Apresentamos a história de uma corrente ideológica e das poderosas pessoas que estão por detrás de tudo isto. O seu objectivo não é impedir as Guerras mas sim estender o seu poderio financeiro e comercial ao mundo inteiro. Os seus pensamentos reivindicam o projecto de uma «Nova Ordem Mundial» que deve edificar-se sobre as ruínas dos Estados.
Com a ratificação do Tratado de Lisboa pelos 27 países europeus a 19 de Novembro de 2009 e a eleição de Herman van Rompuy a presidência do Conselho Europeu, assim como a decisão de eleger Catherine Ashton como Alta Representante da União Europeia para as Relações Externas e para a Política de Segurança, a União Europeia (UE) marcou um giro decisivo nas suas ambições mundiais. Desta maneira o bloco comunitário de Estados europeus, ou seja, a União Europeia, vai-se dotando, pouco a pouco, de um novo rosto político e dá-se-lhe um «número de telefone» para retomar a expressão de Henry Kissinger.
É verdade, há novos arranjos — assim como certos aperfeiçoamentos— indispensáveis afim de assentar definitivamente esta união regional. Com efeito, as rivalidades continuam e perduram entre o presidente do Conselho Europeu, o presidente da Comissão Europeia e a presidência de turnos de seis meses que vai girando entre um país membro e outro país membro. Esta situação irrita a administração Obama. Assim sendo, a UE adopta uma personalidade jurídica e uma completa primazia de direito europeu sobre o direito nacional (nomeadamente o direito nacional de um país membro passa a segundo plano, por isso a Suíça e outros Estados europeus não são membros (…) a UE converteu-se num poder supranacional), a união europeia pode pretender desta maneira (será um modelo de sucesso?) converter-se num actor de uma cena internacional.
Seria falso afirmar que esta nova vocação da UE terá uma independência completa em relação ao resto do mundo. Desta feita, as elites europeístas apoiadas pela oligarquia financeira [mundial] avançam unidas e em comunhão de espírito e alma com as outras uniões regionais em curso e em formação neste planeta.
De facto, a União Europeia é uma componente a mais no vasto programa que conduz pouco a pouco a Humanidade ao surgimento de blocos continentais [ou regionais] dotados de uma moeda, de uma cidadania, de um parlamento único, etc. (…), e este conjunto de blocos está obrigado a constituir um governo — ou regência— mundial.
Podemos revelar a situação das seguintes uniões regionais em formação ou já concretizadas:
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A Comunidade Económica Euroasiática (CEEA ou Eurasec por Eurasian Economic Community): criada em Outubro de 2000 e reunindo vários países do antigo bloco soviético (Rússia, Cazaquistão, Bielorrússia, etc.), tenta atingir o objectivo de criar uma união aduaneira a partir de 2010 com a ideia de ter uma moeda comum neste conjunto territorial, moeda que poderia ser chamada «evraz» ou «euras» ou talvez «eurasia» (o nome exacto desta moeda todavia não foi decidido e pode até mesmo vir a ser alterado por outro nome não fornecido ainda).
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A União de Nações Sul-americanas (UNASUR): união criada em Maio de 2008. Este bloco prevê passar de uma lógica sub-regional a uma identidade regional mediante a fusão numa só organização, nomeadamente unindo o Mercosul e o Pacto Andino, reunindo todos o Estados do continente sul-americano (à excepção da Guiana francesa, das ilhas britânicas Sandwich e Malvinas). O ideal é criar um parlamento e moeda única e uma cidadania [ou nacionalidade] comum. A UNASUR mantém laços privilegiados com o modelo europeu devido a uma assembleia parlamentar Euro-Latino-americana chamada EUROLAT.
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O Sistema de Integração Centro-americano (SICA): criado em Dezembro de 1991, este grupo de países centro-americanos persegue os mesmos objectivos dos citados anteriormente [nomeadamente os da América do Sul], particularmente procura a criação de uma moeda única e comum neste bloco, especialmente depois da cimeira realizada em San Pedro do Sul (Honduras) em Dezembro de 2008.
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O lançamento da Organização da Unidade Africana (OUA) em 1963 permitiu passar para uma situação mais dinâmica, e a partir dos anos 1999–2000, com a criação da União Africana (a UA, na cidade de Durban, África do Sul em Julho de 2002) e da «Nova Associação para o Desenvolvimento de África» (NEPAD). Os objectivos traçados (comissão regional, parlamento pan-africano, côrte africana de direitos humanos, etc.) estão modelados sobre o modelo europeu.
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O Conselho de Cooperação do Golfo (Golf Cooperation Council, GCC): criado em 1981, tem como objectivo atingir uma união mais solida e estreita entre os países do Golfo (Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arabia Saudita e Emirados Árabes Unidos). Procura também conseguir uma moeda comum que se prevê que faça a sua aparição nos anos 2010–2011. O nome que esta moeda receberá — como tem sido afirmado por algumas personalidades — é o «Khaleeji». Porém, apesar da ideia de adoptar-se uma moeda comum andar a ser validada, o seu nome não foi confirmado oficialmente por agora.
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Uma União Asiática também está a tomar forma pouco a pouco sob a liderança de 3 actores principais: o Japão (CEAT, Council on East Asian Community), a China (NEAT, o Network of East Asian Think Tank) e a Coreia do Sul (EAF, o East Asia Forum). Desde do dia 1 de Janeiro de 2010, a China e a ASEAN (siglas em inglês para designar a «Associação de Nações do Sudeste Asiático) criaram o maior espaço geográfico de câmbio de libras do mundo, ao qual se associaram a Coreia, Japão, Austrália e a Nova Zelândia. Este espaço deve permitir «acelerar este processo de regionalização» como disse com grande gosto o senhor Xu Ningning, Secretario Geral do Conselho Económico China-ASEAN.
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Prosperity Partnership Of North America. A ideia de uma união Norte-Americana foi lançada em Março de 2005 no Texas (Waco) entre os presidentes de Estados Unidos, Canadá e México sob a PSP (Prosperity Partnership Of North America), nomeadamente, Associação para a Prosperidade e Segurança da América do Norte. O objectivo procurado é o de alcançar teoricamente no curso do ano 2010, o estabelecimento de um perímetro político, económico e militar unificado entre os três Estados.
Uma nova unidade monetária chamada «amero», ou o «dólar norte-americano» (a designação desta nova moeda todavia não foi confirmada), deverá substituir o dólar americano e canadiano, assim como o peso mexicano. Esta mutação passa pelo colapso do dólar americano actual e terá então uma repercussão em todo o sistema financeiro e monetário mundial. Esta crise sistemática global (Política, Financeira, monetária e geopolítica) deve agravar-se na primeira metade do ano 2010 para que possa favorecer a chegada e implantação desta Nova Ordem Mundial, tão desejada pelos poderosos senhores do sistema oligárquico.
Finalmente, está previsto teoricamente para 2015 a instauração de um bloco Euro-atlântico unificado politicamente, economicamente e militarmente.
Nesse sentido podemos assinalar que o Parlamento Europeu adoptou uma resolução no dia 26 de Março de 2009, tratando da «situação das relações transatlânticas, que ocorreram depois de ter finalizado as últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos (com a vitoria de Barack Obama)». Esta resolução tem o mérito e a força de recordar todos os acordos políticos, económicos e militares concluídos por ambas partes situadas em cada extremo do Oceano Atlântico, nomeadamente, por um lado os EUA e por outro lado a Europa (ou melhor, a União Europeia).
Para que esta lista de dados que menciono possa estar completa tenho que evocar um acontecimento, um feito muito importante que ocorreu durante a Cimeira de Chefes de Governo na cidade de Aquila, em Itália (8 a 10 de Julho de 2009), cimeira onde os presidentes falaram de diversos temas muito importantes (crise económica, clima, etc.), sendo que a maior parte da Imprensa Comercial foi silenciada deliberadamente, para a impedir de informar a opinião pública mundial.
Durante uma entrevista com os jornalistas, o presidente russo Medvedev, apresentou e demonstrou um protótipo de moeda global. Era uma moeda fabricada na Bélgica e na qual estava gravada uma frase em inglês que dizia: «Unidade na Diversidade». Esta apresentação do presidente russo constitui uma prova que uma mudança maior está em curso na gestão nos círculos secretos do poder. Pela primeira vez, um presidente apresentava um exemplar de uma moeda capaz de poder ser a referência monetária única de toda a humanidade.
O gesto do presidente russo veio sustentar as palavras de Herman van Rompuy, que durante o seu discurso de agradecimento, depois de ter sido nomeado Presidente do Conselho da União Europeia, não duvidou por um momento ao dizer uma frase cheia de insinuações: «2009 é também o primeiro ano de uma governação mundial com a instauração do G-20 em plena crise financeira».
