Junte-se o Produto Interno Bruto de todos os países e este não passa de 50 triliões de dólares.
Mas actualmente ocorrem transacções selvagens entre os investidores, algo chamado “derivativos”, que ascende aos 700 triliões de dólares.
Derivativos com valores tão altos que ameaçam os mercados
Algumas pessoas receiam que este comércio massivo de derivativos seja tão grande, tão difundido, e em alguns casos, possivelmente tão perigoso, que poderia ameaçar seriamente os mercados no mundo – e também o seu próprio bolso.
É por isso que o Secretário do Tesouro, Tim Geithner, anunciou esta semana que está a pedir ao congresso para que se crie uma forma de acompanhar a compra e venda de derivados, na esperança de evitar uma catástrofe de derivativos.
Phil Kerpen, analista político da Americans for Prosperity, um grupo que promove o mercado livre, afirmou que, iremos descobrir que a origem dos derivativos foi suficientemente inocente: os agricultores que queriam proteger o preço das suas colheitas.
“Um agricultor no campo não queria arriscar que, quando o tempo da sua colheita chegasse, não fosse capaz de obter o preço que achava justo. Ele podia ir a uma mercearia e propor ‘vamos concordar que nesta data futura vou vender-lhe as colheitas pelo preço X.” E é isso que é chamado um contrato a termo”, disse Kerpen.
E o merceeiro concordaria porque sabia que iria assim garantir muitas culturas que precisava para aquele ano, a um preço estabelecido.
Portanto, tanto o agricultor como o merceeiro adiantavam-se: eles já haviam chegado a um acordo sobre um determinado preço para uma determinada quantidade de grãos. Assim, ambos estavam protegidos financeiramente, mesmo no caso de um mau ano para a colheita. Graças ao contrato, o merceeiro tinha as suas culturas e os agricultores o seu dinheiro.
O contrato em si foi o “derivativo” porque foi derivado de outra coisa: as colheitas e o preço acordado por elas.
Não são activos, mas negócios feitos sobre activos
Então, os derivativos não são activos verdadeiros, mas negócios feitos sobre activos.
E em muitos casos, são apenas apostas.
“Vamos imaginar que você está no negócio do petróleo e que vai vender muito mais óleo para aquecimento se houver um inverno frio”, sugere Kerpen. “Você pode apostar contra um inverno frio de modo a que se não for o caso do inverno ser frio, irá fazer mais dinheiro dessa forma e assim irá suavizar o risco.”
Essa cobertura do risco é uma apólice de seguro para ambos os lados.
“Talvez você não entrasse num negócio se tivesse de assumir todos os riscos”, disse Kerpen. “Mas se puder espalhá-lo através de alguns desses mecanismos de divisão, então subitamente, algumas actividades económicas que não iriam acontecer, afinal acontecem. Portanto, há um ganho para a economia global.”
Com o tempo, o mercado de derivativos explodiu, de simples contratos futuros dos agricultores para – bem, quase nada.
Das explorações agrícolas para acções e outros títulos
Há todos os tipos de activos financeiros em todo o mundo – incluindo acções ou títulos, como ouro, petróleo, grãos e assim por diante. Hoje pode apostar-se em todos os tipos de derivativos para quase qualquer um deles: se o seu valor vai subir ou descer, como o tempo os pode afectar, e assim por diante.
E agora – com basicamente todas as empresas financeiras, bem como as empresas normais – envolvidas em todos os tipos de derivados diariamente – estes são calculados em triliões de dólares.
Michael Mackenzie, do Financial Times indica existirem aspectos assustadores em tudo isto.
“O mercado de derivados assustas as pessoas porque elas dizem, ‘Ok, tratam-se de quantias enormes,'” afirma Mackenzie.
Alguns dos maiores comerciantes de derivativos não são tão fiscalizados como os bancos normais e as correctoras. E fazem apostas mais arriscadas.
Mackenzie indicou que, “um fundo hedge (de protecção contra o risco) tem um risco de crédito muito, muito maior, se se negoceia com ele.”
Eles também emprestam quantias inacreditavelmente grandes de dinheiro na esperança de obter lucros cada vez maiores usando alta alavancagem.
O motivo pelo qual o Secretário do Tesouro, Geithner quer ter o poder para ser capaz de rastrear transações com derivativos é ajudar os reguladores a se certificarem que as empresas que estão a negociar derivativos têm dinheiro suficiente depositado.
Derivativos mais complicados, mais letais
Ter mão na situação se os investimentos correrem mal
Ao longo das décadas, os derivados têm crescido cada vez mais e tornado-se cada vez mais complicados
Alguns dos negócios são agora tão complexos que as empresas deveriam contratar físicos da NASA ou economistas de altos vôos apenas para geri-los, ou para descobrir novos derivados.
Mas o comércio cresceu tanto e está a carregar uma dívida cada vez mais arriscada, que um dos mais experientes investidores do mundo – Warren Buffett – rotulou os derivativos como “armas financeiras de destruição maciça, trazendo perigos que (…) são potencialmente letais”.
Um dos maiores perigos está vinculado naquilo que é chamado o risco da contra-parte, onde várias empresas podem estar envolvidas num negócio de derivativos.
E isso conduz a um risco sério porque, como explicou Mackenzie: “Se falharem, é como uma cadeia de dominós. Assim que uma pessoa parar de pagar, então todas as outras transacções que construíram a partir da primeira, ficam ameaçadas.”
“Muitas dessas entidades estão a sair do negócio”, alertou o analista económico Kerpen. “E as suas perdas são tão grandes, que não serão capazes de pagar aos que ganharam com o negócio. As pessoas que apostaram na outra opção não serão pagas. Portanto, pode haver uma grande perda para toda a economia se muitas dessas entidades começarem a falhar.”
Na verdade, o golpe financeiro explodiu no ano passado e este ano tal está apenas a ser reflectido – as empresas financeiras que estão enterradas até ao pescoço nos derivativos estão a cair e a levar consigo muitos companheiros de operações.
26 de Março de 2008
Fonte: CBN News