Ao norte da planície de Nazca, encontramos uma estranha e bizarra imagem (geoglifo).
O famoso “tridente” ou “candelabro”. Traçado sobre a duna ocre e salitrosa da ponta Pejeney, na Península de Paracas. Parece não ter nenhuma ligação com o “tabuleiro maldito” de Nazca, ou muito menos, com a mítica Machu Picchu, ou a cidade de Cuzco, pelo menos no que se refere à direcção. A única similaridade com Nazca refere-se à secura do local. Foi isto que permitiu que a imagem permanecesse intacta até hoje.
Foram levantadas diversas hipóteses acerca de que o “candelabro” apontava para o Vale do Ingênio – em Nazca, algo que já foi descartado. O “tridente” aponta na verdade para o norte, apontando o seu eixo central directamente para a Ilha Blanca, perdendo-se então no Oceano Pacífico.
As suas dimensões variam de uns incríveis 183 metros de comprimento contra 3,2 metros de largura e de 1 a 1,2 metros de profundidade nos braços.
Deparamo-nos com outra surpresa quando escavamos no interior dos “braços” do tridente. A 10 ou 15 centímetros do solo, a areia desaparece, dando lugar a uma costa branco-amarelada, de natureza cristalina, muito comum em toda a península de Paracas. Além da sua ofuscante luminosidade, possui uma superfície extremamente lisa. Provavelmente, há centenas ou milhares de anos, o “tridente” de Paracas faiscaria ao Sol, como uma candelabro de prata. Ou seja, se hoje em dia ele é visto do mar ou do ar com um colorido avermelhado-amarelado, no passado, poderia ser visto como um farol, podendo ser avistado, com um tempo limpo, a 20 quilómetros da costa.
Entretanto, qual a sua finalidade? Como as figuras de Nazca, apesar da quantidade astronómica de teorias a esse respeito, ninguém sabe ao certo o porquê da sua existência ou da sua magnitude, apesar de que ao contrário de Nazca, os seus construtores não parecem ter encontrado muitas dificuldades para a sua criação.
A teoria de que possa ter servido como um farol para orientar os marinheiros através das escarpas turbulentas da região é bem aceite. Há diversas outras teorias como se pode imaginar. Algumas delas fantásticas, outras menos convincentes, como a teoria mais aceite entre os arqueólogos, de que seria um sinal de natureza astronómica. Se assim fosse, porque motivo só seria visto do céu ou do mar?
Outra teoria também bastante aceite é a de que este seria um sinal ritualístico, talvez relacionado a sacrifícios humanos. Com efeito, como dito antes, o seu eixo principal aponta para a Ilha Blanca, e relativamente próximo, encontramos outro grupo de ilhas, as Chincha, onde arqueólogos encontraram múmias de jovens mulheres decapitadas.
Tanto na cerâmica como nas célebres mantas de Paracas e nas manifestações artísticas dos “Nazca”, o “tridente” ou “cacto-tridente” aparece com certa constância.