O mistério da profecia do Titanic

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1987
O mistério do Titanic
O mistério do Titanic

Cem anos antes de James Cameron ter transformado uma imbecilidade numa obra de arte na cerimónia dos Óscares, o autor norte-americano Morgan Robertson escreveu um livro chamado “Futility, or the Wreck of the Titan” (Futilidade ou a destruição do Titã), sobre o naufrágio de um transatlântico “inafundável”. Quando se olha para a capa do livro pensa-se estar a olhar para uma versão ficcional da história do Titanic.

Não há surpresa nisso, trata-se de uma história que tem vindo a ser contada várias vezes (haviam 13 filmes sobre o Titanic antes do de Cameron, incluindo um feito pelos nazis), mas o livro de Robertson foi o primeiro.

O que é estranho:

Robertson estava tão ansioso por ser o primeiro, que aparentemente, nem esperou pelo Titanic se afundar realmente, para escrever sobre ele. A “Destruição do Titã” foi publicado em 1898, 14 anos antes de ter sido concluída a construção do navio RMS Titanic.

Capa do livro: «The Wreck of the Titanic» de Morgan Robertson

As semelhanças entre a obra de Robertson e o desastre do Titanic são tão impressionantes que se tem de imaginar se a White Star Line não construiu o Titanic usando as especulações de Robertson como um desafio. O “Titã” foi descrito como “a maior embarcação flutuante e a maior obra do homem”, “semelhante a um hotel de primeira classe”, e, claro, “inafundável”.

Ambos eram navios de aço de propriedade britânica, ambos medindo em torno de 800 metros de comprimento e ambos afundaram após terem embatido num iceberg em pleno Atlântico Norte, em Abril, “à volta da meia-noite.” Parece-lhe o suficiente? Talvez por isso Robertson tenha reeditado o livro em 1912, apenas para o caso de se dar a possibilidade de muita gente desconhecer que ele o tinha escrito.

O que é ainda mais estranho:

Apesar do romance apresentar algumas coincidências curiosas com o desastre do Titanic, há aspectos nos quais Robertson se enganou redondamente. Uma delas, é o facto do Titanic não ter colidido com um iceberg a “400 milhas da Terra Nova“, a 25 nós de velocidade. Colidiu com um iceberg a 400 milhas da Terra Nova, mas a 22,5 nós de velocidade.

Mas que palpite, não?

Mas talvez os aspectos mais estranhos sobre o “Titã” tenham sido pontos que não tiveram nada a ver com a história, mas conferidos após inúmeras inquéritos e expedições ao local do afundamento do Titanic.

Um deles é o facto de tanto o “Titã” como o Titanic terem botes salva-vidas em quantidade insuficiente para acomodar todos os passageiros a bordo; o “Titã” carregava “tão poucos quanto a lei permitia.” Apesar de Robertson ter sido generoso e ter incluído 4 salva-vidas a mais no seu navio do que aqueles que haviam no Titanic, trata-se de um aspecto estranho para trazer a lume se considerarmos que os botes salva-vidas não tinham nada a ver com a história. Quando o “Titã” embateu no iceberg (a estibordo, naturalmente), o navio afundou imediatamente, tornando a questão acerca dos salva-vidas irrelevante. Porquê então mencioná-la?

Seria como se o HAL 9000 abordasse o perigo representado pelo O-ring a baixa temperatura, décadas antes do desastre do Challenger.

Dados complementares:

Morgan Andrew Robertson

Morgan Andrew Robertson foi um escritor americano nascido a 30 de Setembro de 1861 e falecido em 24 de Março de 1915. O “Futility, or the wreck of the Titan” é um livro de histórias, onde, além da “The wreck of the Titan” já abordada neste artigo, e que é a primeira história do livro, existem outras três. A saber: “The Pirates“, “Beyond The Spectrum” e “In The Valley of the Shadow“.

Além deste livro, o autor escreveu outros livros de histórias tais como “Where Angels Fear to Tread and Other Stories of the Sea” (1899), “Masters of Men” (1901), “Down to the Sea” (1905), “The Grain Ship” (1914) e “Three Laws and the Golden Rule” (a título póstumo).

O RMS Titanic foi um navio transatlântico da Classe Olympic, operado pela White Star Line e construído nos estaleiros da Harland and Wolff em Belfast, na Irlanda do Norte. Na noite de 14 de Abril de 1912, durante a sua viagem inaugural partindo de Southampton, na Inglaterra, com destino a Nova York, nos Estados Unidos, chocou com um iceberg no Oceano Atlântico e afundou duas horas e quarenta minutos depois, na madrugada do dia 15 de Abril de 1912. Até ao seu lançamento em 1912, foi considerado o maior navio de passageiros do mundo.

Com 3.547 pessoas a bordo, o naufrágio resultou na morte de 1.523 pessoas, hierarquizando-a como uma das piores catástrofes marítimas de todos os tempos. O Titanic provinha de algumas das mais avançadas tecnologias disponíveis da época e foi popularmente referenciado como “inafundável” – na verdade, um folheto publicitário de 1910, da White Star Line, sobre o Titanic, alegava que ele fora “concebido para ser inafundável”. Foi um grande choque para muitos o facto de, apesar da tecnologia avançada e da experiência tripulação, o Titanic não ter evitado o afundamento implicando assim uma grande perda de vidas humanas.

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