CIA: Programa PHOENIX

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1969
Programa Phoenix da CIA - Phung Hoang (Vietnamita)
Programa Phoenix da CIA - Phung Hoang (Vietnamita)

O programa Phoenix tinha como alvo principal a estrutura Política e de propaganda do Vietcongue infiltrada no Vietname do Sul. Após a ofensiva do Tet, na Primavera de 1968, uma grande quantidade de «adormecidos» do Vietcongue entraram em actividade para desferir golpes de mestre contra as unidades do Vietname do Sul: contra a polícia sul-vietnamita em particular e contra a administração de Saigão em geral. A sua intenção era organizar uma guerrilha nas principais cidades sul-vietnamitas e desencadear uma revolta popular. O programa Phoenix e os espiões de Colby dedicar-se-iam a tirar estes «adormecidos» das suas tocas e executá-los.

O novo programa da CIA adoptou como emblema o animal sagrado que lhe dava o nome (Fénix), presente na cultura tradicional vietnamita. Símbolo de paz e prosperidade para os vietnamitas, a Fénix era também um animal que foge ao mais pequeno sinal de perigo. Era assim que William Colby via os vietnamitas. “Fugiam quando as coisas se tornavam duras para eles, deixando-nos a nós [a CIA] a tarefa de fazer o trabalho sujo.”

Para os ocidentais a Fénix simboliza o que renasce das cinzas, mas por trás da imagem poética encontrava-se também a sórdida realidade de uma grande operação de contra-insurgência dirigida pela CIA, a que se reprovou a falta de discernimento na definição dos objectivos, a brutalidade e, em geral, a falta de eficácia no momento de contrariar a hostilidade.

Ainda que vários historiadores sejam unânimes em situar o início do programa Phoenix em 1967, é realmente em Janeiro de 1968 que a CIA decide dar ao programa um «toque» mais norte-americano.

Até então, a CIA ocupara-se a combater com todos os meios ao seu alcance a ascensão do comunismo no Sudeste Asiático logo após a derrota francesa em Dien Bien Phu. Quando a guerra começou em 1965, os postos da CIA pelo mundo usaram os melhores operacionais para construir a importante força da instituição em Saigão, actuando a coberto da designação OSA (Office of Special AssistanceDepartamento de Assistência Especial) com sede na embaixada dos Estados Unidos. Os operativos do OSA chegavam a quase um milhar de agentes, dos quais entre 600 e 700 eram agentes contratados. O OSA estava dividido em programas dedicados à recolha de informações, assuntos políticos e operações secretas. Uma das operações mais famosas que os agentes da CIA desenvolveram nos inícios do programa Phoenix não ocorreu no Vietname, mas sim no Laos.

Ai, os espiões norte-americanos dedicaram-se a organizar um exército entre os membros da tribo dos Meos, sob o comando do general Vang Pao. A sua missão, com a ajuda da CIA, era combater o Pathet Lao e os seus aliados do Vietname do Norte. Quando a Guerra no Vietname se agravou, o exército dos Meos desenvolveu uma campanha ainda mais agressiva para efectuar ataques constantes contra as escoltas militares norte-vietnamitas que circulavam pela chamada Rota de Ho Chi Minh.

As operações paramilitares da CIA em território vietnamita começaram no início da década de 1970, quando a instituição treinou unidades nativas para patrulhar as montanhas do centro do país.

Curiosamente, estes grupos eram treinados por assessores das Forças Especiais norte-americanas que trabalhavam para a CIA; tinham como objectivo ocupar-se das operações secretas dedicadas a recolher informação do outro lado da fronteira, principalmente no Camboja e em Laos. Os «montanheiros» da CIA tinham menos êxito nas suas incursões no Vietname do Norte.

Em 1968, nove grupos de «montanheiros» da CIA com um total de 45 vietnamitas foram abandonados à sua sorte. Alguns deles renderam-se, outros foram capturados e executados, outros morreram à fome e apenas uns poucos foram evacuados por helicópteros norte-americanos no início de 1970. Era evidente que a CIA precisava de criar o seu próprio programa operacional no Vietname. Em Janeiro de 1968 nascia o chamado programa Phoenix. O seu arquitecto seria Nelson Brickham.

