Igreja Católica: Dois pesos, duas medidas

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Papa Bento XVI, após mensagem de Natal, em 25 de Dezembro de 2012
Papa Bento XVI, após mensagem de Natal, em 25 de Dezembro de 2012

Na Idade Média, era concedida a remissão de todos os pecados aos cristãos que combatiam os inimigos da igreja: os muçulmanos, os heréticos e mesmo os outros cristãos súbditos de reis que tinham tido a infelicidade de cair na desgraça da Santa Sé.

Assim, o Papa Júlio II (15031513) concedia o perdão de todos os seus pecados a quem quer que tivesse morto um dos membros da família excomungada dos Bentívoglio!

Clemente V (13051314), depois de ter excomungado a cidade de Veneza, declarava absolvido e dispensado de penitência para os seus pecados quem quer que matasse um veneziano. Em 1797, Pio VI prometeu a mesma graça a qualquer pessoa que matasse um republicano francês!

Todos aqueles que matarem um francês», diz, «farão um agradável sacrifício a Deus e os seus nomes ficarão escritos entre os dos eleitos do senhor.»

Deus nessa época, pelos vistos, não era republicano!

Como compensação desta atitude benevolente, a igreja mostrava-se intolerante em relação a crimes odiosos que constituíam verdadeiramente os pecados mortais.

Inocente XI excomungava as mulheres «que não cobriam o peito, do seio até ao pescoço».

Esta lei foi renovada por Pio VII e por Leão XII, que, além disso, estenderam a sua severidade às costureiras, modistas e alfaiates que confeccionassem fatos “indecentes”.

Benedito XIII decretou a excomunhão «dos jogadores de lotarias das diversas nações e daqueles que estavam empregados nas administrações desse jogo».

Clemente XII (17301741) associou-se a este virtuoso edicto, mas, como tinha estabelecido uma lotaria nos seus estados, limitou-se a lançar o anátema exclusivamente aos que perdiam o dinheiro por outros sítios!

Exemplos como estes grassam ao longo de toda a egrégia história desta instituição.

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