John Maynard Keynes tem, incontestavelmente, méritos. A sua análise é uma das mais finas e mais ricas da teoria económica. Se for necessário promover um programa de relançamento imediato no quadro do capitalismo actual, a sua obra contém numerosas soluções adequadas e frequentemente justificadas. É uma fonte de inspiração, mas que merece também críticas.
Com efeito, aí termina o interesse que podemos dedicar-lhe. Se quisermos ir mais longe, examinar em profundidade as causas e origens da crise e encontrar soluções que curem verdadeiramente, o keynesianismo mostra-se mais limitado. Ora, parece-nos que é nessa direcção que seria necessário dirigir-nos face à presente crise, tal como em relação à dos anos 30.
Não há verdadeiramente solução à actual recessão, senão numa saída do sistema e na sua substituição por uma Sociedade fundada na base da igualdade e da solidariedade, cuja economia seja gerida por um Estado que garanta os interesses da maioria da população – os que trabalham, a partir de uma planificação relativamente centralizada, o que quer dizer o socialismo. Se não for este o caminho que a humanidade tomar, resultarão meias medidas, soluções que poderão talvez melhorar temporariamente os efeitos mais dramáticos da recessão, mas que arriscam agravar ainda o mal, como acontece hoje com as políticas de competitividade, que permitirão eventualmente àqueles que as levam à prática que se saiam melhor, mas em detrimento dos outros. Isto não pode senão agudizar ainda mais as tensões, as contradições e portanto as possibilidades de conflito.Socialismo ou barbárie! Nesta perspectiva, Keynes tenta evitar o caos, sem recorrer ao socialismo. Mas tudo mostra que a sua teoria, mesmo se está mais perto da realidade do que a da corrente liberal, não permite aquilo que ele pretende. Mesmo com Keynes, o capitalismo corre para o caos e para a guerra.
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