A primeira operação de propaganda de um governo moderno foi no governo de Woodrow Wilson, que foi eleito presidente em 1916 sob o lema de «Paz sem Vitória». Estava-se exactamente a meio da Primeira Guerra Mundial. A população era extremamente pacifista e não via razão para se envolver numa guerra europeia. No entanto, o governo de Wilson estava realmente interessado na Guerra e tinha de fazer qualquer coisa. Foi então criada uma comissão governamental de propaganda, a Comissão Creel, que conseguiu, no espaço de seis meses, transformar uma população pacifista numa população histérica e fomentadora da Guerra, que queria destruir tudo o que fosse alemão, despedaçar os alemães, ir para a Guerra e salvar o mundo. Foi uma notável façanha que iria abrir o caminho para novas proezas. Tanto nessa altura como depois da Guerra, foram usadas as mesmas técnicas para incitar contra um histérico Terror Vermelho, como se lhe chamava, que quase conseguiu destruir sindicatos e eliminar problemas tão perigosos como a liberdade de Imprensa e a liberdade de pensamento político. Verificou-se um apoio muito forte dos Meios de Comunicação Social e dos meios empresariais, os quais, na realidade, organizaram e impulsionaram grande parte desse trabalho que, de maneira geral, teve grande êxito.
Entre os que participaram activa e entusiasticamente na guerra de Wilson encontravam-se os intelectuais progressistas, gente do círculo de John Dewey, que se sentiram muito orgulhosos, como pode comprovar-se com os seus próprios escritos da época, por terem mostrado que aqueles a que chamam «os mais inteligentes membros da comunidade», designadamente eles próprios, conseguiram arrastar para a Guerra uma população hesitante, aterrorizando-a e trazendo à tona uma atitude de fanático jingoísmo. Os meios a que recorreram foram muito amplos e diversos. Por exemplo, fabricou-se uma boa quantidade de atrocidades que teriam sido cometidas pelos «hunos», crianças belgas com os braços arrancados, toda a espécie de coisas horríveis que ainda se lêem em livros de História. Muitos desses «factos» foram inventados pelo Ministério da Propaganda britânico, cujos objectivos, nessa época, como se sabe pelas suas deliberações secretas, era «orientar o pensamento da maior parte do mundo». Mais importante ainda, era que eles queriam controlar o pensamento dos mais inteligentes membros da comunidade nos Estados Unidos, que então divulgariam a propaganda que estava a ser tramada e converteriam o país pacifista à histeria guerreira. Isto funcionou. Funcionou mesmo muito bem. E ensinou uma lição: a propaganda do Estado, sempre que apoiada pelas classes educadas, e que não sofra desvios, pode ter um efeito enorme. Foi uma lição que Hitler aprendeu, bem como muitos outros, e tem sido aplicada até hoje.