O movimento Occupy iniciou os protestos em 17 de Setembro de 2011. Em 9 de Outubro de 2011, activistas em cidades de mais de 25 países responderam a um apelo para um protesto global em 15 de Outubro. Uma lista de eventos para 15 de Outubro incluía 951 cidades em 82 países. A 15 de Outubro foram realizados eventos em muitas cidades em todo o mundo.
Semanas 1 – 4 (17 de Setembro – 14 de Outubro)
A 17 de Setembro, cerca de 1.000 manifestantes marcharam pelas ruas, estimando-se que entre 100 a 200 tenha pernoitado em caixas de papelão. Até 19 de Setembro, sete pessoas haviam sido presas.
Pelo menos 80 detenções foram feitas em 24 de Setembro, depois de os manifestantes terem começado a marchar cidade acima e forçarem o encerramento de várias ruas. A maioria das 80 detenções foram por bloquear o tráfego, embora alguns também tenham sido acusados de conduta desordeira e resistência à detenção. A força policial começou a utilizar uma técnica chamada kettling (também conhecida como contenção ou encurralamento) que envolve o uso de redes cor-de-laranja para isolar os manifestantes em grupos menores.
Os vídeos que mostraram várias manifestantes do sexo feminino a serem atingidas com spray de gás-pimenta por um agente da policia, foram amplamente divulgados, o que provocou controvérsia. O referido policia foi mais tarde identificado como sendo o inspector Anthony Bologna, tendo sido identificado também noutros vídeos, a atingir um fotógrafo com spray.
Inicialmente o comissário da polícia Raymond W. Kelly e um representante de Bologna defenderam as suas acções, condenando a divulgação das suas informações pessoais. Depois de crescer o furor público, Kelly anunciou que os Assuntos Internos e o Conselho de Revisão de Queixas Civis estavam a abrir investigações, criticando, no entanto, mais uma vez os anónimos por terem “tentado intimidar, incluindo nomes de crianças, quando estas se encontravam nas respectivas escolas”, e acrescentando que semelhante táctica era “totalmente inadequada e desprezível”. Entretanto, o Procurador Público do Distrito de Manhattan, Cyrus Vance Jr., iniciou a sua própria investigação.
A atenção pública para as pulverizações de gás-pimenta resultou num aumento da cobertura da imprensa, um padrão que foi repetido nas semanas seguintes, após confrontos com a policia. Clyde Haberman, escrevendo no The New York Times, afirmou que “se os manifestantes do movimento Occupy Wall Street alguma vez escolherem homenagear uma pessoa como tendo sido a que deu à sua causa o seu maior impulso, podem muito bem escolher Anthony de Bologna“, apelidando o referido evento de “vital” para um movimento ainda incipiente. “Depois de Ron Kuby, o advogado de um dos protestantes, exigir a prisão de Bologna, este foi no entanto dispensado com 10 dias de férias e depois transferido para Staten Island, que é onde reside”, de acordo com o blogueiro Daniel Edward Rosen.
Em 1 de Outubro de 2011, os manifestantes começaram a marchar pela Ponte de Brooklyn. O The New York Times relatou que foram feitas mais de 700 detenções. A polícia usou dez autocarros para levar os manifestantes para fora da ponte. Alguns afirmaram que a policia tinham enganado os manifestantes, permitindo-lhes passar na ponte, e até mesmo escoltando-os parcialmente. Jesse A. Myerson, um coordenador de imprensa para o movimento Occupy Wall Street disse: “Os policias assistiram e nada fizeram, de facto, pareciam guiar-nos para a estrada.” No entanto, há algumas declarações de manifestantes que apoiam as descrições do evento dadas pela policia: por exemplo, um manifestante tweetou que “a polícia não nos levou para a ponte. Eles estavam era a recuar.” Um porta-voz da policia de Nova York, Paul Browne, afirmou que aos manifestantes foram dados vários avisos para permanecer na calçada e não bloquear a rua, tendo começado a efectuar detenções após a recusa destes. A 2 de Outubro, à excepção de 20, todos os detidos foram libertados, mas com citações de conduta desordeira e uma intimação do Tribunal Penal. A 4 de Outubro, um grupo de manifestantes que foram detidos na ponte abriu um processo judicial contra a cidade, alegando que os policias haviam violado os seus direitos constitucionais, atraindo-os para uma armadilha e depois prendendo-os. O Mayor Bloomberg, comentando anteriormente sobre o incidente, dissera que “a policia fez exactamente o que deveria fazer”.