Esta afirmação, — vinda da parte de um partidário da governação mundial— deve levar-nos a reflectir e formular a seguinte pergunta: Como chegamos a esta situação? De facto, a descrição destas diversas uniões regionais, algumas em formação, outras já concretizadas, sob uma única autoridade — com a implosão interna dos Estados (governos) que o compõem — não é o fruto de uma casualidade. De facto, esta mutação resulta de um largo trabalho, e esforço por parte das oligarquias financeiras e grupos elitistas políticos que trabalharam por muito tempo e tendiam pelo intermediário de think-tanks e outras fundações a chegar onde estamos.
A oligarquia anglo-saxónica e os seus príncipes
O público francês é desagradavelmente ignorante e não conhece quem são os verdadeiros actores [mestres] da política mundial (o autor, sendo francês dirige-se ao público do seu país, nota da redacção). Estes actores da política mundial não mostram os seus rostos, preferem o anonimato ou geralmente movem-se entre os bastidores, exercendo os seus talentos fora das telas da televisão, fora de formações ou partidos políticos, impondo as suas decisões e interesses.
Para poder compreender melhor a desastrosa situação em que se encontram os defensores da causa nacional (do Estado-Nacional em cada país) neste começo do Século XXI, basta recordar os principais rasgos e o papel eminentemente importante que foi jogado e joga a poderosa elite financeira e aristocrática anglo-saxónica. Esta constituiu sempre um Estado dentro do Estado.
Podemos situar no tempo o momento em que estas elites (barões, príncipes e outros nobres) se aproveitaram para tomar influência e poder. Isto ocorreu durante a instauração da «Grande Carta» a 15 de Junho de 1215. Depois da derrota do Rei João I de Inglaterra, mais conhecido como João sem Terra, a 27 de Julho de 1214, na batalha de Bouvines, frente ao Rei Felipe II de França, chamado também Augusto.
Nessas circunstâncias, os barões ingleses aproveitaram-se para reivindicar privilégios políticos e financeiros. Avante, a monarquia britânica, a Coroa inglesa estará obrigada a compor e colaborar com uma casta social que usa a força, o poder financeiro e ambições comerciais. Foi nessa época que nasceu uma elite ávida, reivindicativa e orgulhosa. Foi ela mesma que deu origem à existência destes grupos de pressão, mais conhecidos como lobbies (lobbying) e por diversas vias, nomeadamente pela finança, espionagem ou controlo da Imprensa, colocou uma enorme pressão sobre o poder político.
Este último, nomeadamente o poder político [os políticos mais precisamente], é dependente do apoio e sobretudo do dinheiro constante e sonante para poder manter-se no poder – por isso está obrigado a ter em conta os interesses e conselhos que emanam desta casta.
Os think-tanks, fundações e grupos elitistas, são os herdeiros e descendentes de um estado de espírito elitista e mercantil, de um modo de vida selectivo exclusivo. Estas facções tornaram-se centros exclusivos e os imperativos de uma minoria activa que condicionaram o mundo anglo-saxão e, gradualmente, todo o universo.
Contrariamente ao conceito político francês em que qualquer actividade ou interesse privado pode somente favorecer primeiramente o interesse do Estado nacional, prioritário nesse sentido, nomeadamente, o interesse comum do povo, estas organizações político-comerciais não dependem de nenhuma autoridade nacional. Desde o início, estes grupos elitistas exerceram os seus talentos para cimentar os seus interesses da casta. Desde a Idade Média, companhias como a London Staplers, a London Mercers Company, o incluso da British East India Company (a BEIC do Século XVII) têm sido as pontas da lança do imperialismo britânico.
Deve notar-se também que esta aristocracia comercial conseguiu passar o relevo aos seus herdeiros e descendentes, levando sempre a tocha da conquista e do controlo das riquezas, de geração em geração. «Sempre mais» para retomar uma expressão dita por François de Closets (jornalista e realizador francês).
A derrota francesa na América do Norte conduziu à assinatura do Tratado de 10 de Fevereiro de 1763, sendo que este pode ser considerado como o acto do nascimento e a ascensão em potência da oligarquia britânica. De facto, a derrota da Nova França (territórios do actual Canadá e EUA) outorga à Coroa Britânica um continente inteiro pleno de riquezas, de fabulosas matérias-primas e praticamente despovoado. A incapacidade da monarquia francesa para povoar estes vastos territórios e integrá-los na esfera da civilização greco-romana, inclina a balança, nomeadamente todo este espaço geográfico passa para a influência do mundo anglo-saxão. Incutiu-se uma crença messiânica, conquistando elites anglo-americanas, em contacto com os seus homólogos britânicos e estavam prontos e determinados a impor o seu modelo para o mundo.
Depois das guerras da Revolução [francesa] e a derrota de Napoleão I no ano 1815, o poderio anglo-saxão não tem rival nos mares. Potência demográfica, a liquidação de vastos territórios na América do Norte, na África austral, na Austrália e Nova Zelândia, ajuda a implantar colónias e controlar pontos estratégicos em diversas partes do mundo (Gibraltar, Hong Kong, etc.), controlando assim territórios em vários continentes, implementando Tecnologia de ponta e um sector bancário com bom rendimento, permitindo a estes aristocracias comerciais de Londres e de Nova York começar a sonhar com um controlo do mundo, sob os auspícios da City [centro de negócios de Londres] e de Wall Street [bolsa de valores de Nova York]. Um homem encarnou de maneira emblemática este ideal: Cecil Rhodes.
Cecil Rhodes (1853-1902)
Cecil Rhodes foi um grande defensor do Império Britânico. Emigrou para a África austral onde a sua personalidade e as suas qualidades intelectuais excepcionais permitiram-lhe fazer fortuna no sector dos diamantes. Foi graças a ele que surgiu e desenvolveu-se a indústria de diamantes mediante a criação do grupo De Beers, com o apoio de Nathaniel Mayer Rothschild (1840–1915). A sua fortuna colossal abriu-lhe as portas para a colónia britânica.
Cecil Rhodes preparou o terreno para que o Estado Sul-africano (domínio do Império Britânico) tome forma e possa nascer como país, feito que se concretizará ano depois da sua morte em 1910.
A sua influência financeira e política permite-lhe controlar vastos territórios aos quais lhes dá o seu nome: Rhodesia. Territórios divididos mais tarde na Rhodesia do Norte e Rhodesia do Sul. Estes países são hoje em dia as actuais repúblicas da Zâmbia e Zimbabué.
Trabalha febrilmente para realizar um projecto colonial: a sua ideia é a de construir uma imensa linha de caminhos-de-ferro que parta da Cidade do Cabo até ao Cairo (Egipto). Na sua visão de preservar e defender o Império Britânico, os canais de comunicação desempenharam um papel importante na exploração de riquezas variadas. O desenvolvimento das vias de comunicação (sob todas as suas formas) é a chave para o bom funcionamento do Império. Esta disposição é, neste começo do Século XXI, de grande actualidade. As vias de comunicação constituem as artérias que irrigam o império comercial e político.
Além do bom funcionamento do Império Britânico, um ideal superior não concretizado mortifica enormemente Cecil Rhodes. De facto, convencido da superioridade da «raça» anglo-saxónica, Cecil Rhodes concebe uma [estratégia] política a fim de conservar esta supremacia: a união de todos os países anglo-saxões ou, mais exactamente, a instauração de um bloco reunindo e o Império Britânico e os Estados Unidos da América.
Este conjunto deve converter-se, segundo Cecil Rhodes, na base, da fundação que permitirá o nascimento de um Estado Mundial de princípios e da filosofia da aristocracia comercial anglo-saxónica.
A fim de alcançar este objectivo, ele considera necessário recrutar personalidades destacadas e com educação universitária superior, que incitadas pelo mesmo ideal, seriam apoiadas [por Cecil Rhodes] a ocupar postos chave em diversos sectores, nomeadamente na Economia, nas Finanças, no exército, na Educação, nos serviços secretos ligados à espionagem e mesmo no jornalismo e na Imprensa.
Assim, assemelhando-se a um exercito, estas diferentes pessoas, como se se tratassem de jesuítas predicadores da globalização, convergindo para o mesmo objectivo, a fim de formar e forjar os espíritos e mentes de outros nos seus respectivos países, desenvolvendo as estruturas político-económicas que conduzem ao nascimento de um Estado Mundial do Comércio.
