Preocupado com a possibilidade do mundo poder chegar a um fim cataclismo em 2012? Tem 50 mil dólares de sobra a queimar um buraco no seu bolso? Se sim, então você é o alvo ideal do marketing de uma empresa chamada Vivos, recentemente criada por um multi-empresário, Robert Vicino. A Vivos está a planear construir uma rede de luxuosos abrigos subterrâneos para o armagedom Maia, consistente numa tempestade solar e alinhamento planetário que provocarão a reversão dos pólos magnéticos terrestres, que a partir de hoje, 23 de Abril, está apenas a um pouco mais do que 972 dias de distância.
A proposta da Vivos é: Porquê arriscar a que seja verdade? Como perspectiva o seu vídeo promocional: “E se as Profecias forem verdade? Nostradamus previu-o! Os Maias previram-no! A tribo Hopi previu-o! A Bíblia previu-o! E se o governo tem conhecimento e nós não?” Xiça!
Ainda não está assustado? Por apenas 50 mil dólares por adulto e 25 mil por criança, pode fazer face à ameaça lançada pelos Hopi e assegurar um lugar nestes casulos subterrâneos, que terão comida, oxigénio e sofás de couro para sustenta-lo durante um ano. Visino define os abrigos da Vivos como abrigos contra desastres alternativos, para qualquer pessoa (não para os políticos de topo do país que já têm acesso a uma colecção secreta de abrigos, ou um bilionário excêntrico que pode dar-se ao luxo de construir o seu próprio abrigo). Mas espere um minuto. Eu tenho esposa e três filhos, e isso fica em 175 mil dólares por um espaço. Não é exactamente assim para o proletariado, se está a perceber, mas não há dúvida de que Vicino tocou num ponto colectivo sensível. Ele tem sido inundado com mais de 2.000 pedidos de adesão para membro (de alguma forma, algo distinto de propriedade).
Os abrigos da Vivos prometem incluir espaço e recursos suficientes para 200 inquilinos de forma segura, no subsolo, durante o período de um ano. Os abrigos por eles propostos prometem resistir a desastres de proporções bíblicas: bombas de 50 megatoneladas, terramotos de magnitude 10, tempestades de granizo de 40 kg, inundações com submersão de 500 horas de duração, e tempestades de fogo até 1250ºC. Equipado com geradores de energia, poços de águas profundas, sistemas de filtragem de radiação e produtos químicos, não precisa preocupar-se com o que se está a passar com o resto das pessoas, pobres coitadas, encalhadas na superfície, tentando abrir caminho para entrar. A copa será abastecida com comida para um ano, sendo bastante variada. De facto, a ementa inclui tudo, desde pipocas a presunto, e… o típico prato americano sloppy joe.
Eu não quero ser falso. De facto, como os leitores deste site, e do que escrevo em “Mecânica Popular” sabem, eu sou um grande crente que a maior das pessoas não estão sequer preparadas para um apagão da electricidade por uma noite, muito menos todo este caos que os maias aparentemente cozinharam para nós.
Curioso acerca do conceito, entrei em contacto com o fundador da Vivos, Robert Vicino, que de forma gentil, respondeu às minhas questões, e está receptivo a mais. Se tem algumas questões pertinentes que gostasse que eu colocasse a Vicino numa próxima entrevista, envie-me para John@GettingPrepared.info.
A entrevista da GettingPrepared com o fundador da Vivos, Robert Vicino
John Galvin: Quando é que lançou a Vivos?
Robert Vicino: A primeira vez que previ a necessidade da Vivos foi em 1980. O plano evoluiu ao longo dos anos e formalizou-se em 2008, à medida que muitas pessoas expressavam a sua preocupação acerca de 2012. Isso tornou-se o ímpeto para avançar com o projecto, por sentirmos que há probabilidades das “Profecias” puderem ser realizadas.
JG: O que inspirou a ideia?
RV: Eu tive um pressentimento de que alguma coisa iria acontecer e a única solução seria um complexo de abrigos subterrâneos. A minha primeira ideia foi encontrar uma mina abandonada que pudesse ser convertida para acomodar até 1000 pessoas por um ano. Ao longo dos anos, apercebi-me que havia mais dificuldade em localizar e construir do que o esperado. O actual modelo axial da Vivos nasceu da necessidade de se ter quantos complexos espalhados pelo país quanto possível, ao mais baixo custo estrutural, para torna-lo acessível a co-proprietários.
JG: Quando é que você espera começar a “partir pedra” no primeiro abrigo ? E em que área ?
RV: O primeiro abrigo, localizado perto de Barstow, CA, é a adaptação de um bunker do governo do tempo da guerra fria já existente, que está em excelentes condições. Tem apenas 13.000 metros quadrados de área, que é algo que vai contra o protótipo da Vivos que é um complexo multi-nível de 20,000 metros quadrados. Complexos adicionais serão construídos nos próximos 24 meses, com o objectivo de concluir pelo menos 20 espalhados pelos E.U.A. Cada infraestrutura poderá ser colocada em linha à medida que formos alcançando uma massa crítica de membros num raio de 240 km em relação ao local designado. Nós permitimos uma densidade populacional muito confortável, de uma pessoa por 100 metros quadrados. A FEMA (Federal Emergency Management Agency – Agência Federal de Gestão de Emergências) recomenda 50 metros quadrados por pessoa num abrigo de longa duração. Portanto, cada complexo irá acomodar 200 pessoas.
