Desde a sua formação em 1118, com nove cavaleiros, esta ordem altamente secreta tornou-se tão rica e poderosa, no curso dos dois séculos seguintes, que a sua riqueza e terras eram suplantadas apenas pela Igreja Católica. É possível que tenham estado na posse de segredos religiosos e tecnológicos que suplantavam a autoridade do papado. Por estes motivos, em 1397 foram esmagados pelo Papa e pelo Rei de França. No entanto, durante a sua ascensão tornaram-se nos precursores dos banqueiros modernos e inventaram o sistema de crédito.
A sua história começa em Jerusalém, em 1118, quando nove cavaleiros obtiveram permissão do rei de Jerusalém, Balduíno II de Bourg, para formar uma ordem militar. O rei consentiu que estes vivessem na ala Este do seu palácio, ao lado do antigo local onde tinha estado o Templo do Rei Salomão.
Eram conhecidos como a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. O seu líder era um nobre francês chamado Hugh de Payens — e tinham estreitas ligações com os monges cistercianos, cujas fortunas cresciam em paralelo com eles. Aparentemente, formaram-se para proteger peregrinos em busca do Santo Graal. Na prática, a sua missão era completamente diferente.
Começaram por escavar o local onde tinha estado o Templo de Salomão. Construído há 3.000 anos, acreditava-se que o Templo tinha sido a casa da Arca da Aliança, a relíquia hebraica mais sagrada, que seria o portal através do qual se comunicava directamente com Deus. Também se pensava que o Templo continha conhecimentos escondidos mais antigos e poderosos que os Evangelhos. É certo que os Templários construíram um sistema de passagens subterrâneas no local — foram descobertas pelos Engenheiros Reais Britânicos no final do Século XIX — mas há menos certezas quanto à extensão destas descobertas. O autor Graham Hancock não considera provável que tenham encontrado a Arca, pois nesse caso teriam voltado para França triunfantes (ele crê que a Arca está escondida na Etiópia). Contudo, é muito provável que tenham descoberto segredos poderosos (“geometria sagrada”) e pergaminhos sobre a vida de Jesus anteriores aos Evangelhos e que desafiam as visões ortodoxas sobre a crucificação e ressurreição.
Os Templários tinham uma estrutura hierárquica (copiada dos cistercianos e mais tarde adoptada pelos Franco-Maçons) que consistia em cavaleiros, sargentos, capelães e servos. Originalmente, a ordem exigia os votos de castidade e pobreza. Todos os membros tinham de renunciar às suas posses e doá-las à ordem. O poder, riqueza e prestígio dos Templários cresceu rapidamente. No seu auge, tinham 20.000 cavaleiros e uma reputação de lutadores implacáveis. Eram facilmente reconhecidos através das suas vestes brancas, envergando uma cruz vermelha.
Em 1128, no Concílio de Troves, foram reconhecidos pela Igreja Católica como uma ordem militar e religiosa oficial. Um ano depois possuíam terras em toda a Europa e, em 1131, o Rei de Aragão doou-lhes um terço da sua terra. Em 1139, o Papa Inocêncio II concedeu-lhes o direito a responderem apenas perante o papado. Os Templários estavam igualmente isentos de pagarem impostos, apesar de os cobrarem para a Igreja e para a Coroa. Também lhes foi permitida a construção das suas próprias Igrejas, tornando-se assim na força motriz por detrás de algumas das maiores igrejas medievais europeias, como a Catedral de Chartres, em Paris.
Ao espalhar a sua influência e propriedade, tornaram-se nos primeiros banqueiros da Europa, cobrando, em certos casos, até 60% de juros. Criaram um sistema de crédito com o qual um peregrino ou mercador podia depositar dinheiro ou bens em qualquer local, em troca de uma nota de promissória que podia levantar no seu destino. Estes cheques de viagem primitivos eram uma salvaguarda contra portagens, colectores de esmolas para a Igreja e ladrões.
Graham Hancock estava convencido de que os Templários tinham “desenterrado do Templo Mount algum repositório de conhecimentos antigos relativos à ciência da construção.” Isto corresponde a uma descoberta realizada em 1947 na costa do Mar Morto. Foi encontrado, juntamente com os Pergaminhos do Mar Morto, “O Pergaminho de Cobre” que menciona não apenas uma série de tesouros — ouro e escritos — mas também a sua localização: o Templo de Salomão. A ideia de “geometria sagrada” tem sido muitas vezes considerada como a pedra angular do conhecimento (e poder) para muitas escolas secretas de mistério, num tempo em que Ciência, Religião e magia eram inseparáveis. Os cientistas actuais não são diferentes dos antigos guardiães do conhecimento, pois também tentam revelar a ordem escondida para compreender as relações matemáticas e harmonias que estão na base de todo o Universo.
É provável que o seu conhecimento sobre geometria sagrada seja o motivo pelo qual a Catedral de Chartres seja tão superior em design e Tecnologia a tudo que existia até então — arcos pontiagudos e tectos abobadados apareceram pela primeira vez — dava-se início à arquitectura gótica. Até mesmo as propriedades do vidro pintado nunca foram reproduzidas com sucesso por químicos modernos.
Os feitos dos Templários são bastante óbvios, mas foi a sua obsessão pelo secretismo que fez com que os detractores acreditassem que a Ordem do Templo escondia algum segredo obscuro. A sua queda foi instigada em 1305, pelo Rei Filipe IV da França, que convenceu o Papa Clemente V que estes eram uma ameaça ao papado. Também corriam rumores que os Templários pretendiam restituir o trono francês à família Merovíngia. Os Merovíngios afirmavam ser descendentes de Jesus e que eram a prova viva que Jesus não tinha morrido na cruz.
Na sexta-feira, 13 de Outubro de 1307, as autoridades francesas começaram a capturar, interrogar, torturar e queimar Templários como hereges blasfemos. No clímax desta inquisição, o último Grão-Mestre, Jacques de Molay, foi queimado vivo em Paris, em 1314, marcando o fim público de uma ordem orgulhosa e secreta.
Mas, muitas questões permanecem sem resposta. Muita da vasta fortuna dos Templários é ainda inexplicável, assim como a sua armada — uma das maiores do seu tempo. Alguns investigadores acreditam que foi o tesouro dos Templários que François Bérenger Saunière descobriu sob a Igreja de Sta. Maria Madalena em Rennes-le-Château.
Muitos Templários sobreviveram — de facto, muito poucos foram assassinados. Outros fugiram; pensa-se até que alguns foram perdoados pelo Papa. Passaram para a clandestinidade, criando rumores de que não só continuaram em segredo, como ainda sobrevivem até hoje.
Fonte: Livro: «O Manual das Sociedades Secretas» de Michael Bradley