Na sua mente, para concretizar esta ambição titânica e que exige muito esforço, o magnata pensa que é indispensável criar «bolsas de estudo Cecil Rhodes» (Rhodes Scholarships em inglês). Cecil Rhodes não teve a sorte de ver concretizar-se o seu ideal ainda vivo. Foi apenas no ano de 1904 que os seus mais íntimos colaboradores lançaram as primeiras bolsas de estudo na Universidade de Oxford. O sociólogo francês Auguste Comte dizia com ironia que «os mortos governam os vivos». Esta frase pode aplicar-se a Cecil Rhodes.
Os seus conceitos moldaram o mundo do Século XX e começos do Século XXI.
Sem necessidade de dizer o nome de todos, podemos citar alguns beneficiários [ganhadores] destas bolsas de estudo Cecil Rhodes: por exemplo o Primeiro-ministro australiano Bob Hawke (1981 /1993); James Woolsey, director da CIA (1993 /1995); Wesley Clarke, patrão comandante militar da OTAN (Aliança Atlântica) durante a década de 1990 e principal responsável da destruição da Jugoslávia em Março de 1999; o presidente americano Bill Clinton (promoção 1968) e mesmo James William Fullbright (senador do Arkansas, EUA, grande figura da Política americana).
A política de Cecil Rhodes não conseguiria alcançar as dimensões que conhecemos sem o apoio dos seus parceiros próximos e íntimos. Aqui também podemos citar a lista longa e consistente de nomes listados na leitura [carta] do establishment anglo-americano criada por Carroll Quigley. Os homens que rodeavam Cecil Rhodes caracterizavam-se por algo muito peculiar: eles ocupavam os postos chaves nos diferentes sectores da Sociedade britânica na segunda metade do Século XIX.
Uma das figuras mais representativas e emblemáticas do pensamento de Cecil Rhodes depois da sua morte, considerado também como o seu sucessor e filho espiritual, foi Alfred Milner (1854–1925, chamado também Lord Milner). Entre as suas numerosas actividades, podemos citar como exemplo, que foi director do London Joint Stock Bank, chefe do gabinete de guerra do Primeiro-ministro inglês Lloyd George quando começou a Primeira Guerra Mundial (1914–1918).
Durante este conflito bélico, um acontecimento determinante para as gerações futuras ocorreu em Novembro de 1917. De facto, nessa altura aparece a «Declaração Balfour» (o nome de um político inglês chamado Arthur James Balfour), que afirmava sob os auspícios do governo britânico a necessidade de criar uma pátria judaica na Palestina e o seu reconhecimento.
Este reconhecimento foi rapidamente formalizado numa carta à atenção de Walther Rothschild, que foi o intermediário do movimento sionista na Grã-Bretanha. Na realidade, o verdadeiro redactor desta declaração foi Alfred Milner. Como explicou posteriormente Carroll Quigley, a «Declaração Balfour» devia chamar-se «Declaración Milner».
Philipp Kerr (1882–1940, mais tarde Lord Lothian) foi o secretário privado de Lloyd George. Deve notar-se que Philipp Kerr era a correia de transmissão nos intercâmbios políticos à volta do Primeiro-ministro inglês e era nesse sentido, o verdadeiro pivô por onde passavam os contactos e decisões do conjunto do «grupo Milner». Posteriormente Philipp Kerr foi nomeado embaixador do Reino Unido em Washington.
Finalmente, podemos evocar o papel jogado por Lionel Curtis (1872–1955). À parte da sua participação nos trabalhos do Tratado de Versalhes, ele foi o autor [inventor] da expressão «Commonwealth of Nations» cuja aplicação data de 1948. Como foi revelado por Carroll Quigley, esta expressão foi encontrada durante os trabalhos e reuniões e cujo objectivo era encontrar a frase adequada para preparar o Império Britânico para as mutações políticas que conduziam a uma reorganização mundial. Estas sessões de trabalho conduzindo a uma Commonwealth remontam ao ano de 1916. Recordemos igualmente para finalizar, que Lionel Curtis desempenhou um papel fundamental em 1919, quando fundou o think-tank inglês, Royal Institute of International Affairs (RIIA também conhecido como Chatham House).
Para compreender como funciona a mecânica da mundialização [globalização] e como ela se está a implantar pouco a pouco no mundo é necessário estudá-la como se fosse um enorme puzzle. Tem de se analisar cada peça desse quebra-cabeças e para construí-lo tem de se ter uma visão definitiva do que ela representa. Por tal razão, para passar a outra escala deste sistema, recordamos ao leitor que deve guardar o espírito desses diferentes elementos e factores que permitem que possa, finalmente, ver toda a imagem deste conjunto. Só assim é que podemos entender este “monstro”.
A Sociedade Fabiana (Fabian society)
A Sociedade Fabiana é um instituto que floresceu pela primeira vez em Londres no ano de 1884 sob a impulsão do político inglês Sydney Webb (1859–1947) e da sua esposa Beatrice Webb. Podemos incluir também o escritor irlandês George Bernard Shaw (1856–1950). A vanguarda desta sociedade consolidou-se sob a influência de um promotor [divulgador activista] do socialismo chamado Robert Owen (1771–1858), que por sua vez transmitiu as suas ideias e ensinamentos a John Ruskin (1819–1900), professor universitário de Oxford e terminou influenciando finalmente Cecil Rhodes. Outras personalidades impregnadas do ideal socialista cristão como Frederik Derrison Maurice (1805–1872) prepararam o terreno durante o Século XIX para que a fundação da Sociedade Fabiana fosse realidade. O nome de «Fabiana» (Fabian em inglês) foi tomado por referência ao nome de um general romano da época das Guerras Púnicas chamado Quinto Fabio Máximo (200 anos antes de Jesus cristo), conhecido também como Fabius Cunctator (o «Temporizador» nomeadamente que atrasa).
Lutando contra o general cartaginês Aníbal, o militar romano praticava uma estratégia de guerrilha que consistia em não acelerar as coisas (os ataques) a fim de esperar o desgaste do inimigo e chegar assim ao seu objectivo (vitoria), poderíamos nomeadamente consegui-lo a «fogo lento».
É este método, de um câmbio gradual, suave mas implacável que o caracteriza como marca de fábrica da Sociedade Fabiana. Ela defende o princípio de uma Sociedade sem classes, que deve conduzir à síntese do socialismo (Estado beneficiário) e do capitalismo (leis do mercado), fusão que deve conduzir à implantação de uma economia monopolística no marco de um Governo Estatal Globalizado. E para que se concretizem as ambições da Sociedade Fabiana, os seus dirigentes estimam que é necessário ir lentamente, passo a passo, ou pela expressão de “graduação”. A influência desta sociedade é imensa, porque muitos políticos britânicos foram membros da Sociedade Fabiana.
Porém, a sua influência teve mais repercussões e o seu pensamento alcançou maior auge quando a Sociedade Fabiana se viu envolvida na criação da London School of Economics (LES) em 1895 graças ao trabalho pioneiro de Sydney Webb. Esta prestigiosa escola superior de ensino económico que diversificou as suas disciplinas com o passar do tempo, formou num espírito fabiano, várias gerações de dirigentes ingleses mas também numerosos estudantes do mundo inteiro. Estes últimos, em grande parte, chegaram a ser importantes dirigentes na vida política ou económica do seu país de origem.
Como exemplo podemos citar o ex-presidente da Comissão Europeia, o italiano Romano Prodi; o antigo presidente John F. Kennedy; a rainha da Dinamarca, Margarita II; Pierre Trudeau (Primeiro Ministro canadiano); o especialista em fazer lobby, membro de numerosos think-tanks, refiro-me a Richard Perle (conhecido também sob o pseudónimo de «príncipe da escuridão»); o financeiro Georges Soros (fundador dos institutos Open Society repartidos pelo mundo inteiro); o antigo conselheiro do falecido presidente francês François Mitterrand, nomeadamente o Sr. Erik Orsenna e podemos incluir o vocalista dos Rolling stones, Mike Jagger (que entrou apenas há um ano atrás!), toda esta gente tem-se sentado nas salas desta escola. A London School of Economics graças à acção da Sociedade Fabiana que tem contribuído para formatar o espírito de numerosas personalidades por todo o mundo. Mas a influência desta sociedade tem evoluído e isto graças ao trabalho de um dos seus membros, o escritor Herbert George Wells (1866 – 1946).
Impregnado o ideal fabiano, H. G. Wells foi capaz de desenvolver o seu ponto de vista em muitos livros que escreveu. Autor de best-sellers como «O Homem Invisível», «A Máquina do Tempo», «A Guerra dos Mundos», etc, este escritor inglês foi capaz de encontrar a maneira de propagar as suas convicções numa obra publicada em 1928: «A Conspiração Aberta» («Open Conspiracy» em inglês), obra que defende a chegada de um estado (governo) mundial sem classes, capaz de controlar tudo «uma nova comunidade humana» segundo a própria expressão de H. G. Wells).