A 5 de Outubro, juntamente com sindicalistas, estudantes e desempregados, a manifestação aumentou para números maiores, com uma estimativa de 15 mil manifestantes a terem aderido aos protestos. Entretanto, outros protestos menores continuaram nas cidades e nos Campus Universitários de todo o país.
Milhares de trabalhadores sindicalizados juntaram-se aos protestantes marchando através do Financial District. A marcha foi pacífica na sua maioria, até depois do anoitecer, quando os confrontos eclodiram. Cerca de 200 manifestantes tentaram tomar de assalto as barricadas que oa impediam de entrar em Wall Street e na Stock Exchange. A polícia respondeu com spray de gás-pimenta e encerrou os manifestantes dentro de redes cor-de-laranja.
Inspirados pelo Occupy Wall Street, os manifestantes britânicos organizaram uma ocupação da London Stock Exchange para chamar a atenção para o que eles consideravam ser um comportamento anti-ético por parte dos bancos. Um dos organizadores do protesto, afirmou que os protestos concentram-se contra a “injustiça social crescente e económica neste país.” Na sua opinião, “o Governo garantiu a manutenção do status quo ao deixar as pessoas que causaram esta crise saíssem impunes, enquanto por outro lado, asseguraram que o povo deste país pagasse o preço, em particular as pessoas mais vulneráveis.”
Semana 5-7 (15 de Outubro – 4 de Novembro)
A 15 de Outubro, dezenas de milhares de manifestantes realizaram comícios em 900 cidades de todo o mundo, incluindo Auckland, Sydney, Hong Kong, Taipé, Tóquio, São Paulo, Paris, Madrid, Berlim, Hamburgo, Leipzig e muitas outras. Em Frankfurt, 5.000 pessoas protestaram junto ao Banco Central Europeu e em Zurique, no centro financeiro da Suíça, os manifestantes carregaram cartazes que diziam “Nós não vamos salvá-los novamente” e “Nós somos os 99 por cento”. Os protestos foram em grande parte pacíficos, no entanto, uma manifestação em Roma, que atraiu milhares de pessoas, acabou por tornar-se violenta. Milhares de manifestantes Occupy Wall Street reuniram-se em Times Square, em Nova York e mobilizaram-se por várias horas. Várias centenas de manifestantes foram presos por todos os EUA, principalmente por se recusarem a obedecer a ordens da policia no sentido de abandonarem áreas públicas. Em Chicago, registaram-se 175 detenções, no Arizona foram feitas cerca de 100 (53 em Tucson, 46 em Phoenix) e mais de 70 pessoas foram detidas na cidade de Nova York, incluindo pelo menos 40 em Times Square. Várias detenções foram relatadas em Chicago, e também cerca de 150 pessoas que estavam acampadas perto da Câmara Municipal, em Minneapolis, foram detidas.
Nas primeiras horas da manhã de 25 de Outubro, a policia limpou e fechou um acampamento Occupy na Frank Ogawa Plaza, em Oakland, Califórnia. O ataque foi caótico e violento, mas o chefe da policia Howard Jordan expressou a sua satisfação sobre como correu a operação, porque como afirmou, nem a polícia nem o público sofreram lesões. Uma marcha de rua ocorrida naquela tarde, que visava protestar contra o encerramento do acampamento, culminou num confronto entre a policia e os manifestantes, que tentaram restabelecer o acampamento de Ogawa Plaza. Durante o confronto, o manifestante Scott Olsen, um ex-fuzileiro naval e veterano da Guerra do Iraque, sofreu uma fractura no crânio causada por um projéctil de gás lacrimogéneo ou lata de fumo disparada pela polícia.
Até 29 de Outubro de 2011, haviam cerca de 2.300 zonas ocupadas em cerca de 2000 cidades em todo o mundo.
A 2 de Novembro, os manifestantes em Oakland, Califórnia, encerraram o porto, sendo que esse porto é o quinto mais movimentado dos EUA. A policia estimou que cerca de 3.000 manifestantes reuniram-se no porto e 4.500 haviam marchado em toda a cidade. No entanto, um membro do movimento Occupy que foi citado pela BBC estimou em cerca de 30.000, o número provável de participantes.
