cancelar aqueles cujas opiniões divergem, sendo estes os verdadeiros métodos utilizados, evitando o debate científico sério e rigoroso.

A existência de tais putativos problemas globais fornece justificação àqueles que desejam fortalecer entidades supranacionais, que se arrogam ao poder de interferir nas soberanias dos países, conduzindo-os para uma sociedade mais colectivista e favorecendo o empobrecimento das populações.

É o nivelar por baixo.

Fontes:

[1] «An Essay on the Principle of Population», Wikipedia

[2] “Economists, Ecologists Hotly Debating Growth vs. No Growth,” Hartford Courant, 11 de Maio de 1972.

[3] David C. Anderson, “A Careful Look at Growth as Suicide,” Wall Street Journal, 17 de Março de 1972.

[4] Max Lerner, “Just Imagine! We All Can Avoid a Certain Doomsday,” Los Angeles Times, 10 de Março de 1972.

[5] Cole et al. (1973). Models of Doom: A Critique of the Limits to Growth. Nova York: Universe Publishing.

[6] Barnett, H. J., & Morse, C. (2011). Scarcity and growth: The economics of natural resource availability. Resources for the Future Press (RFF Press).

[7] «World Dynamics: Measurement Without Data», The Economic Journal. 1 de Dezembro de 1973

[8] «Resources as a Constraint on Growth», JSTOR. Maio de 1974

[9] «Notes on “Doomsday Models”», National Library of Medicine. Dezembro de 1972

[10] «The Economics of Resources or the Resources of Economics», Springer Nature. 2008

[11] «Intergenerational Equity and Exhaustible Resources», Oxford University. 1 de Dezembro de 1974

[12] «The Economist’s Approach to Pollution and Its Control», JSTOR. 1972

[13] «Is the end of the world at hand?», Springer.1973

[14] «As projecções mirabolantes que lançaram alarmismo e conduziram ao confinamento em todo o mundo», Paradigmas. 11 de Julho de 2020

[15] «The population bomb», New York, Ballantine Books. 1968

[16] Sabin, P. (2013). The bet: Paul Ehrlich, Julian Simon, and our gamble over earth’s future. Yale University Press.

[17] Alexander King, Bertrand Schneider, Questions de survie, Paris, Calmann-Lévy, 1991.

[18] «Did Al Gore Predict Earth’s Ice Caps Would Melt by 2014?», Snopes. 17 de Abril de 2017

 

Posicionamento político: Esquerda e Direita

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Direita e esquerda
Direita e esquerda

Nota-se algum mal entendido, em relação ao posicionamento político das ocorrências dos últimos 3 anos.

Há quem considere tratar-se de um fenómeno da Esquerda, enquanto outros julgam ser tendências fascistas de Direita.

Nas suas formas mais extremas, a Esquerda (Comunismo) e a Direita (Fascismo) são ambas ideologias socialistas e colectivistas, ou seja, privilegiam o “todo” e o “bem-estar geral”, em detrimento do indivíduo. Ambas opõem-se a uma sociedade individualista (livre empreendedorismo). Em ambas, centraliza-se o poder, e há uma maior intervenção deste poder central na vida dos indivíduos.

Esquerda e Direita distinguem-se sobretudo porque uma (Comunismo) abole a propriedade privada, enquanto que a outra (Fascismo) a mantém (mas apenas na teoria, porque na prática, os meios de produção são à mesma dirigidos pelo Estado).

Portanto, tanto Esquerda como Direita são dois extremos, duas polarizações do mesmo fenómeno: os extremos tocam-se e equivalem-se.

Adolf Hitler
Adolf Hitler

Por exemplo, Hitler conseguiu mais rapidamente endoutrinar o povo alemão no seu nacional-socialismo, porque este já havia recebido anos de propaganda socialista através dos socialistas de esquerda, que viriam não obstante, a ser demonizados e tornados bodes expiatórios pelo Nazismo.

Mas a mente funciona nos extremos: quando se incompatibiliza com um, passa automaticamente para o oposto.

A nossa breve explanação é algo simplista, pois as ideologias do espectro político têm vindo a evoluir e a absorver outros parâmetros, ao longo dos anos. No entanto, mantêm a sua natureza básica.