Programa Phoenix
Programa Phoenix

Em 1949 juntara-se à CIA, sendo destacado para o Diretório de Informação. Seis anos mais tarde seria transferido para a Divisão de Operações, onde se especializou em assuntos da Rússia soviética. Pouco a pouco, Bríckham foi adquirindo grande experiência em propaganda e recrutamentos, além de ir desenvolvendo programas e operações clandestinas de contra-insurgência.

No Verão de 1965 apresentou-se como voluntário para o Vietname e na Primavera de 1966 já ocupava o cargo de chefe de operações de campo da secção de intermediários de espionagem no posto de SaigãoBrickham operava de um anexo na embaixada dos Estados Unidos e de um pequeno escritório no Centro Nacional de Interrogatórios da Divisão Especial da Polícia Vietnamita.

Nelson Brickham dirigia uma equipa de funcionários veteranos da CIA que, por seu lado, trabalhavam com responsáveis da Divisão Especial espalhados pelas 44 províncias do Vietname do Sul. Os oficiais vietnamitas operavam não como agentes de espionagem, mas como detetives de um qualquer departamento de polícia de uma grande cidade. Os agentes norte-americanos e os «assessores» militares estavam incumbidos de dirigir os centros clandestinos de interrogatórios da CIA, onde todos os dias se torturavam dezenas de pessoas de nacionalidade sul-vietnamita suspeitas de dar cobertura a infiltrados do Vietcongue.

No início de 1968 William Colby foi enviado ao Vietname com a missão especial de dirigir desde o seu gabinete no sétimo andar da embaixada dos Estados Unidos, na Rua Thong Nhut, os programas conhecidos como CORDS (Civil Operations and Rural De-velopment SupportOperações Civis e Apoio ao Desenvolvimento Rural). Realmente, as CORDS eram os antecessores do programa PhoenixColby chegava ao Vietname com o cargo de embaixador, o que indicava que para a administração do presidente Lyndon B. Johnson os programas secretos da CIA eram absolutamente necessários para alcançar o êxito do esforço bélico norte-americano no Sudeste Asiático.

William Colby e Nelson Brickham puseram mãos à obra e criaram três programas dentro das CORDS:

  • Hamlet Informant Program (HIP), que trabalhara com delatores. Os agentes da CIA e da Secção Especial dedicavam-se a recrutar informadores e delatores. O trabalho mais perigoso era recrutá-los no submundo de Saigão, e na maior parte dos casos as pessoas denunciadas por estes indivíduos eram inocentes. Muitos deles trabalhavam por dinheiro e a CIA pagava-lhes por cada pessoa denunciada que fosse realmente um informador do Vietcongue. Apenas pagavam se o detido confessasse.
  • Province Interrogation Center (PICProgram. A CIA construiu uma câmara de tortura em cada uma das 44 províncias do Vietname do Sul. Encarregou-se da construção a firma de arquitectos Pacific Architects & Engineers, especialistas em construção de bunkers e prisões. Os agentes e operacionais da CIA dedicavam-se a sequestrar dirigentes políticos, estudantis, sindicalistas ou jornalistas próximos da ideologia dos norte-vietnamitas e recluíam-nos nos centros do PIC. Aí, depois de submetidos a torturas durante semanas, eram executados ou postos em liberdade sem chegarem a ser acusados. A verdade é que esta última situação raramente acontecia, uma vez que os centros do PIC eram «altamente secretos» e portanto a sua localização ou existência não podiam ser reveladas. No âmbito do PIC trabalhou-se com os altos-comandos detidos do Vietcongue e inclusive os desertores do Exército norte-vietnamita.
  • Penetrations Vietcong Infrastructure (PVI). Consistia em atacar a própria infraestrutura do Vietcongue, mediante pressão sobre os familiares ou as aldeias onde tinham nascido os seus membros. O próprio Nelson Brickham  ocupar-se-ia pessoalmente de dirigir o PVI, com efectivos sul-vietnamitas da Secção Especial. Os responsáveis da CIA treinavam os oficiais da Secção Especial em matéria de penetrações em território inimigo e em técnicas de «ataque e retirada», em sistemas de interrogatórios de suspeitos e no recrutamento de informadores.

Por exemplo, quando efectivos do PVI detinham um suspeito de membro do Vietcongue, torturavam-no durante dias até conseguirem arrancar-lhe o nome da sua terra natal e os nomes dos familiares.

