Os 20 mais ricos do mundo acumularam 1,77 trilião de dólares no final de 2020, 24% a mais que um ano anterior.
O coronavírus secou as economias de milhões de famílias, mas não as dos mais ricos. O ano terminou com lucros para a maioria deles, já que apenas 3 das 20 pessoas mais ricas de planeta viram a sua fortuna diminuir neste ano. No sconjunto, esse grupo de bilionários chegou ao final de 2020 com um património conjunto que soma 1,77 trilião de dólares. O valor é 24% superior ao do ano de 2019, segundo o índice Bloomberg. O espanhol Amancio Ortega (Inditex) perdeu 7,3 biliões de dólares no ano e deixou o top 10, onde o francês Bernard Arnault (LVMH) é agora a única exceção numa lista dominada por norte-americanos.
Como já aconteceu em 2019, Jeff Bezos continua no topo da lista dos maiores bilionários do mundo, empurrado pelos espetaculares resultados da Amazon no ano da pandemia. A sua empresa foi uma das mais beneficiadas pelo confinamento generalizado, pois a utilização do comércio digital disparou devido às restrições de mobilidade, levando as suas acções na Bolsa a acumularem um rendimento de 75% no ano, e o seu valor de mercado subir a 1,6 trilião de dólares. Segundo os resultados da medição da Bloomberg, Bezos, de 56 anos, possui um património de 193,7 biliões de dólares. A sua fortuna teve um crescimento de 78,9 biliões (68,7%) ao longo dos últimos doze meses.
Os 20 mais ricos do mundo:

Atrás do magnata das compras virtuais situa-se Elon Musk, fundador e diretor geral da SpaceX e da Tesla, cujo valor em Bolsa atingiu 100 biliões de dólares em Dezembro de 2020, permitindo que o empresário de origem sul-africana totalizasse um património de 160,7 biliões de dólares. Mas Musk praticamente não tem rivais quando se trata de avaliar o lucro de 2020 para as suas finanças pessoais: 133 biliões de dólares (a soma mais alta de toda a lista), o que representa um aumento de 482% na sua fortuna. Entra assim na lista dos 20 mais ricos, onde não figurava no ano passado, diretamente para a segunda posição.
O terceiro degrau do pódio dourado é de Bill Gates, com um património de 131,5 biliões de dólares. Para chegar a este valor, o filantropo norte-americano, dedicado com a sua esposa à direção da fundação de ambos, acrescentou mais 18,4 biliões (16,3%) ao seu património ao longo do ano.
Mas não é Musk que protagoniza a ascensão mais fulgurante em termos percentuais entre os 20 mais ricos. Esse posto cabe ao chinês Zhon Shanshan, um nome praticamente desconhecido um ano antes, que multiplicou a sua fortuna quase por 11 em 2020. A abertura de capital da Nongfu, a água mineral mais vendida da China, catapultou a fortuna do ex-jornalista, que agora é o homem mais rico do seu país. Desde 1 de Janeiro do ano passado, Shanshan ganhou quase 68 biliões de dólares, 997% a mais do que tinha. A sua riqueza é estimada agora em 74,6 biliões de dólares, o que o situa no 13º lugar, logo acima do espanhol Amâncio Ortega, dono da rede das lojas Zara.