Através dos eventos dos últimos quase 3 anos, podemos observar que a nossa sociedade ocidental, marcadamente e tradicionalmente individualista, se está a dirigir para uma realidade cada vez mais colectivista, onde o bem comum (“salvar o planeta”, “salvar o natal”, “salvar os idosos”, “salvar o Sistema Nacional de Saúde (SNS)”) se tem vindo a sobrepor aos direitos, liberdades e garantias do indivíduo. Trata-se de uma transição que tem vindo a ser obviamente facilitada / manipulada / dirigida, justificando-se através de falsos ou exagerados problemas globais.

Uma novidade do sistema para onde caminhamos, é a do controlo/vigilância pela tecnologia (Tecnocracia).

Esquerda e Direita não são um bom quadro de referência para designar o carácter político desta transição forçada, uma vez que são ambas ideologias colectivistas.

Diz-nos a História que as maiores tragédias dão-se, quando uma ideologia (um “ismo”) se sobrepõe aos direitos do indivíduo.

Os reguladores de medicamentos não protegem os doentes

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Agência europeia de medicamentos
Agência europeia de medicamentos

A história que vamos contar de seguida é um exemplo de como os reguladores não protegem os interesses dos doentes, protegendo, isso sim, os interesses da Indústria Farmacêutica.

Um caso envolvendo a Agência Europeia do Medicamento (EMA)

Em 2007, investigadores do Nordic Cochrane Centre estavam a trabalhar numa revisão sistemática de dois medicamentos amplamente utilizados para a perda de peso, o orlistat e o rimonabant. Uma revisão sistemática é o resumo por excelência da evidência sobre a eficácia de um tratamento. Fornece-nos os melhores conhecimentos possíveis sobre os verdadeiros efeitos de um tratamento, incluindo os efeitos secundários. A sua realização, porém, exige acesso a toda a evidência existente: se falta alguma, sobretudo se os dados negativos são deliberadamente difíceis de obter, ficamos com uma imagem distorcida da realidade.

Os investigadores sabiam que os dados dos ensaios que conseguiram encontrar na literatura académica publicada eram provavelmente incompletos, porque é costume os ensaios negativos não serem publicados. Mas também sabiam que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) teria em sua posse, grande parte dessas informações, uma vez que os fabricantes de medicamentos são obrigados a entregar os relatórios dos estudos ao regulador para obter uma autorização de introdução do medicamento no mercado. Como se espera que os reguladores actuem nos interesses dos doentes, os investigadores solicitaram à EMA os protocolos e relatórios de estudo. Fizeram-no em Junho de 2007.

Cochrane Nordic
Cochrane Nordic

Em Agosto, a EMA respondeu: tinha decidido não lhes entregar os relatórios de estudo desses ensaios, e invocava o capítulo do seu regulamento que lhe permite proteger os interesses comerciais e a propriedade intelectual das empresas da Indústria Farmacêutica. Os investigadores responderam imediatamente: não havia nos relatórios de estudo nada que prejudicasse a protecção dos interesses comerciais de seja quem for, explicavam. Mas, caso houvesse, será que a EMA se importava de explicar porque haveriam os interesses comerciais das empresas da Indústria Farmacêutica de se sobrepor ao bem-estar dos doentes?

Devíamos parar um momento e reflectir no que anda a EMA a fazer. É o regulador que aprova e monitoriza medicamentos em toda a Europa, com a finalidade de proteger o público. Os médicos e os doentes só podem tomar decisões significativas sobre tratamentos se tiverem acesso a todos os dados. A EMA tem-nos mas decidiu que os interesses das empresas eram mais importantes.

Esta atitude interpreta mal uma diferença crucial entre as decisões tomadas pelos reguladores e as decisões tomadas pelos médicos. Ao contrário do que alguns reguladores parecem ter em mente, um medicamento não é nem “bom” — e, portanto, no mercado — nem “mau” — e, portanto, fora dele. Um regulador toma uma decisão sobre se é do interesse da população no seu todo que o medicamento esteja disponível para uso, “sim ou não”, sempre — mesmo que só em certas circunstâncias muito obscuras, pouco frequentes e com muita cautela. Essa fasquia é colocada muito baixo e muitos medicamentos que estão no mercado (na verdade, a esmagadora maioria) poucas vezes são usados.

