Sobre uma das ribeiras do Gironda a via romana de Burdigala divide-se em Saint-Ciers em direcção a Santonum, Saintes, e a Novioregum que, se presume, é a antecessora de Royan.
“O hino militar dos babinotes, a 2 km de Saint-Ciers, lembra que Trajano fez reparar a estrada no ano 98“, escreveu Guy Laclau.
Nesse lugar, muito provavelmente no sítio denominado Pas-d’Ozelle, erigia-se, antanho, a cidade de Pamplona, rival de Brion e, como ela, situada, então, a 1 légua (4 km) do rio.
Pamplona foi misteriosamente destruída quando da guerra dos Cem anos, segundo se disse, e os seus vestígios desapareceram sob o aluvião ou foram arrasados pela lâmina e relha dos arados.
Uma capela subsistiu até o século passado [1]. Um lavrador teria desenterrado um altar… subterrâneos sulcariam o subsolo: A lenda há muito tempo devora a lembrança de Pamplona.
Uma instigante questão aos historiadores locais: O que era Noviomagus e onde se situava essa cidade antiga assinalada por Ptolomeu no Século II sobre a latitude e a longitude de Santonum?
Seria, acaso, Saintes?
Os historiadores Galy-Aché, Leo Drouyn e Claude Masse identificam Noviomagus com a cidade de Brion mas o nosso colega Robert Colle [2] é mais prudente quando escreve: “Cidades romanas certo é que desapareceram totalmente: onde encontraríamos, agora, Noviomagus, a Novioregum do itinerário de Antonino e o Portus Santorum?”
Seria, acaso, o Fá, Royan, os terraplanos de Tolón, a enseada da ilha de Aix ou, mais provavelmente, a desembocadura do Seudre?
Tomando por referência a Robert Colle, podemos situar, aproximadamente, uma dezena de cidades antigas enterradas no Sudoeste:
- Virson, submersa no mar ou sepultada na região de Aigrefeuille-d’Aunis.
- Montlion, perto de Bédenac.
- Gana ou Gériot, em Suzac na desembocadura do Gironda.
- Tamnum ou Lamnum na tábua de Peutinger, no Fá-de-Barzan.
- Olipe, enterrada perto de Soulac, na altura da bóia das olivas.
- Nossa-senhora-de-Buze, perto da Tremblade, cuja igreja estava enterrada em 1565, posto que o cronista Elie Vinet entrou nela fazendo uma abertura no tecto, já que o resto do edifício encontrava-se sob a areia.
O altar de Nossa-senhora-de-Buze foi levado à igreja da Tremblade. Em 1968 a cidade e a sua igreja já não eram mais que uma lembrança apagada pela areia da duna.
NOTAS:
[1] O Século XIX.
[2] «Contes et légendes d’Aunis et de Saintonge» («Contos e lendas de Aunis e de Saintonge»), de Robert Colle, edições Rupella, A Rochela, 1965.
Fonte: Livro: «Arquivos dos Outros Mundos» de Robert Charroux