Uma asa desta política [desta ideologia] procura um método para reduzir drasticamente a população global e o uso da eugenia. De facto, desde o início, H.G Wells apresentou as suas teorias numa obra pouco conhecida e cujo título era: «A Destruição Libertadora» («The World Set Free» em inglês), que corresponde exactamente à expressão [da lógica] maçónica Ordo ab Chao. Este livro apareceu em 1914. Esta obra conta a história de uma guerra generalizada que vai conduzir [a humanidade] à criação de um Estado (governo) Mundial constituído em dez blocos «10 eleitorados» segundo a frase do mesmo autor). É neste livro — recordamos novamente que foi publicado em 1914— que encontramos pela primeira vez a expressão «Nova Ordem Mundial». Muito mais tarde, em 1940, H.G. Wells repete as suas ideias, mas desta vez não deixa dúvidas aos que duvidam, e publica um livro cujo título era: «A Nova Ordem Mundial».
Todos estes membros e representantes fabianos frequentavam e colaboravam estreitamente com a equipa de Cecil Rhodes e com Lord Milner. Assim foi-se formando um verdadeiro clã, uma entidade, com um espírito e objectivo em comum: a concretização de um Estado (governo) Mundial. Era isto que motivava estas diversas pessoas. Estas elites anglo-saxónicas, que são os sucessores históricos e legítimos [assim como os continuadores] das aristocracias comerciais da Idade Média, têm continuado a concentrar as suas forças dentro de vários clubes [e institutos] como o Pilgrim Society fundado em 1902 em Londres e em New York. Mas o pensamento deste movimento vai conhecer uma aceleração em 1910 com a criação da “Távola Redonda”.
A “Távola Redonda” e os seus «filhos»
A Távola Redonda, é a herdeira de um passado multisecular de tradições místicas, financeiras e elitistas, e marca uma etapa decisiva nos preparativos que levam a um Estado (governo) Mundial. De facto, sob os auspícios de Lord Milner e dos seus seguidores, este instituto de alta gama foi criado em estreita colaboração e comunicação com as elites financeiras americanas a fim de assentar a predominância do mundo anglo-saxão e procurar assim o aventamento do Estado (governo) Mundial. Outras Távolas Redondas foram criadas em todas as colonias do Imperio Britânico e mesmo nos Estados Unidos. Querendo partilhar as ambições de Cecil Rhodes, financeiros de renome começaram a integrar-se na equipa de Lord Milner, como por exemplo Alfred Beit (1853–1906), Sir Abe Bailey (1864–1940) e a família Astor. Outros grupos vieram juntar-se a estes iniciadores do mundialismo da Távola Redonda: financeiros tais como J.P Morgan, o banco Lazard e mesmo as familias Rockefeller e Whitney.
Antes de continuar o estudo das «bondosas obras de caridade» da Távola Redonda, é indispensável precisar o seguinte: estas conhecidas famílias da mundialização (ou globalização), apesar de partilharem um ideal comum, não puderam evitar de lutar entre elas mesmas e pelos próprios desacordos internos. Podemos constatar as causas: a primeira é tão velha como o mundo, chama-se rivalidade. As rivalidades são por causa das ambições e das pessoas ambiciosas que procuram cada vez mais poder, mais influência e mais riquezas, a fim de ocupar os melhores postos de poder, desafortunadamente a historia desta aristocracia comercial está cheia destes factos. Este fenómeno é tão velho como a própria História do Homem.
De facto, sob a enganosa aparência de desfrutar de uma unidade monolítica, escondeu-se as duas correntes rivais de pensamento. Ambas correntes, apesar de tudo, perseguiam [e perseguem] o mesmo objectivo: a instauração de um Estado (governo) Mundial. Porém, a primeira versão defende a óptica da constituição de um bloco anglo-saxónico unificado (Império Britânico associado aos Estados Unidos), nesta base, esta tomada anglo-americana seria para eles a coluna vertebral permitindo ao resto do mundo agregar-se, e associar-se.
A segunda corrente tem uma visão diferente. Estima que não é necessário privilegiar o nascimento de um Império anglo-saxão de onde os países fiquem anexados. Ao invés defende o aventamento de um mundo onde nenhum país tenha a capacidade de impor a sua lei ou filosofia política. Os partidários desta segunda via tratam de criar uma espécie de «caldo de cultivo» generalizado unificador da humanidade inteira num só bloco sem nenhuma distinção. Estamos frente a um diferendo de visões entre os partidários de um mundialismo [globalização] anglo-saxónico e os partidários de um mundialismo [globalização] em todo o planeta.
Durante a Primeira Guerra Mundial o tempo passou como se se tratasse de um baloiço, passando de um mundo para outro. Se é difícil de citar em detalhe os importantes papéis que desempenharam as elites anglo-americanas durante este conflito mundial, podemos afirmar sem equívocos a relevante missão cumprida pelo sueco Olof Aschberg (1877–1960) sendo a cabeça do seu banco Nya Banken de Estocolmo. Ele foi o grande financeiro que serviu de intermediário entre as elites de Wall Street (New York) e da City (Londres) de um lado e os dirigentes bolcheviques do outro lado.
O seu apelido era «banqueiro da Revolução Mundial». Como nos recorda [o investigador] Antony Sutton, o banco de Olof Aschberg tinha uma filial em Londres — o Bank of North Commerce —, cujo presidente era o Sr. Earl Grey, um importante membro da equipa de Cecil Rhodes e de Lord Milner.
Este último [Lord Milner] desempenhou um papel fundamental dentro da oligarquia anglo-saxónica. Foi o mesmo Lord Milner que soube convencer o Primeiro-ministro inglês Lloyd George a apoiar incondicionalmente a revolução bolchevique [de Lenine].
Estes feitos históricos ocorridos são importantes para a evolução do mundo e concretizaram-se depois da visita a Londres, em finais de 1917, de William Boyce Thompson (1869–1930), acompanhado de um representante do banco JP Morgan, Thomas W. Lamont (1870–1948). Esta pessoa, membro do directório executivo do Banco Federal US (EUA), nomeadamente da Fed [Reserva Federal], W.B Thompson era ao mesmo tempo um agente ao serviço da oligarquia dentro dessa Cruz Vermelha Americana na cidade de Petrogrado [agora St. Petersburgo] em 1917.
Sob esta cobertura, William Boyce Thompson pode entrar em contacto com os revolucionários russos bolcheviques e entregar-lhes o montante de um milhão de dólares [enorme montante de dinheiro para essa época]. Na sua viagem de regresso a New York, fez uma escala em Londres para emitir um memorando a Lloyd George recordando-lhe a seguir o apoio à revolução [russa] bolchevique. Lord Milner, grande admirador de Karl Marx, apoiou William Boyce Thompson nas suas negociações a fim de convencer mais Lloyd George nesse sentido.
A revolução bolchevique não teria visto o amanhecer sem o apoio determinante da oligarquia comercial anglo-americana.
Após a conclusão da Primeira Guerra Mundial, as potencias comerciais anglo-saxónicas — que saíram vitoriosas desta conflagração mundial — encontravam-se em boas condições, enquanto a França saía da guerra demograficamente e financeiramente arruinada. O Tratado de Versalhes não garantiu a segurança da França frente a uma Alemanha sem armas e dependente em grande parte dos empréstimos [bancários] anglo-saxões acordados na sua economia.
A França encontrou-se paralisada e impotente frente aos ricos tesoureiros anglo-saxões e a sua situação agravou-se mais quando estes financeiros preferiram acordar os seus empréstimos — mediante os planos de inversão de Dawes (1924) e Young (1928) — que colocava a economia alemã sob a tutela dos bancos londrinos e nova-iorquinos, e que foram determinantes para o refortalecimento do poderio industrial germânico e Nazi.
De facto, gigantescos complexos industriais de cera e químicos (IG Farben und Vereinigte Stahlwerke), indispensáveis para fazer Guerra, nasceram na Alemanha nas décadas de 1920–1930. A derrota francesa frente à Alemanha em 1940, nomeadamente no início da Segunda Guerra Mundial, encontra as suas causas em parte na acção e comportamento financeiro-comercial dos anglo-saxões a favor da recuperação económica e técnica da Alemanha Nazi (sobretudo nos sectores da cera, do combustível sintético e da borracha).
Paralelamente a esta política, as elites anglo-americanas decidiram preparar desde os anos 1918–1919 algumas mutações na Távola Redonda. De facto, para conseguir uma maior eficácia, decidiu criar um think-tank na costa do [oceano] Atlântico [nomeadamente um nos EUA e outro na Inglaterra] cuja missão consistia em converter-se nos motores [propagandísticos] da política estrangeira destes dois países. Do lado inglês foi a criado em 1919, sob o patrocínio de Lionel Curtis — um colaborador de Lord Milner— do Royal Institute of International Affairs (RIIA, conhecido também como Chatham House).