Um médico precisa de usar a mesma informação a que o regulador tem acesso para tomar uma decisão muito diferente: este medicamento será o indicado para o doente que tenho à minha frente neste momento? O simples facto de um medicamento ser aprovado para ser receitado não quer dizer que seja particularmente bom, ou o melhor. Com efeito, em cada situação clínica, há que tomar decisões complexas sobre que medicamento é melhor. Talvez o doente não tenha conseguido melhorar com um determinado medicamento, e o médico queira experimentar outro, de outra classe de fármacos; talvez o doente sofra de problemas renais ligeiros, e o médico não queira usar o medicamento mais popular porque provoca muitos problemas ocasionais em doentes com problemas renais; talvez queira um medicamento que não interfira com outros que o doente está a tomar.

Estas considerações complexas constituem os motivos pelos quais concordamos com a existência de uma gama de medicamentos no mercado: ainda que alguns sejam menos úteis em geral, podem ser úteis em circunstâncias específicas. Mas necessitamos de poder ver todas as informações sobre eles, para podermos tomar estas decisões. Não basta que os reguladores afirmem majestosamente que aprovaram um medicamento e que, portanto, nos devemos sentir todos felizes por um receitá-lo. Os médicos e os doentes precisam dos dados tanto quanto os reguladores.

Em Setembro de 2007, a EMA confirmou junto dos investigadores da Cochrane que não iria partilhar os relatórios de estudo sobre o orlistat e o rimonabant, e explicou que tinha uma política de nunca revelar os dados entregues como parte integrante de um processo de autorização de introdução no mercado. Surgiu um grave problema. Esses medicamentos para a perda de peso estavam a ser amplamente receitados em toda a Europa, mas os médicos e os doentes não conseguiam aceder a informações importantes sobre o modo como funcionavam, a gravidade dos efeitos secundários, qual deles era o mais eficaz e mais uma série de outras questões importantes. Devido a esta falta de informação reforçada pela EMA, doentes reais estavam a ser expostos a danos potenciais, nas decisões quotidianas de prescrição desses medicamentos.

Provedor de Justiça Europeu
Provedor de Justiça Europeu

Os investigadores recorreram ao Provedor de Justiça Europeu, apresentando duas alegações claras. Em primeiro lugar, a EMA não tinha fornecido razões suficientes para lhes recusar o acesso aos dados, e, em segundo, a declaração sintética de que os interesses comerciais deviam ser protegidos não se justificava, porquanto não existia nos resultados dos ensaios material com interesse comercial, além dos dados sobre segurança e eficácia, a que médicos e doentes necessitam obviamente de aceder. Não o sabiam nesse momento, mas tratava-se do início de uma batalha em torno dos dados que iria envergonhar a EMA e durar mais de três anos.

A EMA demorou quatro meses a responder e, ao longo do ano que se seguiu, não fez mais que reiterar a sua posição: em seu entender, qualquer tipo de informação cuja divulgação pudesse “irracionalmente lesar ou prejudicar os interesses comerciais de indivíduos ou empresas” era comercialmente confidencial. Segundo a EMA, os relatórios de estudo podiam conter informações sobre os planos comerciais para os fármacos. Os investigadores responderam que tal era pouco provável, mas que, se o fosse, a importância era marginal tendo em conta o contexto muito mais importante e premente em que se integrava: “Como consequência provável da posição da EMA, os doentes podem morrer desnecessariamente e ser tratados com fármacos inferiores e potencialmente prejudiciais.” Consideravam a posição da EMA eticamente indefensável. Além disso, afirmavam, a EMA tinha um conflito de interesses claro: os dados poderiam ser usados para contestar a sua perspectiva sobre os benefícios e riscos desses tratamentos. A EMA não conseguia explicar por que motivo o acesso de médicos e doentes aos relatórios e protocolos dos estudos poderia prejudicar os interesses comerciais razoáveis de fosse quem fosse, e por que motivo esses interesses comerciais eram mais importantes do que o bem-estar dos doentes.

