Os parapsicólogos conhecem bem o efeito do experimentador, por várias razões. A primeira é que os investigadores experimentados sabem desde há muito que, normalmente, os sujeitos patenteiam maiores poderes psíquicos quando se sentem descontraídos, e num ambiente positivo e estimulante. Se se sentem ansiosos, desconfortáveis, ou tratados de modo formal e distante pelos investigadores científicos, o seu desempenho é pior. Podem chegar ao ponto de não demonstrar qualquer tipo de poder psíquico significativo, ou de “efeitos psi”, para usar o calão da Parapsicologia.
A segunda é que é matéria de observação comum entre os investigadores que trabalham neste campo o facto de os sujeitos que demonstram consideráveis aptidões psíquicas tenderem frequentemente a perdê-las quando entram na sala estranhos, como observadores. J. B. Rhine, pioneiro da Parapsicologia, quantificou mesmo este efeito numa série de ensaios com um sujeito dotado, Hubert Pearce, depois de ter reparado que, quando alguém entrava para ver Pearce em acção, o seu desempenho baixava imediatamente. “Começámos a anotar os dados, às vezes pedindo deliberadamente a alguém para entrar, outras vezes socorrendo-nos de quem entrava por acaso. Registámos as horas de entrada e saída de sete visitantes, um dos quais esteve presente duas vezes. Todos eles provocaram uma queda nos resultados de Pearce.”
O efeito perturbador dos estranhos é particularmente forte quando estes são cépticos, em especial se são hostis à experiência propriamente dita ou às pessoas nela envolvidas. Se, pelo contrário, os estranhos forem amigos, e principalmente se ajudarem de algum modo à experiência, em vez de se comportarem como observadores distantes, os sujeitos habituam-se a eles e os valores psi voltam a subir. Por norma, os cépticos servem-se do fracasso dos testes parapsicológicos na presença de cépticos para argumentar pela impossibilidade de detectar os Poderes Psíquicos em condições científicas rigorosas, e consequentemente pela sua inexistência. Mas é bem possível que os efeitos negativos dos cépticos sejam devidos à sua presença perturbadora e às suas expectativas negativas, expressas por vários sinais, uns subtis e outros nem isso.
A terceira é que os parapsicólogos sabem muito bem que há experimentadores que obtêm consistentemente resultados positivos e há outros que não. Este efeito foi sistematicamente estudado na década de 1950 por dois investigadores britânicos. Um deles, C. W. Fisk, inventor reformado, obteve consistentemente resultados significativos nas suas experiências. O outro, D. J. West, que mais tarde viria a ser professor de Criminologia em Cambridge, falhava sistematicamente na detecção de Fenómenos Psíquicos. Nestas experiências, cada um dos investigadores preparou metade dos materiais para teste, e classificou-os no fim. Os sujeitos não sabiam que havia dois investigadores a trabalhar, nem nunca os conheceram; recebiam os materiais pelo correio e devolviam-nos pela mesma via. Os resultados da metade da experiência conduzida por Fisk revelaram efeitos altamente significativos no que toca a clarividência e psicocinese. Os resultados de West não mostraram qualquer desvio em relação ao factor acaso. Chegaram à conclusão de que era West que “enguiçava”.
Acresce que, na investigação da psicocinese, se tem repetidas vezes verificado que os experimentadores que detectam efeitos significativos são, eles próprios, bons sujeitos. É o caso, por exemplo, de Helmut Schmidt. Este inventor da máquina Schmidt, gerador de números aleatórios que aparentemente podia dar resultados influenciados por certos padrões de vontade, chegou à conclusão de que era muitas vezes o melhor sujeito das suas próprias experiências. O investigador Charles Elonorton demonstrou mesmo que os efeitos psicocinéticos sobre os geradores de números aleatórios produzidos pelos sujeitos das suas experiências eram devidos mais a ele do que aos seus sujeitos. Os sujeitos mostravam poderes psicocinéticos quando ele estava presente; e ele próprio os manifestava quando actuava como sujeito da experiência. Mas o efeito psi perdia-se quando ele não estava presente e os sujeitos eram postos à prova por outro experimentador. Honorton e o seu colega Barksdale chegaram à conclusão de que tais efeitos demonstravam que “não é fácil manter as fronteiras tradicionais que separam os sujeitos dos experimentadores”. Interpretaram os seus resultados como sendo um “efeito de experimentador com mediação de psi”. As implicações dos efeitos de experimentador são surpreendentes. Se os parapsicólogos conseguem produzir efeitos de experimentador com mediação de psi, intencionalmente ou não, pela sua influência sobre os sujeitos, mesmo à distância (como acontece nas experiências de Fisk-West), então a separação convencional entre os experimentadores e os sujeitos das suas investigações cai por terra. Por outro lado, se as pessoas podem influenciar acontecimentos físicos como a desintegração radioactiva, então a separação entre espírito e matéria também cai por terra. Mas, se assim é, por que razão hão-de os efeitos de experimentador com mediação de psi ficar confinados à Parapsicologia? Porque é que não hão-de verificar-se também noutros campos da Ciência?
Fonte: LIVRO: «7 Experiências que podem mudar o Mundo» de Rupert Sheldrake