JG: Aqui está aquilo que encontrei após uma pesquisa rápida no Google acerca de si. Você pendurou um King Kong insuflável de 10 andares de altura e 1.200 kg de peso no Empire State Building, você tentou construir casas usando um modelo insuflável, e você cortou a propriedade de um condomínio privado no valor de um milhão de dólares em frente à praia, e tentou vender cada parte fraccionada por 179 mil dólares, tornando-se pioneiro na propriedade fraccionada no sul da Califórnia. Por isso eu sei que você é um grande promotor, e também parece ser um empreendedor incansável, com muitas ideias, mas onde é que a Vivos encaixa na sua carreira profissional ?
RV: Esse resumo banaliza o meu recorde. O King Kong foi uma promoção para a industria internacional da publicidade em insufláveis gigantes, da qual eu fui o pioneiro em 1977, com uma empresa que empregou perto de 200 pessoas, fazendo negócio com a maior parte das companhias de produtos para o consumidor que fazem parte da Fortune 500. Vendi essa empresa em 1983. O conceito de casas moduladas com molde de ar acabou por se tornar numa iniciativa infeliz, estava à frente do seu tempo. Então aventurei-me na industria imobiliária como investidor e agente imobiliário, e acabei por me tornar num pioneiro na propriedade fraccionada de famílias únicas, em casas de estâncias turísticas, com a minha empresa, Fractional Villas. A Fractional Villas tornou-se num líder nesta nova industria com produtos por toda a América Central e do Norte, assim como na Europa. Assim, houve muitas ideias, patentes e lucros que geraram um valor líquido significativo. Vivos é um também um projecto de “propriedade fraccionada” que ironicamente evoluiu da Fractional Villas. Como originalmente imaginado em 1980, com o conceito de propriedade dos membros a financiar um abrigo, completei um círculo com a Vivos, beneficiando agora da experiência acumulada com a Fractional Villas. A propriedade fraccionada é o que torna a Vivos acessível a muitos, contra o conceito de estar apenas disponível para a elite que pode ter um abrigo somente seu.
JG:Você pensa realmente que o mundo vai sofrer um colapso em 2012, como previram os maias, ou está simplesmente a preencher um nicho de mercado?
RV: Eu não acredito que o mundo irá acabar em 2012, mas sinto que estamos na iminência de uma mudança, com a possibilidade de haver um evento épico no nosso futuro. Há muitas ameaças, naturais ou causadas pelo homem à nossa volta – Alguns podem até afirmar que há uma aceleração do processo. Eu não tinha conhecimento de “2012” em 1980. Vivos não é acerca de 2012, é isso sim, uma solução a longo prazo para a sobrevivência da comunidade, seja ela necessária em 2012, em 2029 que é quando está prevista uma grande aproximação do asteróide Apophis à Terra, havendo mesmo probabilidade de colisão, ou até mesmo para o que esteja para vir até décadas mais adiante. A Vivos irá estar sempre presente para os seus co-proprietários ou os seus descendentes, para o que quer que se atravesse no nosso caminho.
JG: O que há de errado actualmente para que as pessoas se estejam a sentir-se tão inseguras? E acredite-me, eu sou uma delas, mas eu tendo a focar-me num tipo de desastres relativamente mais “mundanos” e em emergências tais como incêndios em casas e furacões.
RV: Eu acredito que toda a gente tem instintos e podem sentir as coisas, sendo alguns mais sensíveis do que outros. As pessoas têm a intuição de que algo está na iminência de acontecer, algo muito mais catastrófico do que aquilo o qual temos assistido na televisão nos últimos tempos. Talvez já se tenha iniciado uma mudança. As massas não se apercebem até que seja tarde demais. A Vivos é uma solução para pessoas que tenham uma esperança para o futuro e também para entretanto, ajudar a libertarem-se da sua ansiedade. Com a recente série de terramotos, incluindo um que abalou a minha casa na madrugada de domingo, estou preocupado que os nossos primeiros abrigos Vivos não estejam prontos a tempo. Ninguém pode prever com certeza, mas podemos preparar-nos. Sigam os vossos instintos. Aqueles que usaram os seus no “11 de Setembro” evacuaram o edifício de imediato. Aqueles que não, voltaram a subir as escadas.
JG: Quantos membros tem a Vivos actualmente?
RV: Temos actualmente mais de 2.000 membros, acrescentando 50 a 100 novas candidaturas diárias, de todo o mundo. Com a recente erupção vulcânica e com a frequência dos terramotos, tanto a imprensa como o público em geral têm ficado mais conscientes e preocupados. Estou espantado com a empatia que temos estabelecido com as pessoas, até com aquelas de quem menos se esperaria. Os comentários que temos recebido nas nossas candidaturas parecem-me sinceros e provam a verdadeira dimensão da preocupação que há por aí. O tema central é: “Eu quero viver.”
JG: Algum funcionário da Vivos já se tornou co-proprietário?
RV: Estamos a colocar os primeiros compradores em caução para Barstow,
CA. Estamos agora a assistir a uma concentração suficiente de interesse em muitas áreas, por estes sítios, para também proceder à sua construção. O nosso plano inicial era o de construir somente 20 complexos Vivos pelo território dos E.U.A. No entanto, a procura parece ser internacional tanto para membros como para parceiros que gostariam de liderar o esforço no seu próprio país. Eu prevejo que iremos construir infraestruturas na China, Coreia do Sul, Reino Unido, um pouco por toda a Europa, no Médio Oriente e na América do Sul e Latina. A sobrevivência não conhece fronteiras!
JG: Onde é que você irá estar a viver no final de 2012?
RV: Espero que na minha casa, mas se necessário, no abrigo Vivos mais próximo.