Programa Phoenix
Programa Phoenix

De seguida, efectivos vietnamitas sob ordens da CIA realizavam uma incursão e capturavam vários dos familiares do detido. Os familiares, a maioria mulheres uma vez que os homens estavam mortos ou já faziam parte das fileiras do Vietcongue, eram despidos diante do detido e atados a uma mesa de barriga para baixo.

Então, o suposto membro do Vietcongue era submetido a interrogatório por operacionais da CIA enquanto as mães, as irmãs ou as filhas eram violadas diante dele por agentes da Secção Especial. Quer confessassem, quer não, os prisioneiros eram geralmente executados com um tiro na cabeça e os seus corpos eram largados no meio da selva.

Este último programa provocou as maiores contendas no posto da CIA em Saigão. No âmbito do PVIBrickham designara um responsável da CIA para dirigir cada um dos subpostos da instituição nas 44 províncias sul-vietnamitas, responsável que também dirigia os interrogatórios a suspeitos. Por outro lado, John Limond Hart, ex-chefe da Divisão da Europa Ocidental da CIA e agora chefe do posto de Saigão, decidira organizar o seu próprio programa de acção secreta, destacando um paramilitar para cada uma das províncias. Para coordenar este programa, Hart nomeou o seu braço-direito, Tom Donohue. O mais curioso de tudo é que por vezes os homens de Donohue prendiam, torturavam e executavam um informador de Brickham e vice-versa. Sobre Hart, o escritor Joseph Trento escreve em «The Secret History of the CIA»: “Era um absoluto viciado. […] Quando esteve no Vietname passava metade do dia a tomar comprimidos e meio drogado. Muitas vezes era incapaz de se levantar da cama, o que obrigava o seu braço-direito a tornar-se responsável por questões políticas importantes.”

Outro ponto curioso e que mostra a dura competição no posto da CIA em Saigão é que enquanto o programa de Hart dispunha de um orçamento de 28 milhões de dólares, o de Brickham não recebia mais de um milhão de dólares. Certo é que o programa concebido por Nelson Brickham era muito mais eficaz que o de Hart, uma vez que para levar a cabo operações clandestinas dentro do PVIBrickham utilizava pessoal vietnamita, ao passo que para realizar o seu programa Hart utilizava paramilitares, na sua maioria cubanos que tinham sobrevivido ao fiasco da Baía dos Porcos e que não sabiam nada de como operar na selva asiática.

Esta concorrência entre John Hart e Nelson Brickham terminou com a chegada de William Colby. No fim do mês de Janeiro de 1968 decidiu-se unificar todos os programas de operações secretas da CIA no Vietname num só programa que ficaria com o nome Phoenix.

Este programa, estabelecido entre 1968 e 1971, tinha um objectivo muito claro: «Identificar e destruir» o aparelho comunista no Vietname do Sul. O programa Phoenix era realmente um esforço conjunto entre a CIA, o Exército dos Estados Unidos, a Divisão Especial da Polícia do Vietname do Sul e a Organização Central de Informação do Vietname para acabar com a infraestrutura do Vietcongue.

Como primeira medida a CIA estabeleceu unidades especiais, denominadas PRU (Provincial Reconnaissance UnitsUnidades Provinciais de Reconhecimento). Estas unidades formadas por paramilitares eram incumbidas, no âmbito do programa Phoenix, de atacar o Vietcongue no seu próprio terreno, ou seja, nas zonas rurais. Os membros eram recrutados entre grupos de voluntários sul-vietnamitas especialmente motivados pelo ódio aos comunistas.

As PRU eram realmente a linha da frente do programa Phoenix e operavam com as forças especiais da Marinha norte-americana, conhecidas como SEAL. Desde Fevereiro de 1968 o programa Phoenix tornou-se simplesmente uma operação secreta destinada à tortura e assassínio de civis nas mãos dos paramilitares das PRU sul-vietnamitas e dos SEAL norte-americanos.

O programa Phoenix, no início batizado Icex (Intelligence Co-ordination and ExploitationCoordenação e Exploração de Informação), aparecia no topo da pirâmide sob o comando do Exército, mas tinha a sua própria cadeia de comando. A chave era a liberdade de acção dos pequenos grupos operacionais distribuídos nos distritos e nas províncias, frequentemente sob a direcção de um assessor Phoenix da CIA. O programa Phoenix, ainda que estritamente militar, era chefiado por William Colby no posto da CIA em Saigão.

