Quando se referiu que a única forma de desconfinar seria adoptar uma política de testagem massiva, tornou-se óbvio que essa era a maneira de manter Portugal paralisado.
A precisão da estatística dos testes de despiste depende de alguns factores como a Sensibilidade e Especificidade, mas também outro do qual os nossos estimados “especialistas” se esquecem recorrentemente, que é a Prevalência. [6][1]
Mesmo que a Especificidade do protocolo de testagem PCR para o SARS–CoV–2 seja 97% conforme avançou o Instituto Ricardo Jorge, [3] com uma Prevalência de 1%, isso dá um rácio de 3 Falsos Positivos para cada Verdadeiro Positivo (Valor Preditivo Positivo (VPP) = 25%, Taxa de Falsos Positivos (TFP) = 75%), conforme se pode facilmente verificar, brincando um pouco com a Calculadora do British Medical Journal. [2]
Mas ainda assim, estes números são muito generosos. Nem o Protocolo PCR tem 97% de Especificidade (tendo em conta a trapalhada que foi o trabalho de Drosten [4]), nem a Prevalência é 1%. De facto, em 15.800 testes rápidos efectuados em escolas em Janeiro e Fevereiro de 2021, apenas resultou 50 positivos, o que dá uma Prevalência de 0,32% [5] (desconhece-se como foi recolhida a amostra, mas dá-nos uma ideia da Prevalência, embora, tendo em conta as características do próprio teste, estes números estejam também inflaccionados).
Com uma Prevalência de 0,32%, isso dá-nos um rácio de cerca de 15 Falsos Positivos para cada Verdadeiro Positivo, ou seja, 8,8% de VPP (TFP de 91,2%).
Ora, testando em massa escolas e empresas de fio a pavio (em busca do “Assintomático Assassino“), é óbvio que acabará sempre por cair um positivo aqui e ali. Um aluno testa positivo, vai a turma para casa. Um funcionário testa positivo, vai o pessoal todo para casa. Resultado: País constantemente paralisado.
Nada disto é novidade (pelo menos para quem estudou o mínimo da matéria).
A novidade, ao estilo da imbecilidade total, surgiu decorrente das afirmações do nosso prezado Primeiro Ministro, António Costa.
Afirmou ele que teríamos de manter o R(0) (Número Básico de Reprodução) abaixo de 1. Ora, isto só seria possível se o número de casos fosse sempre decrescendo até à sua extinção. Basta que este se mantenha constante (ainda que a um número muito reduzido), para que a taxa de R(0) se mantenha no 1.
Isto seria impossível para uma epidemia “normal”, quanto mais para uma que é alavancada por uma testagem massiva com uma taxa de falsos positivos desmesurada.
Mesmo o número de 120 casos por cada 100 mil habitantes poderá ser difícil de manter, se a testagem for suficientemente massificada.
Este tipo de diligências só é possível se as pessoas que o promulgam:
a) Sejam idiotas / ignorantes;
b) Retirem proveito da situação;
c) Ambas as alíneas anteriores.
Infelizmente, tendo em conta a completa apatia do povo português, que parece continuar a acreditar que “vai ficar tudo bem”, não vislumbramos outro destino que não a sua degradação contínua e inexorável.
Ainda não se percebeu, ou não se quer perceber, que o destino está nas suas mãos (e não nas de governantes mentecaptos e corruptos).
As circunstâncias convidam a agir e esse convite irá tornar-se mais premente à medida que o tempo for avançando.
Fontes:
[1] «Teste PCR: participação na Pandemia da COVID-19», Paradigmas. 18 de Novembro de 2020
[2] «Interpreting a covid-19 test result», BMJ. 12 de Maio de 2020
[4] «10 Falhas Fundamentais do Teste para a COVID-19», Paradigmas. 4 de Janeiro de 2021