A 3 de Novembro, a autora auto-publicada Hannah Faye publicou “Occupy the World: From the Heart of the Protesters“, que continha as primeiras respostas documentadas de 27 manifestantes de Chicago, Illinois e Nova York à pergunta: Porque estão vocês aqui?
Semana 8 – 10 (5 de Novembro – 25 de Novembro)
A 5 de Novembro, Frankfurt aproveitou o dia da “Noite de Guy Fawkes” como ocasião para uma manifestação extra, que se tornou longa e ruidosa e os Occupy Portland fizeram a sua campanha “Move Your $“. 11 de Novembro foi mais um dia de protesto internacional.
A 11 de Novembro, no “Remembrance Day” no Canadá, a policia retirou à força tendas de Victoria Park, em Halifax, Nova Escócia e prendeu 15 manifestantes. Na noite de 14 de Novembro, foi realizada pelas autoridades em todo o mundo uma ofensiva coordenada, com vários campos a serem encerrados pela força. Exemplos de tais campos incluem Zuccotti Park, em Nova York, Oakland, Oregon, Denver e Zurique. Nalguns dos outros campos, tais como o de St Pauls em Londres, não foi exercida nenhuma acção física, mas no dia 15 de Novembro as autoridades intensificaram as medidas legais para obter a autorização de um despejo forçado. A 13 de Novembro uma das mais pequenas actividades protestantes foi invadida e recebeu atenção nacional em Chapel Hill, Carolina do Norte. A policia, com equipamentos militares, invadiu um prédio vazio onde manifestantes livremente filiados ao acampamento Occupy local foram detidos. Sete manifestantes e dois jornalistas foram algemados. Os manifestantes de todo o mundo e alguns comentadores como o ex-editor do Financial Times Richard Lambert sugeriram que a mudança para táticas de confronto por parte das autoridades é mais provável que estimule o movimento ao invés de causar-lhe dispersão. John Gapper, principal comentador de negócios do FT, oferece uma visão diferente. Gapper diz mesmo que alguns manifestantes admitiam poder ser algo de positivo, os campos estarem a ser fechados, porque estes estavam a começar a afastar até mesmo pessoas do público em geral, que inicialmente eram totalmente solidárias com o movimento. Gapper afirma que algumas acções-chave intelectuais do movimento estão a acontecer agora, não no campo, mas no Alternative Banking Group, que foi criado pelo diplomata Carne Ross e pelo cientista de foguetões Cathy O’Neil.
O Occupy Boston recebeu uma grande vitória legal em 17 de Novembro, depois de um juiz ter ordenado à polícia que permitisse que os manifestantes permanecessem acampados no parque. Nova audiência foi marcada para 1 de Dezembro.
Durante o dia 18 de Novembro de 2011, na manifestação na UC Davis, o policía do campus tenente John Pike usou spray de gás-pimenta nos estudantes sentados. O incidente chamou a atenção nacional e levou a mais manifestações, petições e apelos para que a Chanceler Linda P.B. Katehi se demitisse. Em 22 de Novembro, ocupantes munidos de microfones, tentaram chamar à atenção do presidente Barack Obama para o tratamento que haviam recebido da policia, incluindo as milhares de detenções.
Semanas 11-15 (26 de Novembro-31 de Dezembro)
Em Dezembro, os ocupantes começaram a desviar as suas energias para além dos acampamentos de protesto e do seu foco estreito em relação aos bancos, tentando em vez disso, envolver-se mais com a política convencional e unindo forças com grupos activistas estabelecidos para apoiar causas amplamente compatíveis com os interesses dos “99%”. Entrevistando um dos líderes informais do movimento, o jornalista do Financial Times Bond Shannon descobriu que algumas questões de interesse incluíram: “a taxa de desemprego, endividamento das famílias, a dívida do aluno, a falta de perspectivas para as pessoas se formarem na faculdade e as execuções hipotecárias.” Nos EUA, a Occupy Homes uniu-se a outros activistas existentes e grupos de direitos humanos e começaram a ocupar casas hipotecadas, a interromper os leilões dos bancos, e a bloquear despejos . A 22 de Dezembro, o Washington Post relatou que algumas das cidades que dissolveram campos de protestos à força, estavam agora a enfrentar desafios legais.