Platão descreve a Atlântida no seu diálogo Crítias como um lugar que “cintila com a luz vermelha do oricalco”, metal que segundo o filósofo revestiria todo o interior do templo de Poseidon na lendária ilha. O pensador grego acrescenta ainda que a substância seria a segunda mais valiosa, atrás apenas do ouro, e que só podia ser extraída das minas localizadas no território perdido.
Se é proveniente ou não da Atlântida obviamente que não se sabe, mas o facto é que até hoje apenas tinham sido enconradas pequenas quantidades de oricalco. Surpreendentemente, uma equipa de mergulhadores da Sicília acabou de descobrir 39 barras compostas pela misteriosa e mítica liga num navio que naufragou por volta do ano 550 a.C., na região de Gela, no sul da ilha italiana.
“Nunca tinha sido encontrado nada similar. Nós conhecíamos o oricalco de textos antigos e de alguns objectos ornamentais”, disse Sebastiano Tusa, da agência marítima local, ao Discovery News. Entre os estudiosos, o consenso é que se tratava de uma liga metálica semelhante ao bronze, obtida através da reacção entre minério de zinco, carvão e cobre. Mas a sua composição, bem como sua origem, continuam incertas e sendo debatidas por estudiosos.
Os gregos antigos acreditavam que a invenção desta liga específica remetia ao herói mitológico Cadmo, e grande parte da fama e do mistério que perduram até hoje se devem justamente a Platão, que no Século IV a.C. incluiu a substância na obra «Crítias» e a relacionou com a Atlântida.
A embarcação que carregava a valiosa carga parece até ter recebido alguma espécie de maldição dos deuses antigos. Após partir de alguma suposta localidade da Grécia ou Ásia Menor, o naufrágio ocorreu quando estava a meros 300 metros do porto de Gela, devido a uma tempestade.
Depois de analisadas com uma técnica de fluorescência de Raios-X, as 39 barras revelaram ser compostas por 75 – 80% de cobre, 15 – 20% de zinco e também por pequenas quantidades de níquel, chumbo e ferro. De acordo com Sebastiano Tusa, a descoberta chama a atenção para a importância da cidade no cenário económico e cultural do Mediterrâneo da época.
“O achado confirma que cerca de um século após a sua fundação em 689 a.C., Gela veio a tornar-se uma cidade rica, com oficinas de artesanato especializadas na produção de artefactos valiosos”, afirma.
Fonte: Revista Galileu
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