Carl Jung dedica uma parte do “Sincronicidade: um princípio de conexões acausais” para falar dos precursores históricos da sincronicidade. Ele afirma que a concepção chinesa da realidade, e particularmente o conceito de Tao, é, em grande parte, sincronística. Ele diz: “…segundo a concepção chinesa, há uma “racionalidade” latente em todas as coisas. Esta é a ideia fundamental que se encontra na base da coincidência significativa: esta é possível porque os dois lados possuem o mesmo sentido.”
No ocidente esse princípio existiu durante muito tempo. Jung diz que “a concepção primitiva, assim como a concepção clássica e medieval da natureza, postulam a existência de semelhante princípio ao lado da causalidade.” A ideia de uma unidade de toda a natureza (unus mundus) permeia essas concepções, e portanto nelas não existe uma diferença entre o micro e o macrocosmo – há uma correspondência entre todas as coisas; também permeando essas concepções está a ideia de que existe na natureza uma fonte de todo conhecimento que se situa fora da alma humana, um conhecimento absoluto. Porém antigamente não se pensava em sincronicidade porque não se pensava em acaso. Tudo era atribuído a uma causalidade mágica que hoje nos parece ingénua. Com o advento do pensamento científico, essas concepções desaparecem. Jung aponta o que fez com que desaparecessem dizendo que “com a ascensão das Ciências físicas, no Século XIX, a teoria da Correspondentia desaparece por completo da superfície e o mundo mágico dos tempos antigos parece sepultado para sempre.” Mas essa ideia de uma sincronicidade e de um significado subsistente à natureza, que é a base do pensamento chinês clássico e faz parte da concepção ingénua da idade média, embora pareça a alguns uma regressão, teve de ser retomada pela psicologia moderna uma vez que só o princípio da causalidade não explica toda a realidade dos acontecimentos.