O falecido reverendo Dr. Donald Omand, pastor angelicano e indiciado de práticas exorcistas, não tinha dúvidas quanto à existência do famoso monstro de Loch Ness, conhecido carinhosamente por alguns como Nessie. Tinha, porém, sérias reservas quanto à teoria de que o monstro pudesse ser algum tipo de animal pré-histórico ou, na verdade, que ele fosse uma criatura viva.
O escritor F. W. (Ted) Holiday, que passara vários anos nas margens do Loch Ness, na Escócia, parecia concordar com o reverendo. Num livro publicado em 1973, «The Dragon and the Disc», rejeitou teorias biológicas sobre a criatura e insistiu em que os investigadores considerassem a noção de visitantes do reino paranormal.
Assim, quando Holiday ficou a saber da teoria do reverendo Omand, escreveu-lhe uma carta e em pouco tempo, os dois homens encontraram-se. Uma das coisas sobre as quais conversaram foi a estranha história do escritor sueco Janove Sundberg, que estivera no Loch Ness no dia 16 de Agosto de 1971. Naquela noite, Sundberg tentara dirigir-se por um atalho pela floresta perto do lago e acabou por se perder. Enquanto caminhava entre as árvores, encontrou uma máquina extremamente estranha, um objecto em forma de charuto, cinza-escuro, de 10 metros, pousado no solo a cerca de 60 ou 70 metros de onde ele estava.
Sundberg declarou ter visto três figuras a sair dos arbustos, cada uma delas usando roupa de mergulho e capacete na cabeça. A princípio, pensou que fossem trabalhadores técnicos de uma central hidroelétrica localizada nas proximidades. Depois de algum tempo, as figuras entraram naquele veículo por uma porta pequena na parte superior. O veículo então elevou-se a uns 15 metros em pleno ar e desapareceu a grande velocidade.
Quando Sundberg voltou para à Suécia foi, segundo ele, perseguido por figuras misteriosas vestidas de preto, os tão comentados homens de preto que costumam intimidar algumas testemunhas de OVNIs e finalmente sofreu um colapso nervoso.
Holiday, normalmente, teria recusado a história, se tivesse ouvido comentários sobre outra aparição de OVNIs no lago naquela mesma semana de Agosto de 1971. Mas havia um problema, no local do episódio, os investigadores encontraram uma floresta tão densa que não havia lugar para a aterragem de um OVNI maior do que uma caixa de fósforo. A foto de Sundberg mostrara apenas árvores.
Sundberg acreditou que tivera um encontro com um OVNI. No entanto, também parecia não haver nenhuma dúvida de que a coisa não acontecera exactamente como ele pensava. Teria o escritor sueco sido envolvido em algum tipo de evento sobrenatural?
Com base nessa teoria, o reverendo Omand, acompanhado por Holiday, foi ao Loch Ness para exorcizar o seu demónio no dia 2 de Junho de 1973. Ele realizou o ritual exorcista em cinco locais ao redor do lago.
“Fazei com que, por meio do poder dado a este humilde servo, este lago e às terras localizadas nas suas margens possam ficar livres de todos os maus espíritos, de todas as vãs fantasias, projeções e fantasmas e de todos os artifícios do Demónio. Permiti, Senhor, que eles obedeçam às ordens de vosso servo, e fazei com que não causem incómodo nem homens nem animais, mas partam para o lugar que lhes for designado, e ali permaneçam para sempre”, orou ele em cada lugar.
E escreveria Holiday a respeito da experiência:
“Não tenho formação religiosa; no entanto, senti uma tensão distinta a formar-se na atmosfera naquele momento. Foi como se estivessemos accionado algumas alavancas invisíveis e estivéssemos a aguardar o resultado.”
Na segunda-feira seguinte, o reverendo Omand repetiu o acto de exorcismo para uma equipa de cinegrafistas da BBC. Na terça-feira, Holiday preparou-se para investigar a aparição do OVNI relatada por Sundberg. Primeiro, entretanto, telefonou para Winifred Cary, médium que morava nas proximidades. Quando lhe falou do encontro de Sundberg, a Sra. Cary respondeu que ela e o marido, comandante da força áerea inglesa, também já haviam visto OVNIs naquela área. A médium pediu a Holiday que não se aproximasse do local.
“Já li sobre pessoas que simplesmente desapareceram. Pode parecer disparate, porém eu não pretendo ir”, revelou ela.
O reverendo Omand dissera a Holiday a mesma coisa. Escreveu Holiday no seu livro «The Goblin Universe»:
“Naquele preciso momento, houve um ruído tremendo, semelhante ao de um furacão e o jardim pareceu adquirir um movimento frenético indefinível. Ouviram-se impactos violentos, como se um objecto pesado estivesse a bater na parede ou na porta. Pela janela, atrás da Sra. Cary, eu vi, de repente, o que me pareceu ser uma coluna de fumo espesso negro em forma de pirâmide, com uns 3 metros de altura, girando a grande velocidade. Parte daquele fumo estava a envolver uma roseira, que parecia estar a ser arrancada do solo. A Sra. Cary gritou e virou-se para a janela. O episódio durou dez ou quinze segundos, e então instantaneamente terminou.”
Cary também ouviu o barulho.
“Vi uma luz branca entrando na sala pela janela a minha esquerda. Vi um círculo de luz branca na testa de Ted Holiday. Senti um medo terrível”, confessou ela.
Holiday decidiu não ir ao local onde Sundberg estivera. Mas na manhã seguinte, logo às primeiras horas, ao sair para um pequeno passeio, ficou surpreso ao ver uma figura de aparência estranha a uns 30 metros de distância. Era um homem vestido inteiramente de preto. Ele recorda-se:
“Senti uma estranha sensação de mal-estar, de frio e de calma. Aquele homem tinha 1,80 metros de altura e parecia estar vestido com uma roupa de couro ou plástico preto. Usava capacete, luvas, e estava mascarado. A máscara cobria o nariz, a boca e o queixo”.
Holiday aproximou-se da figura e logo após retrocedeu alguns passos. Em seguida, olhou para o lago durante alguns segundos. Então, virou a cabeça na direção do misterioso homem de preto. Naquele momento, ele ouviu um curioso som sussurrante ou sibilante. Virou-se e não viu nada. Holiday correu imediatamente até à estrada.
“Havia uns 800 metros de estrada vazia visível à direita e cerca de 100 metros à esquerda. Nenhum ser vivo poderia ter desaparecido da vista tão rapidamente. No entanto, sem dúvida, ele desaparecera”, contou.
No dia seguinte, o reverendo Omand partiu, dizendo que iria tentar exorcizar o antigo fantasma, quando visitasse o lago Loch Ness outra vez.
Holiday, entretanto, voltou ao Loch Ness em 1974. Em poucos dias, durante a sua viagem, o escritor sofreu um ataque cardíaco não fatal enquanto passeava pelas margens do lago. Ao ser transportado numa padiola, passou directamente no local onde vira o homem de preto. Um segundo ataque cardíaco matou Ted Holiday, em 1979.
Fonte: Livro «O Livro dos Fenómenos Estranhos» de Charles Berlitz