Confissões de um Assassino Económico (em inglês, Confessions of an Economic Hit Man) é uma autobiografia escrita por John Perkins e originalmente publicada em 2004. Conta a história da sua carreira como consultor da empresa Chas. T. Main, cargo para o qual teria sido recrutado por um membro da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA). O seu trabalho consistia em atuar como um assassino económico.
Assassinos económicos
Assassinos económicos, de acordo com o autor, são profissionais altamente remunerados cujo trabalho é lesar países ao redor do mundo em golpes de triliões de dólares.
Modus Operandi
Os assassinos económicos atuariam manipulando recursos financeiros do Banco Mundial, da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), além de outras organizações internacionais e norte-americanas. Através de empréstimos, canalizariam verbas de países para grandes corporações e famílias abastadas que controlam grandes fontes de recursos naturais.
Perkins afirma que os seus instrumentos de trabalho incluem relatórios financeiros adulterados, pleitos eleitorais fraudulentos, extorsão, sexo e assassinato. Um assassino económico seria um empregado do imperialismo nos tempos da globalização.
Objectivos
De acordo com o livro, o objetivo final dos assassinos económicos era o de convencer lideranças políticas e financeiras de países em desenvolvimento a contrair elevados empréstimos de instituições como o Banco Mundial e a USAID, com o objetivo de construir infraestruturas nos seus países.
Os recursos dos empréstimos, porém, retornariam aos Estados Unidos, pois as empresas encarregadas das obras seriam invariavelmente norte-americanas. Os países beneficiados ver-se-iam asfixiados com os pagamentos dos juros e as amortizações do principal dos empréstimos. Sendo assim, tais países ver-se-iam obrigados a subordinar-se à pressão política dos Estados Unidos em diversos temas.
Posição sobre o perdão da dívidas
No epílogo da edição de 2006, o autor rebate a oferta de perdão da dívida dos países do Terceiro Mundo por parte das nações do G8. Perkins alega que a proposta impõe diversas condições, dentre as quais a privatização dos serviços de Saúde, Educação, provimento de electricidade, de água e outros serviços públicos. Segundo o autor, a proposta obriga ainda os países beneficiados a acabar com quaisquer subsídios às empresas locais e o fim de qualquer barreira ao comércio internacional, sem qualquer contrapartida por parte das nações do G8, que poderão continuar a subsidiar as suas empresas e impor restrições, salvaguardas e tributos ao comércio internacional.
Críticas
Confissões de um Assassino Económico é um livro polémico e constitui o centro de diversas controvérsias.
Posição do Departamento de Estado norte-americano
O Departamento de Estado dos Estados Unidos da América afirma que o livro é uma “ficção total”. Cita, como resposta, a “recente iniciativa de perdoar a dívida de diversos países pobres altamente endividados”. O Departamento de Estado também nega que Perkins tenha recebido ordens da NSA, fazendo notar que em nenhum ponto do livro há uma ordem direta, escrita ou verbal, da NSA para o autor. Também afirma que controlo económico de países está além das atribuições da NSA, e que a única relação entre Perkins e a agência fora uma entrevista que o autor fizera em 1968.
Perkins afirma, em resposta, que a NSA é extremamente secreta e pouco se sabe sobre as suas ações. Cita como exemplo das suas actividades não-documentadas, a espionagem de cidadãos norte-americanos.
Críticas de Sebastian Mallaby
Sebastian Mallaby, colunista do Washington Post, criticou duramente Perkins e o seu livro. Afirmou que Confissões de um Assassino Económico é “um sonho” e os conceitos básicos do livro estão “planamente errados”. Mallaby apresenta como contra-exemplo à teoria de Perkins, a Indonésia, um país em desenvolvimento que teria passado por uma grande redução da mortalidade infantil e analfabetismo, além do aumento de expectativa de vida em 19 anos, após um empréstimo nos anos 70. Segundo Mallaby, Perkins costumeiramente cita a Indonésia como um exemplo das suas teorias. Mallaby também afirma que as grandes corporações não agem em uníssono, mas antes em competição, e faz notar que muitas das empresas citadas por Perkins efetivamente faliram, perderam mercado ou foram adquiridas por outras.
Perkins afirma que Mallaby é um defensor do sistema de exploração de países pobres. Afirma, no seu livro Secret History of the American Empire, que a Indonésia está numa situação social e economica pior que a da década de 70.