Era o mesmo Lionel Curtis que promovia uma Commonwealth federativa capaz de integrar pouco a pouco os diferentes países do mundo. Estes objectivos eram defendidos e apoiados nos EUA por Clarence Streit (1896–1986), um jornalista do [diário] New York Times acreditado ante a Sociedade das Nações (e vencedor também de uma bolsa de estudos Cecil Rhodes, em 1920), e do outro lado, o representante americano do «grupo Milner», o Sr. Frank Aydelotte.
Do lado americano foi a criação do Council on Foreign Relations (CFR) em 1921 sob o patrocínio de uma personagem que desempenhou uma posição central, o coronel Edward Mandell House (1854–1938). Conselheiro íntimo do presidente [americano] Wilson, este coronel foi o pivô entre o grupo Milner e os «poderosos» de Wall Street (JP Morgan, Vanderlip, Rockefeller, Warburg, etc.). Nesta lista incompleta, podemos citar um nome importante: Paul Warburg, que era a “cabeça” da Reserva Federal norte-americana (a Fed) desde a sua criação em 1913.
Este banco oligárquico privado, independente e afastado do poder central governamental [nomeadamente o governo dos EUA, que não tem controlo sobre as suas actividades] é responsável pela emissão monetária nacional — do dólar americano—, é nomeadamente uma entidade privada que se comporta como um Estado dentro do Estado. Foi o mesmo Paul Warburg quem dirigiu o CFR desde a sua fundação. Estamos ante um caso complicado e entrelaçado de responsabilidades de primeira magnitude no seio da oligarquia anglo-saxónica.
Falaremos mais do Sr. Paul Warburg quando abordarmos o capítulo dedicado à Pan-Europa.
A síntese de toda a tarefa realizada pelo coronel House, por assim dizer, foi apresentada quando este publicou o seu livro — uma obra-prima na mística mundial [ou global] —, livro que tem como título: «Philip Dru, Administrador» escrito em 1912. Esta novela evoca um Golpe de Estado conduzido por um oficial [militar de carreira americano] da academia castrense de West Point (nomeadamente o mesmo Philip Dru) que quer instaurar uma ditadura nos Estados Unidos da América e suprimir a constituição do país.
De maneira semelhante à de Lord Milner, o coronel House não duvida em evocar as suas convicções profundas quando afirma que o seu herói na novela (Philip Dru) impõe «um socialismo tal como teria sonhado Karl Marx».
House descreve também no capítulo 52 do seu livro o seu ideal de unificação da totalidade do bloco norte-americano, facto que já foi consolidado desde o lançamento oficial do projecto na cidade de Waco (Texas, EUA) em Março de 2005, como já explicamos no início deste artigo. Só podemos constatar [com surpresa] que estas elites anunciaram — há mais de cem anos! — como se vão desenrolar os acontecimentos.
A rede mundial [global] tem sabido reforçar a sua influência graças ao nascimento de um instituto destinado a usar uma função de primeira ordem na construção europeia: a Pan-Europa.
A Pan-Europa, trampolim da globalização [mundialização]
A criação da Pan-Europa deve-se ao trabalho de um aristocrata austríaco de mãe japonesa, chamado Richard de Coudenhove-Kalergi (1894–1972). O objectivo declarado de Coudenhove-Kalergi era o de impedir que se voltassem a repetir as atrocidades da Primeira Guerra Mundial. Esta boa intenção à primeira vista, escondia um plano secreto: a consolidação de um objectivo que Coudenhove-Kalergi tinha em mente. De facto, o movimento de Coudenhove-Kalergi vai indicar qual é a direcção a seguir e para convencer os outros a seguir o seu rumo, o seu agrupamento apresenta uma denúncia à SDN em 1925 [a Sociedade das Nações foi a percursora da ONU]. O seu objectivo é unificar toda a Europa a fim de integrá-la numa organização política mundial unificada. E para consegui-lo, ele menciona na sua denúncia a necessidade de criar [primeiramente] «continentes políticos», cujo conjunto deveria constituir [mais tarde], uma federação de federações. Este era o plano e pensamento de Coudenhove-Kalergi.
As suas afirmações federalistas correspondiam exactamente às aspirações e objectivos procurados pela Sociedade Fabiana. Aproveitando-se do apoio destes aliados, Coudenhove-Kalergi organiza em 1926 o primeiro congresso Pan-Europeu na cidade de Viena (Áustria), com os auspícios do seu presidente de honra, o Sr. Aristide Briand (1862–1932) que era ao mesmo tempo presidente do conselho de ministros do governo francês. Foi durante este congresso, que reunia e contava com participantes de diversas nacionalidades, que se decidiu debater para eleger qual seria o hino europeu. E foi nesse momento que se escolheu o «Ode à Alegria» de Beethoven, e que é hoje em dia o hino da União Europeia.
Os objectivos da Pan-Europa foram revelados com grande pompa na sua carta dos «Princípios Fundamentais» que estipulam o seguinte:
«(…) A união Pan-Europeia declara consagrar-se [e preservar] o patriotismo europeu, valor supremo das identidades nacionais de todos os europeus. Numa época de interdependências e de desafios mundiais, somente uma Europa forte e politicamente unida pode garantir o futuro do seu povo e entidades étnicas. A união Pan-Europeia reconhece a autodeterminação dos povos e o direito dos grupos étnicos ao desenvolvimento cultural, económico e político (…)».
Durante o decurso da Segunda Guerra Mundial, Coudenhove-Kalergi esteve refugiado nos Estados Unidos dedicando-se ao ensino na New York University organizando seminários do tipo — «Research for a Postwar European Federation» («Investigações para uma Federação Europeia Pós-Guerra») —, favoráveis ao federalismo europeu.
De regresso à Europa em 1946, nomeadamente quando acabou a guerra, ele contribuiu enormemente para a criação da União Parlamentaria Europeia, a qual favoreceu por sua vez e posteriormente, em 1949, a criação do Conselho da Europa. Fortalecendo a sua influência em todos os países (Estados), esta organização europeia tem sob o seu mando diversas representações nacionais encarregadas de difundir o ideal do seu pai fundador, que depois de ter recebido em 1950 a mais importante condecoração europeia, o Prémio Carlomagno, passou a tocha da missão ao Sr. Otto de Habsbourg em 1972 e este por sua vez ao Sr. Alain Terrenoire.
Pode-se compreender melhor o impacto que tem este agrupamento, [o instituto] Pan-Europa, se analisarmos por exemplo, qual é o verdadeiro motivo que move a guerra: o dinheiro.
As fontes de financiamento deste instituto deixam-nos ver a insondável e vigorosa cumplicidade do seu principal dirigente e líder máximo com os outros jogadores da globalização [mundialização].
De facto, à parte de gozar do apoio de mecenas industriais e financeiros, o Sr. Coudenhove-Kalergi beneficiou do patrocínio do banqueiro Max Warburg, representante do banco alemão em Hamburgo. Como vimos anteriormente, o seu irmão Paul (trabalhando numa filial americana) encontrava-se à cabeça da Fed (Reserva Federal dos EUA) e da CFR.
Agora podemos compreender porque Coudenhove-Kalergi tinha luz verde para cooperar e negociar com os financeiros de Wall Street e os seus sócios em Londres. Esta cumplicidade entre o fundador da Pan-Europa e a imprensa mundial [global] tem aumentado, quando sabemos que Max Warburg era membro do executivo da IG Farben alemã enquanto o seu irmão Paul Warburg, era membro do executivo da filial IG Farben nos Estados Unidos.
A chegada de Adolf Hitler ao poder, como explica o investigador Antony Sutton, só se pode compreender por causa da poderosa ajuda que recebeu o ditador alemão por parte das indústrias e financeiros anglo-saxões por intermédio dos seus homólogos alemãos. Neste assunto, o director do Reichsbank, o Sr. Hjalmar Schacht (1877–1970), tinha um papel chave como intermediário. O seu trabalho ganhava importância à medida que esta personagem subia nas escadas do poder, até ao posto de Ministro da Economia do III Reich [Nazi de Adolf Hitler], posto que ocupou de 1934 a 1939.
O levantamento e progresso económico da Alemanha [Nazi] graças a estes apoios permitiu a Hitler continuar com uma política [militarista bélica] que nunca poderia começar ou aplicar numa Alemanha arruinada, se não houvesse solucionado antes as essenciais necessidades básicas da população alemã.
Por estas conivências, cumplicidade e irregularidades com o regime Nazi, Hjalmar Schacht deveria ser julgado e condenado à pena de morte durante o Processo de Nuremberga após a Segunda Guerra Mundial, processo que julgava todos os responsáveis Nazis, mas curiosamente foi absolvido.