Ao passo que para os militares o programa Phoenix estava destinado a contrariar a influência do Vietcongue nas áreas rurais, para os responsáveis e operacionais da CIA era uma licença para matar, torturar, violar e executar prisioneiros de Guerra.

Dentro do novo programa da CIA existiam equipas especiais conhecidas como CT (Counter-Terror TeamsEquipas Contraterroristas), formadas por três homens que operavam de forma independente, sem prestar contas a nenhum chefe de subposto. As equipas eram formadas por um atirador, um observador e um especialista em comunicações. Estas unidades Phoenix submetiam o suspeito a uma vigilância intensiva assim que tivessem recebido informação de um infiltrado do programa HIP. Se durante esta vigilância o suspeito se reunisse com pessoas presumivelmente membros do Vietcongue ou do seu aparelho de apoio, a unidade Phoenix recebia luz verde do posto da CIA em Saigão. Isso significava que o «suspeito» deixara de o ser e tornava-se um «alvo». Um tiro certeiro acabava com a sua vida. Calcula-se que cerca de 3.000 civis fossem «executados» pela CIA desta forma, no âmbito do programa Phoenix.

Com o passar dos meses e devido à sua eficácia, as equipas de atiradores receberam autorização de Colby para se infiltrarem em território do Vietname do Norte e atacar alvos militares de alto grau e funcionários da administração comunista de Hanói. Não existem números exactos nem oficiais de baixas provocadas por estas CT no Vietname do Norte, mas calcula-se que possam ter chegado a meio milhar de alvos «neutralizados».

Campanhas de Assasínio da CIA no Vietname
Campanhas de Assasínio da CIA no Vietname

Não obstante, os assessores e arquitectos do programa Phoenix, que no início dependiam na sua grande parte da CIA, foram substituídos pouco a pouco por membros do Exército maioritariamente procedentes das forças especiais antes de o programa entrar na fase de «vietnamização», até 1971. Os militares norte-americanos estavam decididos a transferir o comando do programa Phoenix para os sul-vietnamitas.

No momento culminante da guerra, o Vietname era já um grande teatro de operações executadas pelo Exército dos EUA, a CIA e o Organismo para o Desenvolvimento Internacional. Chegavam todos os dias ao país asiático centenas de civis norte-americanos que olhavam para o Vietname como uma colónia dos Estados UnidosJohn Sherwood, director de Operações Secretas no posto da CIA em Saigão, chegaria a dizer na altura: “Os vietnamitas [do Sul] viam-nos como imperialistas, não como companheiros de luta, aliados ou salvadores.”

Proposto pela CIA e aceite pelo Estado-Maior, o programa Phoenix, que começou a funcionar de forma progressiva em Janeiro de 1968, tinha como objectivo o ambicioso sistema de procura e centralização de informação, com uma capacidade de reacção militar rápida. Do lado da CIA, a concepção do programa Phoenix era responsabilidade de William Colby, que tinha chegado a Saigão com o encargo especial do presidente Lyndon B. Johnson e do DCI Richard Helms de revitalizar a contra-insurgência em todo o território do Vietname do Sul.

Um dos maiores triunfos do Phoenix foi o seu programa de «conversão» de dirigentes do Vietcongue, chamado «Chieu Hoi». Deve-se a este programa um terço das «neutralizações» de membros da resistência realizadas entre Setembro de 1970 e Fevereiro de 1971, o qual não incluía pessoas presas há menos de um ano. Desgraçadamente, a sua eficácia era proporcional ao nível de infiltração e corrupção das forças sul-vietnamitas implicadas. O Chieu Hoi consistia simplesmente em pagar grandes quantidades de dinheiro a responsáveis de categoria média e superior do Vietcongue infiltrados em núcleos urbanos sul-vietnamitas e convertê-los em aliados. O Chieu Hoi foi um triunfo pessoal de Colby.

O futuro director da CIA tinha muito claro que o objectivo final do programa Phoenix era acabar com a «Infraestrutura do Vietcongue». O programa desenvolveu-se até Janeiro de 1971, mas a CIA começou a desligar-se dele progressivamente devido às fortes críticas recebidas tanto no Vietname do Sul como nos Estados Unidos pelas operações secretas, que pareciam cada vez mais numerosas e sangrentas contra a população civil.