Foi então que, quase dois anos depois do início deste processo, a EMA mudou de táctica. De repente, começou a argumentar que os relatórios de estudo continham dados pessoais dos doentes envolvidos. Esse argumento ainda não tinha sido apresentado pela EMA, mas também é falso. É possível que houvesse algumas informações em algumas secções inteiras dos relatórios de estudo que pormenorizassem algumas reacções estranhas ou possíveis efeitos secundários de alguns participantes individuais, mas estavam todas no mesmo apêndice, que podia ser facilmente retirado.

As conclusões do Provedor de Justiça Europeu foram claras: a EMA não cumprira a sua obrigação de fornecer explicações adequadas ou sequer coerentes dos motivos pelos quais estava a recusar o acesso a essas importantes informações. Tirou uma primeira conclusão de má gestão. Depois de o fazer, não era obrigado a fornecer mais opiniões sobre as desculpas débeis apresentadas pela EMA, mas decidiu fazê-lo mesmo assim. O seu relatório é esmagador. A EMA falhara redondamente na resposta a uma séria acusação de que a sua recusa de informação sobre esses ensaios contrariava o interesse público e expunha doentes a prejuízos. O Provedor de Justiça também descrevia como estudara pessoalmente, e em pormenor, os relatórios de estudo e como descobrira que estes não continham quaisquer informações comercialmente confidenciais nem quaisquer pormenores desenvolvimento comercial dos medicamentos. As alegações da EMA de que a anuência ao pedido lhe exigiria uma sobrecarga administrativa excessiva eram falsas, pois a agência sobrestimara o trabalho que isso teria envolvido: especificamente, explicava o Provedor, seria fácil remover quaisquer dados pessoais, nos sítios onde apareciam ocasionalmente.

O Provedor de Justiça disse à EMA que entregasse os dados ou que desse uma explicação convincente do motivo por que não o fazia. De forma surpreendente, a agência, o regulador dos medicamentos que abrange toda a Europa, continuou a recusar-se a entregar os documentos. Durante esse período, houve decerto pessoas que sofreram desnecessariamente, e é provável que algumas também tenham morrido, apenas por falta de informação. Mas o comportamento da EMA ainda se deteriorou mais, deslizando para uma situação abertamente surreal. Argumentava a agência que qualquer fragmento de informação acerca do que a empresa pensava sobre o modo de realizar o ensaio, que pudesse ser intuído a partir da leitura dos relatórios de estudo e dos protocolos, era comercialmente sensível no que dizia respeito às suas ideias e planos. Segundo a EMA, isto aplicava-se até aos Fármacos já no mercado, e as informações provinham dos ensaios clínicos finais, mesmo no fim do processo comercial de desenvolvimento do fármaco. Os investigadores responderam que isso era perverso: sabiam que os dados retidos costumam ser negativos, pelo que era menos provável que qualquer empresa informada de dados negativos sobre esses medicamentos tentasse comercializar um medicamento rival, se lhe parecesse que os benefícios dos medicamentos eram mais modestos do que inicialmente se pensava.

Europa
Europa

Porém, as coisas não ficaram por aí. A EMA também refutou altaneiramente a ideia de que havia vidas em risco, afirmando que, nessa matéria, o ónus da prova cabia aos investigadores. Penso que esta atitude é algo desdenhosa. É pura verdade que, se os médicos e os doentes não conseguem avaliar qual é o melhor tratamento, tomarão decisões piores, expondo doentes a danos desnecessários. Além disso, é óbvio que um número muito maior de académicos a emitirem juízos transparentes sobre dados de ensaios publicamente acessíveis constitui uma maneira muito mais sensata de determinar os riscos e benefícios de uma intervenção do que um seco “sim ou não” global e um sumário de um regulador. Isto é verdade para medicamentos como o orlistat e o rimonabant, mas também é verdade para qualquer medicamento, e veremos muitos casos em que os académicos detectaram problemas com medicamentos que tinham escapado aos reguladores.

