A Islândia caiu na bancarrota e está a levantar-se pelo impulso popular. Uma reacção fortíssima contra os bancos e agências financeiras (que foram processados), e contra os políticos. Deixou cair uma banca totalmente irresponsável, não paga aos credores e está a perseguir os banqueiros. Para isso, foi buscar Eva Joly, a mais prestigiada magistrada europeia depois de Giovanni Falcone. Em sucessivos referendos, os movimentos populares estão a chamar a si o controlo político da reacção à bancarrota. Não será uma história totalmente romântica, mas é o mais expressivo conjunto de sinais do que pode ser um futuro sem o monopólio da partidocracia e do sistema financeiro. A Itália já havia sido um laboratório desse caos que é a promiscuidade entre sistemas financeiros e políticos nas décadas que se seguiram ao pós-Guerra e ao fim da I República com a operação ‘Mãos Limpas‘. Ninguém aprendeu com isso.
Depois, o triunfo das ideias ultra-liberais em Inglaterra e nos EUA com Tatcher e Reagan deixaram embevecidas as sereias do capitalismo financeiro e o resultado são as sucessivas crises dos anos 90 para cá. Sempre a cavar o fosso entre ricos e pobres, sempre a esmagar o trabalho por conta de outrem. Um dia, a história acabará mal – e provavelmente sem a elegância que, apesar de tudo os islandeses têm tido.