Três grandes teorias debatem a explicação das crises. A corrente liberal atribui-as à chegada brusca de um elemento perturbador (atentado, subida dos preços do petróleo, acontecimentos políticos e sociais…) que se torna necessário eliminar com urgência para que o mercado reencontre o seu funcionamento naturalmente são. Keynes não acredita neste mecanismo auto-regulador. Para ele, o capitalismo conhece excessos que é necessário corrigir de forma indirecta pela intervenção do Estado. Sem isto, não poderia produzir os seus efeitos benéficos. Por fim, a doutrina marxista analisa o sistema com maior profundidade para examinar a recessão. Esta é inerente ao capitalismo. Para a ultrapassar, é necessária uma outra economia, uma outra Sociedade, o socialismo.
Com a amplitude dos problemas, a duração de um fraco crescimento e a existência de um desemprego elevado, as teses puramente liberais têm o chumbo na asa. Os governos menos intervencionistas tiveram de se precipitar em socorro dos bancos, sem o que seria a catástrofe financeira. Tal como escreveu um economista francês: “Na crise, somos todos keynesianos“. Uma maneira de dizer que não restam senão duas explicações convincentes: a proposta por Keynes e a do marxismo. E como “não se pode ser contra o sistema”, então é o keynesianismo.
Daí, a importância que tem para os marxistas interessarem-se por esta teoria concorrente de análise da crise. Será ela pertinente? Terá ela um valor científico? As soluções que ela propõe merecem que as analisemos?