De facto, Hjalmar Schacht estava ligado solidamente à aristocracia comercial anglo-saxónica. O seu pai, o americano William Schacht, tinha trabalhado 30 anos no seio da filial Equitable Life Assurance de Berlim (Alemanha).
O seu filho era pois, desde o seu nascimento, um membro mais por herança, um sócio mais por assim dizer, trabalhando para o sistema mundial global.
Estas afirmações valem mais quando sabemos que o senhor Hjalmar Schacht era membro desde 1918, do comité executivo do Nationalbank für Deutschland (Banco Nacional da Alemanha), juntamente com o banqueiro Emil Wittenberg, membro por sua vez do comité executivo do primeiro banco soviético criado em 1922, nomeadamente o banco Ruskombank. O banco soviético estava a ser dirigido por um banqueiro sueco (…) Olof Aschberg personagem que citamos no começo deste artigo. Para continuar a compreender este atoleiro de nomes e conexões, para seguir mais estes nexos e círculos dos poderosos, podemos dizer que o director da filial estrangeira da Ruskombank, nomeadamente o norte-americano Max May, ocupava o posto de vice-presidente da Guaranty Trust Company, uma filial do banco JP Morgan que era a por sua vez um dos pilares financeiros de Wall Street.
Neste assunto, um importante representante americano de Wall Street trabalhava no seio da elite bancaria soviética. Nós também adicionaremos para concluir, que a colaboração de Hjalmar Schacht com este sector viu-se reforçada pelos laços de amizade com o patrão [proprietário] do Banco de Inglaterra, o Sr. Norman Montagu. Agora podemos compreender melhor porque Hjalmar Schacht nunca teve de preocupar-se em ser julgado pela sua participação no regime Nazi de Adolf Hitler.
O apoio que ofereceu à aristocracia comercial e a pátria anglo-saxónica, o comunismo, o Nazismo, assim como o apoio para que Franklin Delano Roosevelt tomasse o poder nos Estados Unidos, — como explica na sua trilogia «Wall Street» o autor Antony Sutton —, era uma forma de experiência a actuar num marco regional, nomeadamente, por um lado na União Soviética, por outro na Alemanha Nazi, e outro ainda nos Estados Unidos.
Sob a forma de denominações diferentes, Antony Sutton conclui que estas ideologias, chamadas de maneiras diversas: «socialismo soviético», «socialismo colectivo» (para o nacional-socialismo Nazi) e «socialismo do novo tratado» (New Deal norte-americano), todos eram simplesmente as diferentes caras de um socialismo monopolístico; ideal [o modelo] de organização que deve conquistar o mundo a nível planetário neste amenizar do Século XXI e a marca da «Nova Ordem Mundial».
A guerra de 1939–1945 é de certa forma o resultado de todo este trabalho de fundo que permitiu que se fosse torcendo, que se fosse girando lentamente no caminho de outro mundo: a instauração e surgimento dos blocos aparentemente antagonistas e obedecendo perfeitamente o principio hegeliano da tese e antítese. No entanto, estes dois mundos estavam ligados pelas mesmas fontes financeiras. Então, por tal motivo, era possível ir preparando o terreno, a ordenação, devendo permitir a chegada e realização [concretização] de um Estado [governo] Mundial.
O período posterior a 1945, um futuro prometedor
Podemos assinalar três momentos essenciais nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial: 1946, 1947 e 1948. Quem reactiva a ideia de unificar Europa é Winston Churchill e fá-lo num discurso que pronuncia em Zurique, a 19 de Setembro de 1946:
«Temos que construir uma espécie de Estados Unidos da Europa», declara Churchill nesse discurso. Palavras que regozijam Richard de Coudenhove-Kalergi, que sabe que dispõe do apoio de Churchill.
Trabalhando pela sua parte a favor da reactivação do ideal europeu, o fundador da Pan-Europa expôs a história da sua obra e os projectos a realizar num livro entitulado «Eu Escolhi a Europa». O autor do prefácio é … Winston Churchill.
Com a reunião de Montreux, que se deu na Suíça em Agosto de 1947, a segunda etapa constitui um passo decisivo no sentido de preparar o reforço das bases do Estado Mundial. De facto, os representantes europeus e americanos defensores do princípio de um federalismo mundial decidem criar dois institutos, sob a direcção do jurista suíço Max Habicht, cuja eficácia se faz sentir: o «Movimento Mundial Federalista» (World Federalist Movement, WFM) e a «União de Federalistas Europeus» (Union of European Federalists, UEF).
Num marco da reunião de Montreux, o WFM apresentou a sua magna carta, favorável ao estabelecimento de princípios fundamentais para a instauração de um Estado mundial com uma base federativa. Há que reconhecer que 63 anos depois da formulação daqueles princípios, os seus desejos têm-se concretizado. De facto, o documento assinala:
«Nós, federalistas mundiais, estamos convencidos de que a criação da confederação mundial é o problema fundamental da nossa época. Até que ele seja resolvido, todas as demais questões – nacionais ou internacionais – ficaram sem respostas válidas. Não se trata de escolher entre a livre empresa ou a economia dirigida, nem entre o capitalismo e o comunismo, mas sim entre o federalismo e o imperialismo».
Entre outras coisas, esta Declaração propõe os seguintes princípios:
«Limitação das soberanias nacionais» com «o passar dos poderes legislativos, executivos e judiciais à Confederação», «criação de uma força armada supranacional». E em particular algo que cobre grande parte da actualidade neste principio do Século XXI ao assinalar que «uma perspectiva federalista justa deve integrar os esforços realizados nos âmbitos regional e funcional».
«A formação de uniões regionais [sublinhado por nós] – na medida em que não constituíam um fim em si mesmas e não exista o perigo de que dêem lugar a formação de blocos – pode e deve contribuir ao bom funcionamento da Confederação mundial». No final dessa Declaração lê-se que se deve favorecer a criação de uma «Assembleia Constituinte Mundial».
Paralelamente à criação da WFM, nasce em Montreux a União de Federalistas Europeus (UEF, siglas em inglês). Sob a influência da Pan-Europa de Coudenhove-Kalergi, fundou-se em 1934 a Europa Union, que defendia o ideal de uma Europa unificada segundo o princípio federal e inspirada no modelo suíço. Quatro anos mais tarde, em Novembro de 1938, criou-se a Federal Union, sob a influência dos fabianos Lord Lothian e Lionel Curtis.
A Federal Union é uma filial da UEF, igual como as «filiais» em países como a França (UEF France), Alemanha (Europa Union Deutschland), Itália (UEF Italia), etc. É importante dizer que, tal e qual as bonecas russas que se colocam uma dentro da outra, a UEF é uma filial do World Federalist Movement (WFM).
Estamos, portanto, diante de um instituto europeu que trabalha em favor do federalismo e da adopção simultânea de trabalhos de WFM, mas numa escala planetária.
Porque é então tão importante mencionar a missão da UEF?
Este instituto federalista encontra-se sob a direcção do inglês Andrew Duff, deputado do Parlamento Europeu sob a etiqueta dos «liberal democratas». Também é membro do European Council on Foreign Relations (ECFR, o «Conselho Europeu de Relações Externas») criado em 2007, é o “irmão” do CFR americano criado em 1921.
É também Andrew Duff que, em estreita colaboração com a Fundação Bertelsmann e com o deputado Johannes Voggenhuber, tentou a reactivação do projecto da constituição europeia depois do fracasso daquele texto nos referendos de França e Holanda em 2005.
O Tratado de Lisboa nunca teria visto a luz do dia – ou pelo menos teria sido muito mais difícil – sem o apoio e as convicções de Andrew Duff. A sua força reside, por outro lado, em demonstrar que a influência dos já defuntos Cecil Rhodes e Lord Milner se fez sentir durante a elaboração da constituição europeia (a chamada «Constituição Giscard», preludio do Tratado de Lisboa) em 2003 e 2004. De facto, o «Grupo Milner» e os fabianos sempre foram a favor da unificação da Europa, a condição de que não podia ser sob direcção dos anglo-saxões.
Durante as duas guerras mundiais, Londres e Washington não podiam tolerar os intentos de alcançar uma unidade europeia sob a direcção da Alemanha, que era uma potência terrestre, já que o governo anglo-saxónico se veria então marginalizado dos problemas do Velho Continente. Coisa que Coudenhove-Kalergi, já tinha compreendido, como pode comprovar-se através da leitura do seu discurso de 1950. Não é portanto, justificado o interesse do Secretário-Geral inglês John Kerr sobre o tratado “Constituição Giscard”. O currículo vitae de Kerr informa-nos que dirige una companhia petrolífera, a Royal Dutch Shell, e que foi o embaixador da Grã Bretanha nos Estados Unidos. Os seus vínculos com a aristocracia comercial anglo-saxónica também revelam que é membro do comité de direcção encarregado do recrutamento das elites das «bolsas de estudo Cecil Rhodes». Como pode ver-se, o êxito dos objectivos mundiais é algo previsto há muito tempo… mas que se vai concretizando gradualmente.
