A empresa de radiodifusão internacional da Alemanha Deutsche Welle (DW) publicou uma vídeoreportagem com imensas implicações – foi provavelmente a primeira emissora nacional no Ocidente a admitir que o chamado Estado Islâmico (ISIS) é fornecido não pelo “óleo negro de mercado” ou “pedidos de resgates por reféns”, mas por biliões de dólares em abastecimento transportados para a Síria através das fronteiras do membro da NATO, Turquia, através de centenas de camiões diariamente.
A reportagem, intitula-se “”IS’ canais de abastecimento através da Turquia“, na qual confirma o que foi relatado efectuado por analistas geopolíticos desde, pelo menos 2011 – que o membro da NATO, Turquia tem permitido uma corrente de abastecimentos, combatentes e armas a atravessar as suas fronteiras sem oposição para reabastecer posições da ISIS dentro da Síria.
Numa cena surreal da reportagem da DW, terroristas anti-Síria são vistos a atravessar a fronteira e, literalmente, baleados e mortos apenas no outro lado por combatentes curdos.
Os residentes locais e comerciantes entrevistados pela DW admitiram que o comércio com a Síria que os beneficiava tinha terminado desde o início do conflito e que os camiões de abastecimento transportam com eles mercadoria através da fronteira originária do “oeste da Turquia.” A reportagem da DW não entra em detalhes sobre o que significa “oeste da Turquia“, mas muito provavelmente refere-se a Ancara, que tem vários portos usados pela NATO e, claro, a base aérea da NATO em Incirlik.
Embora a reportagem da DW afirme que ninguém sabe quem está a preparar os embarques, ela revela a própria corrente de camiões. O que a sua tripulação cinematográfica documentou foi oficialmente negado pelo governo turco em Ancara. É uma certeza que a Turquia não só está ciente disso, mas são directamente cúmplices, tal como a NATO que fingiu um desejo de derrotar a ISIS, mas não conseguiu expor e erradicar o patrocínio multinacional à ISIS e, mais importante, recusou-se a cortar as suas linhas de abastecimento – um pré-requisito fundamental de qualquer estratégia militar.
As linhas de abastecimento da ISIS conduzidas a partir do território da NATO não deveria ser surpresa.
Como foi reportado desde pelo menos 2007, os Estados Unidos da América e os seus cúmplices regionais conspiraram para utilizar a Al Qaeda e outros extremistas armados numa tentativa para reorganizar o norte de África e o Médio Oriente. Seria o jornalista Seymour Hersh vencedor do prémio Pulitzer no seu artigo, “The Redirection: Is the Administration’s new policy benefiting our enemies in the war on terrorism?” que explicitamente declarou:
“Para debilitar o Irão, que é predominantemente shiita, a administração Bush decidiu, com efeito, reconfigurar as suas prioridades no Médio Oriente. No Líbano a administração tem cooperado com o governo da Arábia Saudita, que é sunita, em operações clandestinas destinadas a enfraquecer o Hezbollah, organização shiita que é apoiada pelo Irão. Os EUA também tem participado em operações clandestinas que visam o Irão e o seu aliado a Síria. Um “produto secundário” dessas actividades tem sido o fortalecimento de grupos extremistas sunitas que defendam uma visão militante do Islão e que são hostis aos Estados Unidos e complacentes com a Al Qaeda“.
Claro, que esses “grupos extremistas” que defendem uma visão militante do Islão e que são complacentes com a Al Qaeda, descrevem o “Estado islâmico” literalmente. A ISIS constitui uma força mercenária expedicionária da NATO, arrasando os seus inimigos “representando-os”, da Líbia no norte de África até ao Líbano e a Síria no Levante, ao Iraque e até mesmo nas fronteiras do Irão. O seu abastecimento aparentemente inesgotável de armas, dinheiro e combatentes só pode ser explicada pelo patrocínio de um estado multinacional e os refúgios são fornecidos por inimigos da NATO ISIS – principalmente a Síria, o Hezbollah, o Irão e o Iraque – não podem atacar. A reportagem da DW observa especificamente como terroristas da ISIS fogem regularmente da morte certa na Síria, ao procurar refúgio na Turquia.
Um dos principais objectivos da NATO desde pelo menos 2012, foi utilizar vários pretextos para expandir esses refúgios, ou “zonas-tampão”, no território sírio, protegido por forças militares da NATO a partir dos quais os “rebeldes” poderiam operar. Se eles tivessem conseguido, as equipas de filmagem da DW provavelmente filmariam encenações de escoltas em cidades como Idlib e Allepo em vez de ao longo da fronteira da Turquia com a Síria.
Com a conspiração documentada, de os EUA e os seus aliados, para criarem uma força mercenária sectária alinhada à Al Qaeda, os chamados “rebeldes moderados”, que os EUA apoiaram abertamente na Síria, agora completamente revelados como extremistas sectários, e com a DW a documentar uma corrente de fornecimentos originários da Turquia, é evidente que a ameaça da ISIS à NATO, era de facto a NATO durante todo o tempo. O que é revelado é uma Política externa tão incrivelmente insidiosa, que poucos são capazes de acreditar, mesmo com as emissoras internacionais como a DW que mostra as linhas de abastecimento da ISIS conduzidas a partir do território da NATO.
Vídeo da Reportagem:
Fonte: Globalresearch.ca