As atividades de Ortega foram duramente afetadas pelas medidas de contenção da pandemia em Espanha, levando-o a cair da 6ª para a 14ª colocação, com um património de 68,2 biliões de dólares, 7,3 biliões (9,7%) a menos que em 2019. A obrigatoriedade de fechar as lojas por causa do confinamento levou a Inditex a acumular prejuízos de 195 milhões de euros durante o primeiro semestre, o que se refletiu na fortuna do empresário. A sua filha Sandra Ortega, que herdou a parte da Inditex que pertencia à sua mãe, Rosalía Mera, é a única outra espanhola que aparece entre as 500 pessoas mais ricas do planeta.
De volta à classificação das 20 maiores fortunas, também perde posições o único representante latino-americano da lista, o mexicano Carlos Slim, cujo património é avaliado hoje em 56,7 biliões de dólares. O presidente da Telmex perdeu nove posições e ocupa o 20º lugar do ranking, quando em 2019 estava próximo do top 10.
Menos mulheres, mais asiáticos
A classificação neste ano está mais masculina, já que apenas três mulheres posicionam-se entre as 20 maiores fortunas mundiais (comparativamente a quatro em 2019). A francesa Françoise Bettencourt Meyers é a mulher mais rica do planeta, posição ocupada durante anos pela sua mãe, Lilianne Bettencourt, que morreu em 2017. Dona do império da cosmética L’Oréal, ela acumula 76,3 biliões de dólares, quase 30% a mais que no ano anterior, depois de ganhar 17,3 biliões em 2020. No ranking dos mais ricos está na 12ª posição, uma posição acima de 2019, mas foi a primeira mulher a figurar na lista. Julia Flesher Koch (viúva do magnata David Koch e herdeira da sua parte nas Koch Industries) saiu do top 20 depois de aparecer na 10ª posição no ano de 2019. Também Jacqueline Badger Mars, herdeira da homônima fábrica de chocolates, fica de fora do top 20 este ano.
Quem aparece na 17ª posição é Alice Walton, com uma fortuna de 62,4 biliões de dólares (18% a mais que em 2019), justamente uma posição à frente de MacKenzie Scott, ex-mulher de Jeff Bezos. No divórcio, Scott ficou com 4% da Amazon, empresa da qual foi co-fundadora. A boa fase do gigante do comércio on-line rendeu-lhe enormes dividendos, e a sua fortuna cresceu 22,7 biliões. Scott multiplicou as suas doações para caridade.

Uma presença que cresce entre os 20 indivíduos mais ricos é a dos asiáticos, que passaram de dois em 2019 para três em 2020. O chinês Zhon Shanshan tem a companhia, na 19º posição, do seu compatriota Huang Zheng. A empresa que fundou há meia década, a Pindoduo, explodiu em crescimento no ano passado com a ideia de aproveitar o vazio deixado pelas grandes empresas de comércio eletrónico na China rural. E com isso a sua fortuna cresceu em 39 biliões de dólares (199%) actualmente alcança os 58,6 biliões. Mas é de um indiano, Mukesh Ambani, presidente e maior acionista do conglomerado de hidrocarbonetos e telecomunicações Reliance Industries, a maior fortuna do continente. Depois de ver a sua riqueza crescer mais de 30%, Ambani acumula 76,4 biliões de dólares e fica a apenas uma posição de entrar para o top 10.
As 10 maiores fortunas de 2020:
- Jeff Bezos (193,7 biliões de dólares)

Este norte-americano de 56 anos foi pelo quarto ano consecutivo considerado o homem mais rico do mundo na classificação da Bloomberg. É fundador e diretor-executivo da Amazon, empresa de comércio eletrónico cujos lucros dispararam em tempos de pandemia, impulsionando a sua fortuna pessoal. Poderia ser ainda mais rico, mas em 2019 divorciou-se de MacKenzie Scott, e no acordo cedeu 4% das ações da empresa. Não compartilhou, porém, a empresa de viagens espaciais Blue Origin, fundada igualmente durante o casamento. Tornou-se também dono da cadeia de supermercados Whole Foods e do jornal The Washington Post.
- Elon Musk (160,7 biliões)

O empresário norte-americano, de origem sul-africana, é o chefe executivo da Tesla, fabricante de veículos no qual tem 18% de participação, e cujo bom desempenho nas Bolsas neste ano permitiu-lhe engrossar o seu património. Musk costuma ser notícia pelas suas declarações e, no melhor estilo de Donald Trump, pelos tweets excêntricos. No dia 1 de Maio, por exemplo, compartilhou com os seus seguidores na rede social a reflexão de que as ações da Tesla, na sua opinião, estavam caras demais. É considerado também a mente por trás da empresa de viagens espaciais SpaceX e do Hyperloop, um comboio futurista de alta velocidade.
- Bill Gates (131,5 biliões)

O rosto mais conhecido da Microsoft à bastante tempo tem um percentual apenas residual na companhia que fundou. Este norte-americano de 65 anos administra o seu enorme património através da Cascade Investments, uma holding com participações em empresas de todo o mundo. A Fundação Bill e Melinda Gates é a segunda maior doadora para a Organização Mundial da Saúde (OMS). Quando o maior doador, o governo dos Estados Unidos da América, anunciou que retiraria recursos por divergências com o organismo, no início da pandemia, o casal respondeu aumentando da sua contribuição.
- Bernard Arnault (113,8 biliões)

