COVID-19: O Terrorismo

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Terrorismo COVID-19
Terrorismo COVID-19

Como indica o significado literal da palavra, terrorismo é uma estratégia militar que tem a expectativa de alterar uma situação política pelo medo, mais do que pelo grau de danos materiais ou físicos. Essa estratégia é quase sempre adoptada por facções minoritárias. É claro que todas as acções militares inspiram e difundem medo. Porém, na guerra convencional, o medo é um subproduto das perdas materiais e normalmente é proporcional à força que inflige essas perdas. No terrorismo, o medo é a narrativa principal e há uma desproporção espantosa entre a força efectiva dos terroristas e o medo que consegue inspirar.

Como é que, então, os terroristas esperam alcançar os seus objetivos? Após um acto de terrorismo, o inimigo continua a possuir o mesmo número de soldados, tanques e navios. A rede de comunicação do inimigo, as rodovias e ferrovias estão em grande parte intactas. As suas fábricas, portos e bases mal foram tocados. Contudo, os terroristas esperam que, mesmo sendo incapazes de arranhar o poder material do inimigo, o medo e a confusão o levarão a reagir exageradamente. Os terroristas calculam que quando o inimigo enfurecido usa a sua força maciça contra eles, desencadeará uma tempestade militar e política muito mais violenta do que eles mesmos jamais poderiam criar. Durante cada uma dessas tempestades, surgem muitos imprevistos. Acontecem erros, são cometidas atrocidades, a opinião pública oscila, pessoas neutras mudam de posição e o equilíbrio de poder modifica-se.

Terroristas
Terroristas

Por isso os terroristas assemelham-se a uma mosca que tenta destruir uma loja de porcelanas. A mosca é tão fraca que não consegue mover uma única xícara de chá. Então como é que pode destruir a loja inteira? Encontra um touro, penetra na sua orelha e começa a zumbir. O touro enfurece-se, de medo e de raiva, e destrói a loja. No mundo, não há carência de touros com pavio curto.

Os terroristas têm pouca escolha. São tão fracos que não podem travar uma guerra. Assim, em vez disso, optam por produzir um espetáculo teatral que, assim esperam, irá provocar o inimigo e fazê-lo exagerar na sua reacção. Os terroristas montam uma cena aterradora de violência que captura a nossa imaginação e voltam-na contra nós. Ao matar um punhado de pessoas, fazem com que milhões temam pelas suas vidas. Às vezes, nem é preciso matar ninguém. Para aplacar esses temores, os governos reagem ao teatro do terror com um show de segurança, orquestrando imensas demonstrações de força e organização. Na maioria dos casos, essa reacção exagerada é uma ameaça muito maior para a nossa segurança do que os próprios terroristas.

Por isso, os terroristas não raciocinam como generais de um exército e sim como produtores teatrais.

Quando entendemos o terrorismo como um teatro, julgamo-lo mais pelo seu impacto emocional do que material.

Para aliviar os temores, o Estado é levado a responder ao teatro de terror com o seu próprio teatro de segurança. O Estado sente-se compelido a encenar um contra-drama igualmente espectacular, com ainda mais fumo e fogo. Assim, o Estado desencadeia uma poderosa tempestade, que muitas vezes realiza os mais acalentados sonhos dos terroristas.

O sucesso ou o fracasso do terrorismo, portanto, depende de nós. Se permitirmos que a nossa imaginação seja presa dos terroristas e depois reagirmos com exagero aos nossos próprios medos — o terrorismo terá sucesso. Se nos libertarmos da nossa imaginação e reagirmos de forma equilibrada e sensata — o terrorismo fracassará.

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