Como a Goldman Sachs despoletou uma tragédia grega

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Goldman Sachs na Grécia
Goldman Sachs na Grécia

Em 4 de Março de 2010 foi lançado um artigo no site Alternet.org, um site e revista americano de imprensa independente. O artigo foi escrito por Jim Hightower, um comentador de rádio, escritor e orador americano.

O artigo explica como é que a empresa financeira Goldman Sachs teve influencia na crise actual, e de forma mais detalhada, como participou no desencadeamento da crise grega.

O artigo:

A dívida esmagadora da Grécia explodiu numa crise de grandes proporções, com o país à beira do impensável: o fim de uma nação soberana. Tudo graças à Goldman Sachs

Outro navio de carga com base na Grécia e toda a sua tripulação foram recentemente sequestrados por piratas somalis, custando como resgate aos proprietários gregos uma soma não revelada, mas que se considera avultada.

Tais actos contínuos de pirataria ao largo da costa da Somália têm atraído a atenção da imprensa convencional. Mas os mesmos falcões de notícias perderam (ou ignoraram) um caso de roubo muito mais descarado e de muito maior duração na Grécia, perpetrado por ladrões vestidos com Gucci, que são mais sofisticados do que os piratas comuns – sendo, no entanto, à mesma, desprovidos de moral.

Refiro-me – a quem mais poderia ser? – aos altos financeiros de Wall Street. Mais especificamente, à Goldman Sachs.

A Goldman Sachs, um conglomerado financeiro global e o maior feudo bancário na América, é conhecido no nosso país pela sua arrogância, pela sua ética corporativa de vale-tudo, que é surpreedentemente avarenta, mesmo avaliando pelos padrões dissolutos de Wall Street. A firma é vilã o suficiente para passar muito bem por um Reality Show, talvez intitulado “Banqueiros que se portam mal”. Alguns destaques:

  • Durante a última década, os “magos” da Goldman foram particularmente criativos na elaboração de grande parte dos artifícios de investimento que enriqueceram os “feiticeiros” de Wall Street como eles próprios, ao mesmo tempo que a nossa economia era conduzida à sua destruição.
  • Em 2006, o CEO da Goldman Sachs foi considerado um génio, tendo mesmo sido nomeado Secretário do Tesouro, não tendo demorado muito até lhe ter sido entregue a tarefa de consertar a desordem que o mesmo ajudou a criar. A sua “solução de génio” foi o recurso desesperado à carteira do contribuinte americano, sacando montantes multi-milionários, que resgataram Wall Street, mas deixaram a nossa economia em frangalhos.
  • Ao invés de pedir desculpas pelos seus erros e usar os seus fundos para acelerar empréstimos às famintas empresas de crédito americanas, os financeiros debochados da Goldman Sachs regressaram de imediato ao mesmo velho jogo global de dados de alto-risco que causaram o “crash” nos Estados Unidos, sendo que desta feita rolaram os dados com as “costas protegidas” pelas contribuições dos nossos cidadãos.
  • Alimentada por uma infusão de fundos federais, os executivos da Goldman Sachs declararam este ano, um lucro de mais de 16 biliões de dólares, que terá sido imediatamente dispensado como bónus para si mesmos.
  • Para manter a “festa” em andamento, a Goldman Sachs criou um lobby que luta furiosamente em Washington para “matar” projectos de lei regulatórios que poderiam meter-se no caminho da sua ganância destrutiva.
  • Movendo-se por mera ganância e narcisismo evidente, o actual CEO da Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, proclamou que o seu bónus bonança é garantido, por estar ele a executar o “trabalho de Deus“.

Talvez ele se estivesse a referir a um dos Deuses Gregos. Acontece que, durante a última década, a Goldman Sachs também tem praticado a sua bem conhecida ética na Grécia, uma nação há muito mergulhada num mar de dívidas.

Em 2001, os “alquimistas” financeiros da Goldman Sachs formularam um esquema para permitir que o governo grego pudesse ocultar do público e dos superintendentes de orçamento da Comunidade Europeia, a extensão da sua dívida em crescendo. Sob este acordo diabólico, a Goldman Sachs financiou capital novo de investidores “super-ricos” directamente para os cofres do governo.

Muito bom! Não tão bom assim, no entanto, é que, em troca, os governantes gregos concordaram secretamente que os investidores iriam receber 20 anos de renda da receita anual de activos públicos tais como aeroportos gregos. Por outro lado, a Goldman Sachs, pelo seu envolvimento no negócio, embolsou 300 milhões de dólares em honorários pagos pelos contribuintes involuntários do país.

O gigante financeiro apelidou o seu esquema financeiro de aeroportos de “Éolo“, recordando o antigo deus grego do vento – e, com toda a certeza, qualquer benefício financeiro a longo prazo para a Grécia, voou com o vento. Ao ocultar o facto de que as receitas futuras do governo haviam sido reclamadas por investidores secretos, os banqueiros da Goldman Sachs fizeram com que a folha de orçamento do país parecesse muito mais optimista do que realmente era, permitindo que os governantes gregos continuassem a gastar como se não houvesse amanhã.

No mês passado, no entanto, o amanhã chegou. A esmagadora dívida grega explodiu numa crise de grandes proporções, tendo os seus líderes perdido a sua credibilidade, e o país chegado à beira do impensável: o fim de uma nação soberana.

Então, quem é que está a ser punido pelo belo cozinhado forjado pelos políticos gregos e aproveitadores oportunistas da Goldman Sachs em conjunto? O povo, como é óbvio – Tal como aqui! Os gregos agora enfrentam profundos cortes salariais, aumento de impostos e a eliminação de serviços públicos, pois só assim o seu governo conseguirá pagar as dívidas que o povo nem sequer sabia existirem. Entretanto, a conflagração financeira da Grécia está a colocar em risco a estabilidade da moeda europeia e provocando oscilações nos sistemas financeiros em todo o mundo (incluindo o nosso). Tudo isto para que um punhado de especuladores globais possa enriquecer.

Obrigado, Goldman Sachs.

Fonte: AlterNet

Artigo Original: AQUI

1 COMENTÁRIO

  1. Im looking for a book that tetrags this very topic I think its titledThe Bubble Corporation?The bubble Company?I heard an interview like this within the last year where the author had described GSachs as the architect of almost all dangerous investment bubbles of the last cerntury complicit in this is the Fed Bank, Reserve and every administration that continues to appoint X GSachs employees as Fed Chair or policy advisors etc.If you know of the book pleaserespond to my email

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