Círculo vicioso entre as cores dos Governos e a Corrupção

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Circulo vicioso entre Partidos
Circulo vicioso entre Partidos

Importa fazer uma ressalva quanto às circunstâncias temporais e políticas: o PSD e o CDS-PP integraram o ex-Governo em funções, daí a predominância de ligações políticas a esses dois partidos nas nomeações para cargos dirigentes. Quando o Governo muda de cores políticas, os critérios para a nomeação de dirigentes tendem a acompanhar tal mudança. Há como que uma inversão de papéis: os partidos que estão no poder nomeiam os seus dirigentes e militantes, perante as críticas dos partidos da oposição; por sua vez, quando os partidos da oposição assumem o poder, não deixam de fazer quase exactamente aquilo que criticaram anteriormente. E para dissimularem a inversão recorrem à «novilíngua» orwelliana.

É um círculo vicioso que gera instabilidade na Administração Pública, pois um dirigente que é nomeado por critérios políticos, mais do que por mérito ou competência, estará sempre dependente da permanência no poder de quem o nomeou. E assim sucessivamente, até que um novo Governo demonstre a coragem e independência necessárias para contrariar o sistema (a “laranja mecânica” de Anthony Burgess) e impor uma “meritocracia”. O problema está a montante, nas promessas que os líderes partidários – por entre redes de caciquismo, cumplicidade e clientelismo – têm de fazer para alcançar o poder.

Fonte: LIVRO: «Os Privilegiados» de Gustavo Sampaio

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