O único não norte-americano na classificação dos 10 homens mais ricos do mundo, depois da saída de Amancio Ortega, é este francês de 71 anos. Tem quase metade das ações do LVMH (Louis Vuitton Moët Henessy), insígnia do luxo francês e, consequentemente, mundial. Para consolidar essa posição, está prestes a acrescentar ao seu império a empresa de joalheria norte-americana Tiffany’s, depois de um longo processo de compra atrapalhado pela pandemia. Com as dificuldades derivadas do coronavírus, a sua fortuna não cresceu tanto como as outras, mas ainda assim conseguiu amealhar 8,5 biliões de dólares (8% a mais do que em 2019) e chegar a um total de 113,8 biliões de dólares.
- Mark Zuckerberg (104,8 biliões)

O chefe executivo do Facebook, a rede social que ajudou a fundar e na qual tem 13% das ações, fecha o clube dos com mais de 100 biliões de dólares, no qual ingressou em meados deste ano. Frequentador das listas de ultra ricos antes de completar 25 anos (agora tem 36), encerra o ano com uma fortuna de 104,8 biliões de dólares, 34% a mais do que no ano anterior. Na sua história de sucesso, o Facebook comprou outros aplicativos, como WhatsApp e Instagram. E neste ano de pandemia os investidores premiaram as tecnologias que permitiam manter o contato à distância.
- Warren Buffett (86,9 biliões)

Warren Edward Buffett é, aos 90 anos, o bilionário mais idoso da lista, graças ao seu reconhecido instinto investidor. O magnata, que se orgulha de levar uma vida sem excessos, consolidou grande parte da sua fortuna atuando nos meios de comunicação – um interesse que germinou durante o período que trabalhou como entregador de jornais, trabalho esse que se viu obrigado a efectuar ainda na infância para ajudar na economia da sua modesta família, radicada no Omaha (Nebraska). Este financeiro estimula os donos das outras grandes fortunas a doarem parte do seu património através da propaganda filantrópica Giving Pledge.
- Larry Page (82,6 biliões)

Lawrence Edward Page é um empresário norte-americano que fundou, junto com o seu sócio Sergey Brin, a Google em 1998, quando estudava em Stanford. Atualmente ocupa o cargo de diretor executivo da Alphabet, uma empresa que inclui a Google e outras empresas do conglomerado. Page é membro da Academia Norte Americana de Artes e Ciências, e um dos seus ídolos é o físico Nikola Tesla.
- Steve Ballmer (81 biliões)

Nascido em Detroit há 64 anos, este empresário, formado com orgulho pela Universidade Harvard, foi o encarregado de levar a Microsoft ao sucesso depois que Bill Gates e Paul Allen o procuraram em 1980. Ballmer ocupou o cargo de diretor executivo da companhia entre 2008 e 2014, e, ao deixar o cargo, tornou-se proprietário da equipa de basket da NBA os Los Angeles Clippers.
- Sergey Brin (80 biliões)

Oriundo de uma família que mudou-se da Rússia para os Estados Unidos da América quando tinha acabado de completar 6 anos, este teórico da informática compartilha atualmente com o seu sócio Page uma fatia de 16% da Google. Ambos, além disso, estão envolvidos em projetos que a empresa realiza para encontrar novas fontes de energia renováveis. Aos 47 anos, pode vangloriar-se perante os seus quatro filhos de ser membro da Academia Nacional de Engenharia desde 2004.
- Larry Ellison (78,8 biliões)

É outro dos representantes do lobby das empresas de telecomunicação neste grupo de bilionários. Fundador da Oracle, empresa especializada no desenvolvimento de soluções de nuvem e locais, foi o seu diretor executivo de 1977 a 2015. Nascido em Nova York há 76 anos, ocupa à meia década o cargo de diretor de tecnologia da empresa. Diferentemente de outros membros informáticos do ranking, não vê problemas em ostentar a sua fortuna. Em 2012, adquiriu 98% dos 364 km² de superfície de uma ilha do Havaí, onde já investiu pelo menos meio trilião de dólares.
Fonte: elpais.com