Então, em 2009, um dos dois medicamentos, o rimonabant, foi retirado do mercado, por aumentar o risco de problemas psiquiátricos graves e de suicídio. Isto passou-se enquanto a EMA argumentava que os investigadores não tinham razão em afirmar que a recusa de informações estava a prejudicar doentes.

E foi então que a EMA declarou que o próprio delineamento de um ensaio aleatório constituía informação comercialmente confidencial.

Não faz qualquer sentido afirmar realisticamente que o delineamento de um ensaio aleatório controlado constitui uma peça de propriedade intelectual, comercialmente confidencial ou patenteável.

Passara a ser uma farsa. Os investigadores despejaram o saco. A EMA estava a violar a Declaração de Helsínquia, o código internacional de ética médica, que afirma que todos os indivíduos envolvidos em investigação têm o dever de tomar públicos os resultados dos ensaios. Os investigadores sabiam que os artigos publicados divulgavam um subconjunto lisonjeiro dos dados do ensaio, e a EMA também o sabia. Continuariam a morrer doentes se a EMA continuasse a reter dados. Não havia nessas informações nada com grande valor comercial. Os curtos sumários de dados que a EMA divulgara eram inexactos. A EMA era cúmplice na exploração de doentes para obtenção de lucros.

Revista Prescrire
Revista Prescrire

Estava-se em Agosto de 2009, e os investigadores lutavam havia mais de dois anos para aceder a dados sobre dois fármacos amplamente receitados, dados esses que estavam na posse da própria organização que devia proteger os doentes e o público. Não estavam sozinhos nessa luta. A revista francesa Prescrire também estava a tentar obter os documentos da EMA sobre o rimonabant. Enviaram-lhe alguns documentos sem qualquer préstimo, incluindo o notável “Relatório Final de Avaliação“, da agência sueca que tratara da aprovação do fármaco muito tempo antes. É possível ler online a sua versão integral em formato PDF. Ou melhor, não é. Na fonte [1], pode ver exactamente o aspecto que tinha o documento contendo a análise científica do medicamento que a EMA enviou a uma das publicações médicas mais prestigiadas de França. Trata-se de um insulto.

Entretanto, a Autoridade Médica Dinamarquesa tinha entregado mais de cinquenta e seis relatórios de estudo à Cochrane (embora ainda estivessem em falta mais, da EMA); uma queixa da empresa da Indústria Farmacêutica sobre esta questão tinha sido rejeitada pelo governo dinamarquês, que não via nenhum problema relacionado com informações comerciais (não havia nenhuma), nem com sobrecarga administrativa (era mínima), nem com a ideia de que o delineamento de um ensaio aleatório era informação comercial (o que dá vontade de rir). Era o caos. A EMA — que era responsável pela EudraCT, o instrumento de transparência que estava a ser mantido em segredo — estava a ficar numa situação delicadíssima. Parecia disposta a fazer fosse o que fosse para ocultar de médicos e doentes essas informações. Esse nível de secretismo é o seu comportamento habitual.

Chegamos agora ao final desta história concreta envolvendo a EMA. A agência entregou os relatórios de estudo finais, na íntegra, ao Provedor de Justiça, recordando-lhe que até o índice de cada um deles era comercial. A opinião final do Provedor não tardou depois de os documentos estarem nas suas mãos. Não continham nenhuns dados comerciais, nem informações confidenciais sobre doentes. Entreguem-nos ao público, já. A EMA, a um ritmo glacial, acordou um prazo para entregar os dados aos investigadores, médicos e doentes que necessitassem deles. A decisão final do Provedor foi publicada em finais de Novembro de 2010.[2] A queixa inicial tinha sido apresentada em Junho de 2007. Tinham sido três anos e meio de lutas, obstruções e argumentos falaciosos por parte da EMA, período durante o qual um dos medicamentos foi retirado do mercado por estar a fazer mal a doentes.

Após o estabelecimento deste precedente, os investigadores da Cochrane aperceberam-se de que estavam em boa posição para solicitarem mais relatórios de estudo, pelo que começaram a fazê-lo. A primeira área em que tentaram recolher mais documentação foi a dos anti-depressivos. Era um bom ponto de partida pois estes fármacos têm sido, nos últimos anos, o foco de alguns comportamentos particularmente maus (embora devamos recordar que a questão dos dados em falta se estende a todos os cantos da medicina). O que aconteceu a seguir foi ainda mais estranho do que a batalha de três anos com a EMA por causa da ocultação de informações sobre o orlistat e o rimonabant.

