OS EUA e União Europeia apoiam a Al-Qaeda

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Al-Qaeda com o apoio da União Europeia
Al-Qaeda com o apoio da União Europeia

Certamente que o apoio externo dado aos rebeldes, canalizado em grande parte através da Arábia Saudita e Qatar, criou e capacitou extremistas. O The New York Times descobriu que a maior parte das armas fornecidas com a aprovação dos EUA “estão a ir parar às mãos de jihadistas islâmicos extremistas, e não a grupos de oposição mais seculares” – um processo que continua. O suporte dado aos militantes está certamente a transformar a paisagem síria. “Ao longo da Síria, áreas tomadas pelos rebeldes estão pontilhadas com tribunais islâmicos, formadas por advogados e clérigos, e por brigadas conduzidas por extremistas”, relatou o NYT em Abril:

“Até mesmo o Supremo Conselho Militar, a organização rebelde principal, cuja formação o Ocidente esperava que pudesse marginalizar os grupos radicais, está apinhada com comandantes que querem difundir a lei islâmica num futuro governo sírio. Em lugar algum da Síria controlada pelos rebeldes há uma força de combate secular que tenha voz.”

E há até mesmo questões sobre a suposta negação da afiliada da Al-Qaeda, a Al-Nusra, por parte dos EUA. O NYT relata que “a mão da Nusra é sentida de forma mais forte em Aleppo“, onde estabeleceu, em coordenação com outros grupos rebeldes, “a Comissão Shariah” para criar “uma força policial e um tribunal islâmico que execute sentenças que incluam chicotadas.” Os combatentes da Nusra também “controlam a central eléctrica e distribuem farinha para manter as padarias da cidade a funcionar.” Aém disso, “apreenderam os campos de petróleo do governo” nas províncias de Deir Al-Zour e Hasaka, e agora obtêm lucro do crude que produzem.”

O problema é que a as operações da Al-Nusra na padaria e no petróleo estão a ser apoiadas pelos EUA e pela União Europeia, respectivamente. O Washington Post relata uma missão furtiva em Allepo “para entregar alimentos e outros auxílios a sírios necessitados – tudo pago pelo governo dos EUA“, incluindo o fornecimento de farinha. “A padaria é totalmente fornecida com farinha paga pelos Estados Unidos“, acrescenta o artigo, observando que os consumidores locais, no entanto, “creditam Jabhat Al-Nusra – um grupo rebelde que os EUA classificam como organização terrorista por causa dos seus laços com a Al-Qaeda – pelo fornecimento de farinha para a região, apesar de admitirem que não sabem de onde provém.” Da mesma forma, a flexibilização de um embargo petrolífero por parte da União Europeia, para permitir a importação de petróleo de campos petrolíferos controladas pelos rebeldes, beneficia directamente os combatentes da Al-Nusra que controlam esses campos, pertencentes anteriormente ao governo.

Al-Qaeda
Al-Qaeda

Não admira que o príncipe saudita Bandar bin Sultan, numa tentativa fracassada de subornar a Rússia, para que esta trocasse de lado, disse ao presidente Vladimir Putin que “qualquer regime que venha depois” de Assad, estará “completamente” nas mãos da Arábia Saudita e que “não assinaria qualquer acordo que permitisse que qualquer país do Golfo Pérsico transportasse gás através da Síria, para a Europa, competindo com as exportações de gás russas”, de acordo com fontes diplomáticas. Quando Putin recusou, o príncipe prometeu acções militares.

Os interesses da Arábia Saudita e do Qatar sobre o petróleo aparentemente contraditórios estão a puxar os cordelinhos da política dos EUA na Síria, se não mesmo em toda a região. É isso – o problema de estabelecer uma oposição maleável, que torna os norte-americanos e os seus aliados no petróleo confiantes de que irão “jogar à bola”, ao estilo gasodutos, numa Síria pós-Assad – que irá determinar a natureza de qualquer intervenção prospectiva. Como o Chefe do Estado-Maior, General Martin Dempsey afirmou:

“Na Síria, actualmente, não se trata de escolher entre duas facções, mas sim, entre muitas. É a minha convicção de que o lado que escolhemos deve estar pronto para promover os seus interesses e os nossos, quando o equilíbrio balançar em nosso favor.”

O que é incontestável é que Assad é um criminoso de guerra cujo governo merece ser derrubado. A questão é: por quem, e com que interesses?

Escrito por:

Dr. Nafeez Ahmed. É um autor de bestsellers, jornalista investigador e estudioso sobre segurança internacional. É director executivo do Instituto para Pesquisa Política e Desenvolvimento, e autor do «Guia do utilizador para a Crise da Civilização: e como Salvá-la», entre outros livros. Também escreve para o jornal The Guardian em geopolítica, ambiente, energia e crises económicas através do seu blog.

Artigo Original: http://www.nafeezahmed.com/2013/08/special-report-syria-intervention-plans.html

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