Para o mês de Agosto de 1971, quando a CIA já tinha transferido o domínio total do programa Phoenix para os sul-vietnamitas, a instituição contava no país asiático com 706 assessores militares e civis. Apesar de tudo, o plano foi reagrupado no seu conjunto sob o apelo vietnamita de «Phung Hoang». O Exército regular, as forças especiais e a polícia sul-vietnamita tomaram o comando do Phoenix, mas os serviços secretos sul-vietnamitas mostravam-se bastante ineficazes em tarefas clandestinas.

27 de Janeiro de 1973 assinavam-se em Paris os acordos de paz para o Vietname. Os EUA tinham dois meses exactos para retirar todas as forças militares do país asiático. Acredita-se que o programa Phoenix criado pela CIA e transferido para os vietnamitas em 1971 continuou vigente até à queda de Saigão, a 30 de Abril de 1975.

O processo de revisão do programa Phoenix, levado a cabo entre 1973, ano da retirada do Exército norte-americano do Vietname, e 1975, ano do fim do conflito, demonstra que como qualquer operação de contra-insurgência em que se esperava submeter a população, o programa Phoenix teria tido maior êxito caso a CIA tivesse procurado o apoio da população do Vietname do Sul nos primeiros momentos da insurreição, em vez de a tornar testemunha das atrocidades e dos assassínios colectivos perpetrados pelos seus operacionais. No fim da Guerra do Vietname, a população do Sul odiava de igual forma os comunistas e os norte-americanos.

Enquanto o general William Westmoreland era o perfeito retrato do fracasso dos militares norte-americanos no VietnameWilliam Colby foi o retrato do fracasso da CIA no país asiático. Numa carta do próprio William Colby, com a data de 11 de Janeiro de 1972, dirigida a Lloyd Shearer, editor da revista Parade, e registada na página 00667 das «Jóias de Família», o ex-director da CIA e antigo chefe do programa Phoenix garante:

  • a.)CIA não cometeu nem usou assassínios políticos como arma.
  • b.) A operação Phoenix não foi levada a cabo pela CIA mas sim pelo governo do Vietname com o apoio de elementos das CORDS do Comando de Assistência Militar dos Estados Unidos em coordenação com alguns organismos norte-americanos, incluindo a CIA.
  • c.) A operação Phoenix não é e não foi um programa de assassínios. Pelo contrário, o aparelho do Vietcongue atentou contra o governo do Vietname mediante a eliminação dos seus dirigentes. Ainda assim, é possível que vários dos seus responsáveis [do Vietcongue] fossem detidos ou convidados a desertar, mas muitos deles foram mortos em combate durante as operações militares ou por resistirem à detenção. Há uma grande diferença nisso, não meramente de grau, entre estas baixas de combate (acontecem sempre alguns abusos) e as vítimas da campanha sistemática terrorista do Vietcongue a que o senhor Scott se refere.

É evidente que Colby mentia nas três afirmações. Depois de dar por finalizado o programa Phoenix, quase 38.000 suspeitos tinham sido detidos, dos quais 17.000 tinham sido postos em liberdade e 20.587 sequestrados, torturados, executados, massacrados, liquidados ou esquartejados, e os seus restos espalhados pelas selvas do Sudeste Asiático. Os restantes foram assassinados pela polícia sul-vietnamita ou por outros organismos. William Colby vangloriava-se entre os seus colegas da comunidade dos serviços secretos de ter sido um dos arquitetos deste programa de execuções de alvos inimigos por parte da CIA.

Campanhas de Assasínio da CIA no Vietname
Campanhas de Assasínio da CIA no Vietname

Os dados relativos ao programa Phoenix nas «Jóias de Família» provêm da carta manuscrita do próprio William Colby e dirigida a Lloyd Shearer, desde a página 00686 à 00693. Várias versões desta carta aparecem dactilografadas e corrigidas pelo próprio Colby, nas páginas 00666,00667,00668,00670,00671,00673,00675, 00679,00682 e 00685. Os pontos que William Colby deseja deixar claros na carta (a, b e c) sobre o programa Phoenix estão escritos à mão nas páginas 00676 e 00677 das «Jóias de Família». Também aparece uma referência ao programa Phoenix em relação ao escritor e ex-analista da CIA Victor Marchetti, na página 00306, na data «30 de Janeiro de 1973».

Fonte: LIVRO: «CIA – Jóias de Família» de Eric Frattini

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