MHRA
MHRA

Os investigadores apresentaram o seu pedido à EMA, mas foi-lhes dito que os fármacos tinham sido aprovados numa época em que as autorizações de introdução no mercado eram concedidas pelos países, individualmente, e não centralmente pela EMA. Essas autorizações locais eram, posteriormente, “copiadas” para todos os países. Como era a MHRA, o regulador dos Medicamentos no Reino Unido, que detinha as informações que os investigadores queriam, teriam de a contactar para obterem uma cópia. Com o devido respeito, os investigadores escreveram à MHRA, solicitando os relatórios sobre um fármaco chamado fluxetina, e depois esperaram pacientemente. A resposta lá veio: a MHRA explicava que teria todo o gosto em disponibilizar-lhes essas informações, mas que havia um problema.

Os Documentos tinham sido todos destruídos. [3]

Isto tinha a ver, explicava a MRHA, com a política de conservação da agência: os documentos só eram conservados se tivessem um interesse particular (científico, histórico ou político), e esses ficheiros não cumpriam tais critérios. Paremos um momento para reflectir sobre quais deveriam ser os critérios. No que toca aos antidepressivos ISRS, tem havido muitos escândalos sobre ocultação de dados, o que só por si deveria bastar, mas, se recuarmos ao início deste capítulo, um deles, a paroxetina, esteve envolvido numa investigação sem precedentes, durante quatro anos, sobre a possibilidade de a GSK ser acusada criminalmente. Essa investigação da paroxetina foi a maior investigação que a MHRA realizou sobre segurança de medicamentos: aliás, foi a maior investigação de qualquer tipo realizada pela MHRA. Além disso, esses relatórios de estudo originais contêm dados de importância vital sobre segurança e eficácia. Mas a MHRA destruiu-os mesmo assim, considerando que não tinham suficiente interesse científico, histórico ou político.

Conclusão

Actualmente, é comum ouvir-se a frase “confio na ciência“. Mas a ciência depende de financiamentos avultados, e como tal, depende da motivação do financiador. São raras as investigações completamente independentes.

No caso da Indústria Farmacêutica, a motivação é o lucro.

É muito fácil enviesar um ensaio clínico, no sentido de fazer o fármaco estudado parecer mais seguro e mais eficaz, e há várias formas de o fazer: através de vários truques estatísticos, manipulação da amostra e muitos outros expedientes. O enviesamento até acontece, mesmo quando não há intenção directa de o fazer, pelo simples facto de o objectivo ser provar que o fármaco obtém bons resultados.

A transparência dos reguladores é a única proteção que temos contra estes possíveis vieses. Até entidades independentes como a Cochrane dependem dos dados fornecidos pelos reguladores. Mas como se pode verificar por esta história (e outras tantas há que poderei relatar), os reguladores parecem estar ao serviço da Indústria Farmacêutica e não dos doentes, a quem eles deveriam servir.

Os próprios médicos são vítimas desta situação, por serem privados de informação essencial para melhor poderem servir os doentes.

Perante esta realidade, o que significa quando se diz que se acredita/confia na ciência?

Fontes: 

[1] «Caviardage en guise de “transparence” : la censure d’un rapport d’évaluation du rimonabant (ex-Acomplia°) par l’Agence européenne du médicament», Läkemedelsverket

[2] Descrição do provedor de justiça europeu que encerrou o seu inquérito relativo à queixa 2560/2007/BEH contra a EMA.