E finalmente, o Congresso de Haya, realizado de 7 a 10 de Maio de 1948, com Winston Churchill como presidente de honra e com a participação de cerca de 800 militantes pan-europeus, deixou assentes as primeiras bases de uma Europa unificada. Os verdadeiros autores da História movem-se frequentemente nos bastidores, como é o caso de Retinger, que trabalha para o CFR e o RIIA, cuja acção foi determinante no desenvolvimento das estruturas mundiais.
Bilderberg, New age e Trilateral
A primeira reunião do Grupo Bilderberg teve lugar em Oosterbeck, Holanda, em Maio de 1954. Diz-se que esse grupo elitista simplesmente adoptou o nome do hotel em que se alojavam os participantes, embora haja dúvidas a este respeito. A sua criação deve-se, em todo o caso, ao trabalho de Joseph Retinger, embora também há que mencionar vários «gatos gordos» do mundialismo, como o inevitável David Rockefeller (presidente do CFR e do Chase Manhattan Bank, entre outras conhecidíssimas instituições).
Os membros do Grupo Bilderberg constituem «o creme e a nata» da classe política, económica e financeira do mundo atlântico. A Imprensa ocidental não menciona muito as suas reuniões e nem proporciona que o Grupo seja tema de reportagem!
As regras que regem a sua organização e as intervenções dos participantes são uma cópia estrita das que regem no Royal Institute of International Affairs (RIIA, principio conhecido como a «regra de Chatham House»). Também neste caso a família Rhodes e Milner deixaram a sua marca. Na realidade, as elites que se movem no Grupo Bilderberg impõem amplamente as suas próprias condições na matéria de Política, de Economia e em questões financeiras. O caso do belga Etienne Davignon é impressionante. Vice-presidente da Comissão Europeia de 1981 a 1985, Etienne Davignon é o grande chefe desse grupo elitista. Foi ele que convidou o político belga Herman van Rompuy a submeter-se a uma espécie de exame oral para o posto de presidente do Conselho Europeu ante os representantes do Grupo Bilderberg, a 12 de Novembro de 2009, especialmente ante o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, em Val Duchesse, na periferia de Bruxelas.
Isso claramente, era para comprovar se Herman van Rompuy teria a capacidade necessária para servir de algo no sistema. E parece que o exame foi satisfatório porque deram-lhe o posto, ou reuniram-se as condições exigidas.
A designação do primeiro presidente do Grupo Bilderberg, príncipe Bernhard (1911–2004), por Joseph Retinger e os seus seguidores, não é nenhum acaso. De facto, nos anos 1930 este príncipe alemão foi membro das SS [Nazis], mais exactamente, da Reiterkorp SS (cavalaria) e da Farben Bilder, uma filial da IG Farben. Casado em 1937 com a herdeira do trono dos Países Baixos, a princesa Juliana, a sua filha, a rainha Beatriz, é uma activa participante das reuniões do Grupo Bilderberg.
O passado mais que nebuloso [para não dizer negro] do príncipe Bernhard e a sua nomeação para cabeça do Grupo Bilderberg era também um meio de mantê-lo sob controlo. De facto, é mais fácil dirigir-se a alguém para objectivos claros quando esse alguém tem alguns esqueletos no armário [cadáveres no seu currículo]. A designação deste príncipe alemão convertido em cidadão holandês era seguramente de grande importância já que também foi utilizado noutro sector. Temos de abordar agora um tema ao qual concedem grande importância os teóricos do mundialismo: a ecologia.
A legítima protecção da flora e fauna adquire um carácter muito diferente sob a influência dos partidários da Nova Ordem Mundial. De facto, estes desviam as mentes para uma deificação da natureza que está associada com o movimento New Age. Trata-se do princípio que identifica a «Gea» [também chamada Gaya. NdT.] como a «Mãe Natureza». Numerosos institutos dedicam-se a propagar essa tendência filosófica, em particular o WWF (World Wild Fund for nature), que promove a protecção da natureza. A sua criação, em 1961, deveu-se ao trabalho de vários personagens membros do movimento mundial.
Efectivamente, temos que mencionar aqui os irmãos Aldous e Julian Huxley. O primeiro é o autor de um livro profético: «Admirável Mundo Novo» (em inglês «Brave New World»), publicado em 1932, verdadeiro programa político mundial sob a aparência de uma novela de ficção científica em que fala de um Estado mundial reinante sobre uma humanidade submissa e hierárquica como um resultado de manipulação genética.
O autor viveu toda a sua vida utilizando as drogas mais diversas para alcançar uma «forma de misticismo». Tais delírios, também afectaram o seu irmão, Julian Huxley, partidário da eugenia e primeiro director general da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1946. Esta mentalidade característica dos irmãos Huxley deve-se à influência do seu avô por parte do pai, Thomas Huxley (1825–1895). Este biólogo e feroz defensor dos princípios de Darwin transmitiu esses conceitos aos seus netos para que o mundo inteiro beneficiasse com eles. Vamos adicionar a isto, a rede e os laços que unem a família mundial são verdadeiramente estreitos já que um dos estudantes de Thomas Huxley chamava-se nada mais e nada menos que … H. G. Wells.
A análise desta espécie de relevo de gerações permite uma melhor compreensão da permanência do mundialismo e do progresso da sua influência.
Podemos ver agora o vínculo entre a passada acção daqueles homens e a fundação da WWF em 1961. Esta última deve-se, de facto, a Julian Huxley. A WWF contribui para a divulgação desse ideal panteísta e constitui um dos ramos de acção do mundialismo. Não é por acaso que o primeiro presidente da WWF foi precisamente… o príncipe Bernhard, também dirigente do Grupo Bilderberg, que presidiu de 1962 a 1976. Entre as pessoas que presidiram a WWF encontra-se também John Loudon, que, como John Kerr, foi também presidente da companhia petrolífera Royal Dutch Shell.
Este conglomerado petroleiro anglo-holandês é um dos viveiros da Nova Ordem Mundial. Há que saber também que o príncipe Felipe, esposo da rainha de Inglaterra, Isabel II, também dirigiu a WWF de 1981 a 1996.
A esta lista de actores proveniente de uma larga tradição político-comercial podemos agregar o papel da Trilateral, criada em 1973 por David Rockefeller e Zbigniew Brzezinski (ambos membros do CFR), este último mentor do actual presidente americano Barack Obama.
A Trilateral reagrupa três zonas geográficas economicamente desenvolvidas:
América do Norte, Europa e Japão. Brzezinski, que recorda que personalidades francesas como Simone Veil, Robert Marjolin, Raymond Barre e mesmo Hubert Vedrine contribuíram no seu apoio à Trilateral, agrega que os Estados se vão «ante problemas cada vez mais diversos – financeiros, económicos e estratégicos – e que têm cada vez menos possibilidades de se resolver, sem proceder a pelo menos uma consulta mais estreita, do seu próprio interesse e do resto do mundo».
Como meio de enfrentar esses desafios, o autor diz mesmo que a Trilateral deu origem à criação do G-7. A estreita relação da Trilateral com o mundo industrial e os thinks-tanks tem evidenciado em particular com a Rede Política Transatlântica (a TPN, siglas em inglês).
De facto, o presidente do ramo europeu da Trilateral, Peter Sutherland, preside também o ramo europeu da TPN. Este irlandês dirigiu também o [banco de inversão] Goldman Sachs, que por sua vez determina por debaixo da mesa a política económica do presidente Obama, e foi também, entre outras cosas, chefe da Comissão sobre a Competência (de 1985 a 1989) sob a presidência de Jacques Delors.
Para rematar, Peter Sutherland também é o director da escola fabiana London School of Economics. O ciclo acaba quando sabemos que John Kerr – já mencionado anteriormente – é também membro do ramo europeu da Trilateral.
Como já temos podido comprovar, as elites políticas e económicas vêem convergindo desde há muito tempo para a instauração de uma Ordem Mundial Unificada. O panorama seria porém incompleto se não mencionarmos aqui as declarações das autoridades da Igreja Católica.
Uma Igreja Católica ao serviço da Nova Ordem Mundial
Sejamos crentes ou não, o certo é que o estudo dos princípios de base de qualquer confissão deve realizar-se com toda a objectividade. Há que estudar os preceitos que defende e observar se o seu discurso e acção correspondem ou não à sua doutrina. No caso da Igreja Católica, o conceito defendido desde há 2000 anos baseia-se na supremacia de Deus sobre o homem.
