Durante o mês de Outubro, os meios de comunicação a nível mundial centraram-se na possível suspensão de pagamentos por parte do governo dos EUA e na crescente dívida nacional. Durante todo este tempo uma poderosa instituição financeira permaneceu fora dos debates.
Trata-se da Reserva Federal (FED), que cumpre as funções do Banco Central dos EUA.
Por norma, esta instituição é considerada imortal e inafundável, sendo capaz de resgatar e reanimar o que quer que precise do seu auxílio.
Nos quase cem anos da sua existência nunca foi mencionado que a Reserva Federal pudesse estar em situação de falência, algo que já sucedeu a alguns bancos convencionais.
Acontece que o programa da Reserva Federal não ajuda o sector real da Economia nem os cidadãos que procuram trabalho, mas sim os bancos, que receberam grande apoio do governo e da Reserva Federal durante a crise financeira.
No entanto, a própria FED pode fracassar, mesmo que o dólar não atinja o seu ponto crítico.
O portal russo «Newsland» vincula esta possibilidade à política de flexibilização quantitativa, que desde 2010 tem vindo a injectar intensamente dinheiro na Economia do país.
Oficialmente, o objectivo desta política é superar as consequências da crise financeira, especialmente diminuir o desemprego, que em alguns meses alcançou os 10%.
Desde Setembro de 2012 que está vigente o terceiro programa de flexibilização quantitativa, o qual envolve a injecção de 85.000 milhões de dólares por mês, mediante a compra de títulos do tesouro (no valor de 45.000 milhões) e títulos hipotecários (no valor de 40.000 milhões).
Os valores têm vindo a ser comprados no mercado secundário, ou seja, em bancos e outras instituições financeiras dos EUA.
No entanto, enquanto os títulos do Tesouro se consideram seguros, as hipotecas são classificadas como ”lixo”.
”Acontece que o programa da Reserva Federal não ajuda o sector real da Economia ou os cidadãos que procuram trabalho, mas sim os bancos, que receberam ajudas enormes do governo e da Reserva Federal em plena crise financeira”, escreve o portal. Estes factos fazem com que a FED passe de uma credora de instância suprema a um banco comercial de reputação questionável a respeito da composição de activos.
Resgatando os bancos de Wall Street, a Reserva Federal pode ver-se na mesma situação de naufrágio, porque a sua balança está pior do que parece.
Os títulos de ”lixo” têm um valor sobrestimado em relação ao seu verdadeiro valor. Quando a FED os tenta vender, sofre perdas tangíveis.
Quando a agência Bloomberg se deu conta desta situação, previu 547.000 milhões em perdas num cenário adverso e num cenário mais favorável, 216.000 milhões.
Bloomberg descreveu-as como ”perdas potenciais sem precedentes em toda a história da Reserva Federal.”
“A FED passou de credora numa instância suprema a um banco comercial de reputação questionável a respeito da composição dos seus activos”, afirma «Newsland».
Antes da introdução do terceiro programa de flexibilização quantitativa, a Reserva Federal trocou os títulos a largo prazo na balança dos bancos, por títulos a curto prazo do seu portfólio.
Esse tipo de ajuda pode causar perdas adicionais à FED, pois o preço dos ”longos” cairá se se suspender o programa de flexibilização quantitativa.
Note-se que a receita recorde oficial da Reserva de 91.000 milhões de dólares em 2012, é 2,4 vezes menor do que as perdas potenciais mínimas estimadas pela empresa MSCI para Bloomberg e 6 vezes menores que as perdas máximas.
De acordo com dados recentes, a FED aumentou a proporção dos seus activos em títulos de ”lixo” de 30,6% para 36,6% num ano. Obviamente, este aumento resulta no desequilíbrio da balança e no aumento das perdas potenciais.
15 de Novembro de 2013
Fonte: RT (Rússia Today)
Artigo Original: http://actualidad.rt.com/economia/view/111327-posible-quiebra-reserva-federal-eeuu