Em 2010, fundos da CIA financiaram a organização Al Qaeda, que comprou armas e outros equipamentos com o dinheiro, informou o jornal norte-americano The New York Times.
Os Estados Unidos não pagam resgate de prisioneiros em poder de grupos considerados pelo governo norte-americano como terroristas, seja da Al Qaeda, seja do Estado Islâmico. Mas, em 2010, o dinheiro destinado pela CIA ao governo do Afeganistão foi utilizado para libertar Abdul Khaliq Farahi, ex-cônsul geral na cidade paquistanesa de Peshawar, sequestrado em 2008 pelo grupo de Osama Bin Laden.
No total, o governo paquistanês destinou 5 milhões de dólares à organização. Destes, 1 milhão de dólares foi proveniente da CIA. O restante, foi procedente, entre outros países, do Irão e do Golfo Pérsico, que também contribuíam para a caixa do presidente afegão.
“Deus abençoou-nos com um bom montante de dinheiro este mês”, escreveu Atiyah Abd al-Rahman, alto funcionário da Al Qaeda, numa carta destinada a Osama Bin Laden em Junho de 2010.
Al-Rahman ressaltou na correspondência, que o dinheiro poderia ser usado para comprar armas e outros equipamentos necessários pelo grupo.
Na ocasião, Bin Laden pediu cautela em relação ao dinheiro, por considerar que ele poderia estar envenenado pela CIA que tentava capturá-lo.
A troca de correspondência revela os detalhes das transações e foi revelada como prova utilizada contra Abid Naseer, um integrante do grupo, julgado no mês passado nos Estados Unidos.
De acordo com o jornal, não se tratou de uma armadilha, mas de um dos exemplos de que a falta de controlo e os problemas de supervisão financeira fizeram com que Washington financiasse organizações contra as quais lutava.
Desta forma, os Estados Unidos gastaram centenas de milhares de milhões de dólares na última década na guerra no Iraque e Afeganistão, alguns dos quais foram desviados para os combatentes inimigos, ressalta o jornal.
O texto diz ainda que o governo de Karzai recebia mensalmente da CIA um milhão de dólares. Tal ajuda foi utilizada para “comprar a lealdade” dos legisladores e outros afegãos de destaque que ajudavam o ex-presidente a financiar uma rede de clientelismo que garantiu a sua base de poder.
O dinheiro continua a chegar ao novo presidente, Ashraf Ghani, que assumiu o cargo em Setembro. Um funcionário da segurança afegã disse ao jornal que se trata de dinheiro em efetivo. Assim, “não é possível fazer nada sobre a forma em que é gasto”.
Fonte: Esquerda.net