As Escrituras e a tradição constituem a fundação intocável, a mesma base da fé segundo os términos consagrados, definidos pelo sucessor de São Pedro, o Papa.
Marcado pelo pecado original, o homem deve aceitar submeter-se a uma autoridade superior e obedecer ao conjunto de preceitos que a Igreja Católica defende. É esse o caso de numerosas igrejas protestantes.
Uma mudança fundamental ocorre, porém, com o II Concilio do Vaticano (1962–1965). Este concilio é o resultado de uma larga corrente de reflexões provenientes de numerosos homens de igreja, mas também de personagens exteriores a ela, desde o Século XIX.
Ao cabo de uma larga luta entre os defensores da tradição e dos progressistas, estes últimos conseguiram impor sua própria visão para a grande reforma do Vaticano II. Tratava-se, para eles, de adaptar a Igreja a múltiplas inovações políticas, técnicas e sociais que marcam a evolução do mundo. Para os defensores da tradição é tudo ao contrário. É o mundo que tem que adaptar-se aos princípios da Igreja. A humanização, que devia implicar a promoção dos direitos humanos, e a sua colaboração com as instâncias internacionais, foram claramente expressadas em 1963 na encíclica Pacem in Terris do Papa João XXIII. Recordando os progressos da Ciência e a técnica que levam a «intensificar a sua colaboração e a fortalecer a sua união» dentro do género humano, trata-se de fortalecer o «bem comum universal» que os Estados deixam de garantir, enciclicamente.
É por ele que o documento se agrega, muito logicamente, que «Na nossa época, o bem comum universal planta problemas de dimensões mundiais. Só podem ser feitos por uma autoridade pública cujo poder, constituição e meios de acção tenham também dimensões mundiais e que possa exercer a sua acção sobre o planeta em toda a sua extensão. É portanto a ordem moral em si que exige a constituição de uma autoridade pública com competência universal».
Depois de expressar o seu desejo de que esse «poder supranacional» não seja instaurado pela força, a encíclica, aprova a Declaração dos Direitos Humanos de 1948, com excepção de algumas objecções. Agrega que «Consideramos essa Declaração como um passo em direcção a um estabelecimento de uma organização jurídico-política da comunidade mundial».
Esta mudança de rumo da Igreja Católica é a marca da fábrica de todos os Papas desde o Vaticano II. Na sua mensagem de natal de 2005, o Papa Benedito XVI exortou os homens a empreender «a edificação de uma Nova Ordem Mundial».
É, por conseguinte, totalmente lógico que Benedito XVI tenha lançado um apelo para a criação de uma “autoridade política mundial” nos seus Veritas encíclica em caritate, em Julho de 2009. Recordando a interdependência mundial, o Papa apela «com urgência à reforma da ONU como arquitectura económica e financeira internacional com vista a convertê-la numa realidade concreta do conceito de família de nações (…).
Para uma Assembleia Parlamentar Mundial
A criação de grandes uniões políticas regionais que se regem por leis comuns como diferentes componentes do Estado Mundial teria de estar representada no seio de uma assembleia única. Esse é o objectivo da «Assembleia Parlamentar das Nações Unidas» (APNU).
Essa ambição é a continuação lógica dos Sonhos de unificação mundial que defendem os teóricos do mundialismo (fabianos e associados).
Nada aparece por acaso. Os acontecimentos, personagens e institutos do passado dão os seus frutos, que conduzem à construção dessa espécie de torre de Babel. Por conseguinte, o accionar do WFN (World Federalist Movement), criado como já vimos, em 1947 em Montreux, inscreve-se na lógica do trabalho que já vinha a ser realizado.
Da mesma maneira, o WFN dá origem, em 1992, à elaboração do primeiro grande documento que exorta o estabelecimento de uma assembleia parlamentar mundial no seio das Nações Unidas: The Case for a United Nations Parliamentary Assembly (o objectivo de uma assembleia parlamentar das Nações Unidas) por parte do canadiano Dieter Heinrich.
Numerosos trabalhos e cabalas têm-se desenvolvido posteriormente no Senado Canadiano, no Parlamento Europeu, durante o Forum do Milénio do ano 2000 em Nova York, no 12º congresso da Internacional Socialista, etc., para terminar, em Setembro de 2003, com a criação de um «Comité por uma ONU democrática». Re-emitimos aqui a versão em alemão já que, como veremos, as autoridades políticas alemãs desempenham nisto um papel de primeiro plano: Komitee für eine Demokratische UNO (KDUN).
O KDUN é a figura de um comité executivo que trabalha pela criação de um Parlamento Mundial. Os seus trabalhos contam com a participação de outro instituto já mencionado anteriormente: o WFM.
Resta acrescentar que a «Sociedade de Povos Ameaçados» (Gesellschaft für bedrohte Völcker), instituto alemão, trabalha pela emancipação de grupos étnicos e colabora estreitamente com a UFCE (União Federalista de Comunidades Étnicas Europeias) e com uma ONG inglesa, a 2020 Vision Ltd.
O KDUN, que tem a sua sede em Berlim, anuncia as suas aspirações quando estipula nos seus estatutos a sua vontade de construir uma Sociedade cosmopolítica que favoreça as integrações continentais. No seu comité de direcção encontramos representantes provenientes dos meios políticos e científicos.
Há que sublinhar todas as correntes políticas alemãs que estão representadas nesse comité de direcção, com excepção dos ex-comunistas (die Linke).
Também encontramos nesse comité uma personagem chave, Armin Laschet. Este político deu origem à denuncia elaborada em 2003, em que é chamado a dar à União Europeia uma sede permanente após a adopção do “Tratado de Giscard”» (agora conhecido como “Tratado de Lisboa”). Exerce uma influência decisiva presidindo também o comité gestor do Prémio Carlos Magno.
Por outra parte, a presença do eurodeputado alemão Jo Leinen desempenhou um papel determinante na adopção do Tratado de Lisboa.
Foi em Abril de 2007 que o KDUN lançou a sua campanha a favor de um Parlamento Mundial, sob a direcção do seu presidente, Andreas Bummel. Autor de um livro intitulado «Internationale Demokratie Entwickeln» («Desenvolver a Democracia Internacional»), Bummel é ex-membro do partido liberal alemão, o FDP, cujo presidente, Guido Westerwelle, é ministro das Relações Externas do governo de Angela Merkel desde Setembro de 2009. É também colaborador da «Sociedade dos Povos Ameaçados», que é dirigida por Tilman Zulch (membro do comité de direcção do KDUN) e do World Federalist Movement (WFM) de Nova York.
Todas estas personagens trabalham para alcançar a criação desta nova organização mundial. Como é dito nos textos oficiais:
«(…) A APNU poderia conformar-se numa primeira etapa com delegados de parlamentos nacionais e regionais que reflectem as suas posições políticas. Uma APNU incluiria portanto membros de partidos minoritários que não fazem parte do governo. Numa etapa posterior, a APNU poderia ser eleita directamente. Uma APNU seria assim um órgão único e legítimo que representaria a voz da cidadania sobre questões de ordem internacional. Os participantes da campanha consideram que uma APNU, depois de criada, evoluiria para, de um simples órgão de consulta, para converter-se num parlamento mundial com verdadeiro direito de informação, participação e controlo» (…).
Essas ambiciosas perspectivas para a APNU, expostas abertamente, ampliam-se mais quando é lembrado o apoio que Bento XVI trouxe ao estabelecimento de uma «autoridade política mundial». Obviamente, os dirigentes da APNU saudaram de forma entusiasta o ciclo papal.
Conclusão
Esta rápida descrição da história dos promotores do mundialismo, desde da Idade Média ao começo do Século XXI, demonstra que se trata de uma corrente muito antiga. Que se baseia na avareza ilimitada e na busca de um ideal de controlo total das riquezas do planeta.
A sua evolução tem vindo a acelerar à medida que os «sacerdotes» do mundialismo, sucessores de Nimrod, conseguiram impor a sua maneira de pensar a favor da Nova Ordem Mundial.
Desde a queda do muro de Berlim, os acontecimentos têm acelerado, tal e qual a crise. A década que começamos neste ano de 2010 será decisiva para a humanidade já que o mundialismo, segundo a doutrina destas elites, é um messianismo [que já está] apurado.
Por: Pierre Hillard (conhecido ensaísta francês, doutorado em Ciência política), em comentários actualizantes à sua brochura «La marche irrésistible du nouvel ordre mondial : L’Echec de la tour de Babel n’est pas fatal», em 2010.