«Decision of the European Ombudsman closing his inquiry into complaint 2560/2007/BEH against the European Medicines Agency», Provedor de Justiça Europeu. 24 de Novembro de 2010

[3] «Opening up data at the European Medicines Agency?, The BMJ. 10 de Maio de 2011

[4] «Bad Pharma», Wikipedia

 

Paradigma médico actual encontra-se ultrapassado

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medicina
medicina

Em 1687, Newton formulou as suas leis do movimento e gravitação universal, mostrando que os movimentos de um objecto no espaço (e.g. corpos celestes), está somente dependente da sua posição inicial, velocidade e as forças que a afectam. A teoria de Newton tornou-se a fundação da concepção mecânica do mundo que continua a prevalecer na medicina e bioquímica. Neste modelo mecânico, o mundo é reduzido a um número de elementos fundamentais, objectos, átomos ou particulas com ausência de conexão interior. São independentes e separados e podem apenas afectar-se uns aos outros através de forças físicas e gravitação.

Esta perspectiva teve um impacto tremendo que afectou todas as ciências naturais durante os 300 anos subsequentes. Os cientistas postularam que princípios semelhantes eram aplicáveis noutras ciências naturais, um ponto de vista denominado reducionismo mecânico. Se estes princípios pudessem ser formulados para cada ciência, poderiam ser feitas previsões sobre o desenvolvimento dos diferentes sistemas da mesma forma que Newton poderia prever as órbitas dos planetas e o seu tempo de revolução. Tais previsões tornar-se-iam a base do exame científico.

Só quando Pasteur descobriu bactérias em meados do século XIX é que a medicina científica começou a ser afectada pela concepção mecânica do mundo. Só no século XX é que este modelo se tornou plenamente aceite pela medicina científica, o que provocou um esforço para reduzir as causas da doença a um factor, com bactérias ou vírus como agentes.

Física quântica

Isaac Newton
Isaac Newton

No início do século XX, mesmo antes da medicina científica ter aceite completamente o modelo mecânico, os físicos já estavam a começar a formular um novo modelo do mundo. Há cerca de cem anos, foram feitas descobertas que levaram os físicos a abandonar o modelo mecânico de Newton e a formular um novo modelo: a Física Quântica. De acordo com este novo modelo, o universo forma um todo, interligado numa rede contínua de energia constituída por ondas ou quanta. A energia desta rede pode aparecer ou como partículas (quanta) ou campos (ondas). As ondas podem ser condensadas em matéria e partículas, átomos e moléculas, e a matéria pode dissolver-se em ondas ou campos electromagnéticos. De acordo com a teoria quântica do átomo, é o estado geral do átomo que organiza as suas diferentes partes, a chamada “causa descendente”.

O modelo quântico é completamente incompatível com o modelo mecânico do universo de Newton, segundo o qual, cada elemento ou objecto em particular é totalmente independente do seu contexto e o estado geral é sempre determinado pelas partes.

A física quântica não é aceite pelo paradigma actual da Medicina

A Física Quântica mudou totalmente a vida moderna. Mas dentro da medicina convencional, biologia e química orgânica, o modelo mecânico ainda é predominante. De acordo com esta concepção, o chamado paradigma bioquímico, o nível moelcular é o nível primário da vida. As moléculas são as pedras de construção básicas da vida e a comunicação entre células depende dos sinais nervosos (Visão Molecular da Vida). Os campos eléctricos e electromagnéticos dentro e à volta do organismo do corpo, que podem ser medidos por EEG e ECG, não passam de artefactos criados por processos bioquímicos.

De acordo com o paradigma físico ou biofísico quântico, o homem é principalmente energia. A transmissão de sinais no corpo não é principalmente química, mas electromagnética. Um dos pioneiros deste novo campo, o famoso laureado com o Prémio Nobel Albert Szent-Györgyi, declarou que a vida é demasiado rápida e precisa para ser explicada apenas por reacções químicas e impulsos nervosos lentos. Quando publicou um livro sobre Física Quântica em sistemas biológicos em 1960, “Introduction to a Submolecular Biology”, o livro foi rejeitado por um dos seus colegas, como “fantasias de um antigo homem brilhante, e agora, velho senil.”

Albert Szent-Györgyi
Albert Szent-Györgyi

O modelo mecânico não foi capaz de explicar como funcionam os sistemas biológicos. Os blocos fundacionais da vida são os movimentos das moléculas proteicas. Os cientistas não têm sido capazes de prever estes movimentos utilizando os princípios mecânicos de Newton. Trata-se de uma tarefa condenada à partida, porque não são os princípios mecânicos, mas as leis da Física Quântica que governam os movimentos que geram vida.

