Mostrámos até agora que as comissões de ética, as universidades e os organismos profissionais de investigadores médicos não cumpriram os seus compromissos de proteger doentes dos enviesamentos de publicação, embora a não publicação selectiva de dados negativos seja um problema grave para a medicina [1]. Sabemos que distorce e mina cada decisão que os investigadores, médicos e doentes tomam, e que expõe desnecessariamente os doentes a sofrimentos e morte. Como esta questão não é seriamente refutada, é razoável esperar que os governos, os reguladores e as publicações médicas tenham tentado resolvê-la.
Tentaram, e falharam. Mais grave do que terem falhado é o facto de terem fornecido, repetidas vezes, aquilo que poderíamos considerar “falsas soluções”: temos assistido a pequenas alterações em regulações e práticas, anunciadas com grande ostentação, e a seguir ignoradas ou contornadas. Isto tem proporcionado garantias falsas a médicos, académicos e público de que o problema foi resolvido.
NOTAS:
[1] Nos artigos: «O controlo da Indústria Farmacêutica sobre os dados obtidos na investigação académica» e «Porque desaparecem os ensaios negativos nas investigações?»