Cidadãos gregos e de toda a Europa juntaram-se em Bruxelas em dia de greve geral na Grécia contra as medidas anti-populares impostas pelo FMI e denunciaram “a violência do Estado grego”
Bruxelas assistiu quinta-feira à maior manifestação já realizada de apoio e solidariedade com os trabalhadores gregos vítimas das medidas anti-sociais impostas pelo Fundo Monetário Internacional e pelos meios financeiros internacionais. Os manifestantes deslocaram-se das instalações da Comissão Europeia à Representação Permanente da Grécia no dia em que os gregos respeitaram nova greve geral, declarando a sua solidariedade “com a Grécia que resiste”. “FMI, go home”, proclamaram.
A iniciativa partiu de grupos de cidadãos gregos imigrados na Bélgica, apoiados por cidadãos europeus de várias outras nacionalidades conscientes de que as chamadas medidas de “combate à crise” provocada pelos défices de Estados-membros estão a avançar contra outros povos do continente e até de outros continentes.
A convocatória da manifestação denunciou e condenou a “violência do Estado grego”, demonstrada através de “invasões bárbaras da polícia a casas e lugares de reunião de militantes” e também da actuação de “agentes provocadores para-estatais, ou mesmo da polícia que se misturam com as multidões nas manifestações de modo a denegrir as suas lutas”. Neste contexto, os manifestantes de Bruxelas declararam o seu “horror” pela morte de três pessoas no dia da anterior greve geral, 5 de Maio, denunciando que os “autores continuam desconhecidos” e o “desrespeito das normas de segurança” da agência bancária onde os crimes foram cometidos.
Os participantes na manifestação de Bruxelas afirmaram que existe alternativa para combater a crise, designadamente a renegociação da dívida “de modo a conter a degradação do tecido social na Grécia e na Europa”, o pagamento da dívida pelos que a provocaram, como “os bancos privados, hoje muito mais ricos do que antes da crise”, e também “o controlo democrático dos bancos”e “da política monetária e da soberania monetária”.
A convocatória da manifestação de Bruxelas faz uma abordagem genérica das situações sociais chocantes provocadas pelas medidas impostas pelo FMI e pelas instituições que estabelecem a política da União Europeia, sublinhando a taxa de desemprego de 12 por cento e que atinge os 40 por cento entre os jovens, o corte dos rendimentos anuais dos funcionários públicos mais experientes de 23 mil para 19 mil euros, o aumento do IVA para 21 por cento, eventualmente para 23 por cento, o congelamento generalizado dos salários e das pensões sociais, a subida dos preços em flecha, os salários em atraso há vários meses em áreas dos serviços públicos e privados, a intenção de abolir as convenções colectivas.
Além dos cortes drásticos na Saúde e na Educação, as medidas impostas pelo FMI vão aumentar a dívida externa grega entre 125 e 150 por cento, revela o documento divulgado em Bruxelas, além de desmantelarem estruturas de serviços públicos essenciais e provocarem a estagnação da economia durante muitos anos.As medidas do FMI e das instituições europeias impostas à Grécia “não são apoio, mas sim usura”, sublinharam os manifestantes, solidários com os povos de outros países já atingidos entre os quais citaram a Espanha, Portugal, a Hungria e a Roménia.
21 de Maio de 2010
Fonte: be internacional
Artigo Original: http://www.beinternacional.eu/pt/noticias/582-qfmi-go-homeq
Índice do FMI: https://paradigmas.online/?p=268