Os principais cientistas têm-se agarrado obstinadamente ao paradigma bioquímico apesar de centenas de estudos científicos demonstrarem que as “frequências e padrões específicos de radiação electromagnética regem a síntese de DNA, RNA e proteínas, alteram a forma e função das proteínas e controlam os genes, a divisão e diferenciação das células”. [1]

Há mais de 40 anos foi demonstrado que a transmissão de informação em sistemas biológicos é cem vezes mais eficaz com sinais electromagnéticos do que com sinais físicos como substâncias transmissoras e hormonas. [2]

Consequências de negar a relevância da física quântica

Robert O. Becker
Robert O. Becker

A negação obstinada da relevância da Física Quântica para a medicina tem consequências potencialmente desastrosas. Uma vez que os organismos vivos não são considerados como sendo governados por campos electromagnéticos fracos, os principais representantes do paradigma médico actual, não consideraram como a transmissão de sinais nos organismos vivos é afectada por todas as invenções que a Física Quântica tornou possíveis, o que se tem vindo a tornar numa catástrofe médica e ecológica. Houve médicos proeminentes que alertaram para esta situação desde o início. Em 1990, um dos principais investigadores mundiais sobre os efeitos dos campos electromagnéticos, o professor americano de cirurgia ortopédica, Robert O. Becker, alertou para esta evolução. Assinalou que os campos electromagnéticos fracos regulam a maior parte das funções do nosso corpo e que nos desenvolvemos em simbiose com os campos electromagnéticos naturais da terra, dos quais todos dependemos. No entanto um manancial de campos electromagnéticos artificiais tem inundado o ambiente, prejudicando tanto o homem como a natureza, uma vez que não temos qualquer defesa contra esta radiação. Segundo Becker, há cada vez mais provas de que esta situação criou um ambiente nocivo para toda a vida e de que corremos o risco de uma catástrofe se este desenvolvimento continuar o seu curso. [3]

A negação do paradigma físico quântico na medicina também obstruiu e retardou o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes fundados na física quântica. A medicina quântica funciona directamente com campos electromagnéticos fracos e frequências que regulam as nossas funções físicas e que são superiores à regulação bioquímica do corpo físico. Como foi dito acima, a medicina quântica torna a transmissão de sinais nos sistemas biológicos cem vezes mais eficaz do que os medicamentos. Além disso, as frequências utilizadas na medicina quântica são específicas, evitando assim efeitos secundários que tornam o tratamento com fármacos tão pouco seguro. Os efeitos secundários dos fármacos são a causa mais importante das chamadas doenças iatrogénicas. Em 2004, foram publicados os resultados de um estudo longitudinal (dez anos) de estatísticas oficiais dos Estados Unidos da América (EUA), que mostraram que as doenças iatrogénicas eram a causa de morte mais comum nos EUA e que os efeitos secundários dos tratamentos com medicamentos causavam mais de 300 mil mortes por ano. [4]

Conclusão

O Paradigma Médico congelou no tempo, impedindo, através dos seus guardiões (Gatekeepers), que sejam desenvolvidas novas abordagens, permitindo o livre fluxo do desenvolvimento tecnológico. Ao invés, agarra-se ciosamente à sua ortodoxia, ostracizando os heréticos que ousem extrapolar, ainda que tangencialmente, os seus criteriosos dogmas.

É óbvio que isto não é alheio ao facto do actual paradigma médico se ter estabelecido, com base numa poderosa indústria com interesses económicos bem enraízados, que se estendem às universidades, à comunicação social e a poderosos lobbies nos governos e reguladores.

Como diria Upton Sinclair, “é difícil a alguém perceber algo, quando o seu ordenado depende de não perceber.”

Fontes:

[1] Lipton, Bruce (2008). The Biology of Belief, 2005.

[2] «Resonance in Bioenergetics», Annals. Fevereiro de 1974

[3] Becker, R.O. (1990) Cross Currents. Jeremy P Tarcher Inc., Los Angeles.

[4] Gary N, Carolyn D, Feldman M, Rosio D. (2005). Death by medicine. J Orthomol Med., 20: 21–34.

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