Os capitais públicos disponibilizados pelo Estado para o BPN – para o chamado buraco financeiro – atingem já cerca de 5,3 mil milhões de euros. O valor é actualmente superior ao montante dos depósitos existentes no período em que o banco foi nacionalizado.
O próprio Governo admitiu, em Setembro, num documento enviado ao grupo parlamentar do BE, que as responsabilidades efectivas do Estado para com o BPN ascendiam a 4,5 mil milhões de euros. Agora, somam–se-lhes os 600 milhões de euros que o Executivo terá de injectar para que a instituição cumpra os rácios de capital impostos pelas autoridades. O reforço dos capitais estava previsto no acordo com o BIC, mas as estimativas apontavam para necessidades de capital a rondar os 500 milhões. Numa resposta ao BE, o secretário de Estado do Orçamento veio confirmar que o valor é, afinal, de 600 milhões.
Além desta injecção de capital, o Estado terá de assegurar 167 milhões em provisões para crédito malparado. Feitas as contas, a factura ascende já aos 5,267 mil milhões de euros. E não estão ainda contabilizados os encargos financeiros que o Tesouro terá de suportar com os trabalhadores que não venham a ser absorvidos pelo banco de Mira Amaral.
No final de 2008, altura em que o BPN foi nacionalizado, a poupança dos particulares, entre depósitos à ordem e a prazo, ascendia a 4,9 mil milhões, abaixo dos 5,3 mil milhões injectados pelo Estado.
Perante isto, o BE já pediu a ida do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ao Parlamento. “É preciso avaliar a gestão que foi feita”, diz o deputado João Semedo. Em requerimento, o BE diz que o BIC irá receber um BPN ‘limpo’, onde “deverão constar créditos de 2,2 mil milhões e 1,8 mil milhões em depósitos”.
António Sérgio Azenha / Diana Ramos
2 de Fevereiro de 2012
Fonte: Correio da Manhã
Artigo Original: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/buraco-do-bpn-sobe-para-53-mil-milhoes