O gigantesco mercado de derivativos pesa imenso sobre todas as outras questões
Há um elefante de 300 triliões de dólares no quarto e é hora de descobrirmos o quanto ele realmente pesa sobre a Economia.
Os contratos de derivativos totalizam cerca de três quartos de um quatrilião de dólares em montantes “notacionais”, segundo o Banco de Compensações Internacionais. Esses contratos são registados em valores notacionais, porque ninguém pode realmente dizer o quanto eles valem.
Mas valoriza-los correctamente é exactamente o que deveríamos estar a fazer, porque deles resulta a doença viral que infectou os mercados financeiros e as economias do mundo.
Por mais que tentemos salvar o mercado imobiliário residencial, este contabiliza-se na melhor das hipóteses em 23 triliões de dólares nos EUA. Estamos a lutar para salvar o mercado de acções, mas tal é avaliado em menos de 15 triliões. E esperamos evitar que toda a economia dos EUA entre em colapso completo, mas o produto interno bruto é de 14,2 triliões de dólares.
Compare qualquer um destes com o mercado de derivativos e pode facilmente verificar que estamos apenas a fechar as janelas a um tsunami que atinge a costa. O valor total de todos os mercados de acções do mundo perfazem um montante de menos de 50 triliões de dólares, segundo a Federação Mundial de Bolsas.
Como garantia, o mercado de derivativos é internacional. Mas boa parte dos problemas que estamos a ter começaram com os contratos “derivados” de valores associados ao mercado imobiliário residencial dos EUA. Esses contratos foram projectados com base nas várias premissas associadas a esses valores.
Poucos sabem qual o valor que têm os derivativos. Eu falei com uma operadora de derivativos que administra biliões de dólares e ela disse que não podia sequer avaliar o seu protfolio porque “já ninguém sabe quem é que está no outro lado da transacção.”
O preço dos derivativos, basicamente, é determinado por aquilo que alguém está disposto a pagar pelo contrato. O valor é baseado num cenário artificial em que “X” vai valer “Y” se “Z” acontecer. No entanto, descasque a fantasia e a realidade da situação é semelhante a um jogo de cadeiras musicas – mas sem cadeiras.
E agora a música parou finalmente.
É por isso que a estabilização do mercado imobiliário pouco fará para retirar o ferrão da ferida que estamos a sentir em Wall Street. Uma vez que as hipotecas do povo foram vendidas a compradores secundários e, em seguida, foram criados todas as loucuras de valores de derivativos mobiliários com base nestes, e esses valores foram, por sua vez negociados abaixo da linha, agora há pouca ou nenhuma relevância para o valor dos imóveis que foram indexados.
Precisamos identificar e determinar o valor real dos derivativos antes de dar aos bancos e instituições um vale com mais dólares em impostos. Caso contrário, os proprietários sofrerão à medida que os bancos remendam os buracos abertos na sua contabilidade, pelos derivativos que se desintegraram. Não serão prorrogados novos créditos até que se resolva o problema do crédito antigo.
Não foi a desvalorização do mercado imobiliário, ou a inadimplência das hipotecas sub-prime que nos colocaram em verdadeiros problemas. Esses são bons bodes expiatórios para retirar a atenção de onde a ganância floresce realmente – instrumentos de negociação fraudulentos para a sintonia dos 700 triliões de dólares.
Vamos tentar imaginar como sair debaixo disto. Então, talvez, o capital comece a fluir outra vez através dos mercados. Neste momento, o elefante não está apenas no quarto, está sentado em cima de nós.
Thomas M. Kostigen
6 de Março de 2009
Fonte: MarketWatch
Artigo Original:
http://www.marketwatch.com/story/the-700-trillion-elephant-room-theres?tool=1&dist=bigcharts