Formada em 1872 por cinco jornalistas de São Francisco como um clube social apenas para homens, o Bohemian Grove é hoje uma das sociedades mais prestigiosas (e, segundo alguns, dissolutas) dos Estados Unidos. A sua lista de espera já vai nas centenas e os seus membros incluem importantes Republicanos e muitos directores, financeiros globais e executivos de companhias milionárias.
Membros actuais e antigos incluem todos os Presidentes Republicanos desde Herbert Hoover (incluindo Richard Nixon, Ronald Reagan e George W. Bush), William F. Buckley Jr., Frank Borman, Justin Dart, William Randolph Hearst Jr., Caspar Weinberger, Charles Percy, George Schultz, Edward Teller, Merv Griffin, Colin Powell, Henry Kissinger e Newt Gingrich.
Mary Moore, um porta-voz do Bohemian Group Action Network, descreveu-o como “uma das organizações mais elitistas do planeta.”
Todos os Outonos, o Acampamento Anual de Verão do Bohemian Grove (que Herbert Hoover descreveu como “a melhor festa de homens do mundo”) é realizado no Bohemian Grove (o Bosque do Grupo da Boémia), de 1.100 hectares, em Monte Rio, cerca de 115 km a Norte de São Francisco. Encontram-se para defender o que chamam de “o espírito da Boémia”: uma oportunidade para os homens mais poderosos dos Estados Unidos e de alguns outros países se reunirem e trocarem ideias na melhor tradição de elitismo de (maioritariamente) homens brancos. E uma sala de fumo transportada para a floresta.
Muitas questões políticas centrais não são decididas no Congresso, mas aqui, em privado. O seu mote Shakespeariano, “aranhas feias não fiqueis perto,” parece desencorajar os membros de intrigas e acordos de bastidores, mas a realidade é o oposto. Por exemplo, foi no Grove que, em 1967, Ronald Reagan concordou com Richard Nixon em ficar de fora das nomeações para as presidenciais seguintes.
Uma das características do retiro são as conversas diárias na margem do lago, onde importantes oradores falam sobre questões geopolíticas, longe do escrutínio do público e do processo democrático. Peter Phillips, Professor Associado de Sociologia na Universidade Estatal de Sonoma, indica que estas conversas incluem tópicos como “os perigos do multi-culturalismo, o Afrocentrismo e a perda das fronteiras familiares” e exprime sentimentos como a importância das elites para os definir a eles próprios, e, estabelecer valores ou “padrões de autoridade” para controlar as massas “não qualificadas”.
Dentro dos terrenos do Grove existem mais de 100 campos separados com nomes como Whiskey Flat, Toyland, Owl’s Nest, Hill Billies e Cave Man’s, cada um com a sua própria cozinha, bar e dormitórios (tendas e cabanas de pau-brasil). Um dos principais eventos é a peça do Grove, escrita exclusivamente para o clube ou baseada nas mitologias shakespeariana ou grega, sendo todos os papéis femininos desempenhados por travestis. O secretismo do Grove encorajou, inevitavelmente, grande especulação sobre o que realmente lá acontece. No extremo do espectro das críticas contra o clube, há rumores de ritos bizarros e de práticas imorais que envolvem o Controlo da Mente e a prostituição. O repórter Alex Jones afirma que se infiltrou no Bohemian Grove com uma câmara de vídeo digital escondida e gravou rituais arcanos (para mais informações veja a sua página na Internet www.infowars.com). Jones diz ter provas de um ritual secreto envolvendo o culto de uma esfinge de pedra gigante chamada a Great Owl of Bohemia.
O Clube da Boémia é, pelo menos, uma oportunidade para os líderes do mundo forjarem relações, construírem laços internos e espalharem informação Política bem longe dos olhos e ouvidos dos cidadãos cujos interesses dizem defender. Os rumores nefandos podem ser o produto de imaginações demasiado férteis, ou outro exemplo de secretismo a gerar o medo da Corrupção; pode até ser uma cortina de fumo para nos esconder a possibilidade de a democracia estar a ser gradualmente corroída.
Fonte: Livro: «O Manual das Sociedades Secretas» de Michael Bradley