Os Rosacruzes

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Rosacruzes
Rosacruzes

Os rosacruzes surgiram a partir de vários grupos de alquimistas, cabalistas cristãos e humanistas racionais que se juntaram, no início do Século XVI, para formar uma mistura de Cristandade mística e um saber iluminado. Uma dessas pessoas, o Dr. John Dee, escreveu um panfleto chamado Monas Hieroglyphica e viajou pela Europa para espalhar os seus ensinamentos.

Por esta altura, este grupo de livres-pensadores intitularam-se Rosacruzes, apesar de só um século mais tarde chamarem a atenção do público. Julga-se que a Michael Sendivogius’ s Society of the Unknown Philosophers, uma sociedade alquimista da Morávia, é uma precursora da ordem. Em 1604, publicou o seu manuscrito «Twelve Treatises on the Philosopher’s Stone» e ganhou reputação com um pó que adquiriu de Alexander Seton, outro alquimista que ele salvou da prisão de Christian II da Saxónia.

A fraternidade foi tornada pública com a publicação na Alemanha, em 1614, de três manuscritos do teólogo luterano Johann Valentin Andreae (apesar de alguns atribuírem a Sir Francis Bacon, uma figura de renome na ordem). O primeiro foi a Fama Fraternitas, que falava de uma “universidade invisível” de iluminados e que determinou os objectivos da ordem. É provável que Andreae, como muitos dos seus contemporâneos, se tenha inspirado nas ideias e coragem do matemático e místico neo-platónico, Giordano Bruno – um estaticísta brilhante, torturado pela Igreja antes de ser queimado como herege, em 1600.

Fama Fraternitas contava ainda a alegoria de Christian Rosenkreutz (Rosa-Cruz), um cavaleiro nobre mas pobre, que nasceu na Alemanha em 1358. Aprendeu segredos alquímicos na Arábia, antes de regressar à Alemanha, onde construiu uma pequena cabana a que chamou a Casa do Espírito Santo, com oito discípulos. O número oito tem um significado místico para a ordem, demonstrado no seu símbolo: um pelicano a abrir o seu peito para alimentar as suas sete crias. Estes membros fundadores desenvolveram uma linguagem e compilaram a sabedoria alquímica num livro. A sua missão era “aprende para saber tudo, mas mantém-te em segredo”. Regiam a sua vida por seis regras:

1.) Não declarar publicamente o seu conhecimento intelectual e curar gratuitamente os enfermos.

2.) Não usar vestes especiais, mas vestir-se de acordo com os costumes do país onde se reside.

3.) Regressar à Casa do Espírito Santo para uma assembleia anual, a fim de prestar ajuda e instrução mútuas.

4.) Procurar um digno sucessor para cada membro.

5.) Adoptar as iniciais R.C. como selo e marca.

6.) Manter a existência da sociedade em segredo por um período de 100 anos.

À publicação da «Fama Fraternitas» seguiu-se, em 1615 o «Confessio Fraternitatis» e, em 1616, «As Bodas Químicas de Christian Rosenkreutz», Ano 1459. Todos os três manifestos criaram sensação entre os intelectuais europeus, os cientistas e a aristocracia, na sua busca pela verdade espiritual e conhecimento pessoal. Na verdade, as ideias rosacrucianas parecem bastante modernas e não estariam fora de época nesta Era de Aquário.

A rosa sempre foi um símbolo alquímico de transformação espiritual e a cruz um símbolo do mundo material e da salvação. Quando se juntaram, estes dois símbolos passaram a significar a porta de consciência espiritual para além do mundo físico. Alguns acreditam que foi retirado do escudo de brasões de Martinho Lutero, apesar de Andreae também usar estes símbolos no seu próprio escudo.

O túmulo secreto de Rosenkreutz foi descoberto na Casa do Espírito Santo 120 anos após a sua morte. Lá estavam instruções para dar a conhecer ao mundo os ensinamentos rosacrucianos, com a condição de estes não serem manipulados por nenhuma seita crista. As instruções convidavam pessoas de coração puro e aspirações sinceras a aproximarem-se da ordem e afastava aqueles que tinham motivos egoístas.

Os Rosacruzes também eram conhecidos como Filósofos do Fogo. Definem fogo como “o mais perfeito e inalterado reflexo, no Céu e na Terra, da Chama Única. E Vida e Morte, a origem e o fim de todas as coisas materiais. E uma ‘SUBSTÂNCIA‘ divina.” Um dos objectivos era reunir diversos ramos do ocultismo sob o mesmo tecto, na procura do espírito invisível em toda a matéria. Este conhecimento antigo vem já das misteriosas academias do Antigo Egipto, fundadas pelo faraó Tebas III (15001477 a.C.) e dos filósofos gregos, como Tales e Pitágoras. Os Rosacruzes têm a reputação de terem descoberto a “chama eterna” – o segredo dos “lampiões que nunca se apagam”, supostamente conhecido pelos antigos e que também está relacionado com o segredo de prolongar a vida.

Rosacruzes
Rosacruzes

Em 1623 existiriam apenas 36 Rosacruzes europeus, espalhados por seis países diferentes, apesar de muitas figuras importantes terem sido associadas à ordem, como Leonardo da VinciCornelius Heinrich AgrippaDanteRené DescartesBlaise PascalIsaac NewtonGottfried LeibnitzChristopher WrenBenjamin Franklin (uma colónia rosacruciana foi fundada em Filadélfia, no Século XVII ), Thomas JeffersonMichael FaradayClaude Debussy e Erik Satie.

Ao contrário de outras ordens que procuram recrutar e expandir a sua sociedade, os Rosacruzes parecem ter sido, genuinamente, mais discretos e discernidos. Eram leais a eles próprios, não à ordem. O seu secretismo parece relacionar-se mais com humildade e a protecção do conhecimento contra a exploração (e acusações de heresia), do que com a ideia de criar uma mística ou falso sentimento de importância. E, enquanto outras ordens secretas e alquímicas procuravam poder e riqueza (transformar materiais básicos em ouro), os Rosacruzes procuravam o “Caminho” correcto, como descrito em Instructions, em 1675. Estas tinham um prefácio com um aviso contra o seu uso para fins egoístas. O maior tesouro conhecido pelo Homem é deitar-se numa montanha no centro do mundo, que é uma referência alegórica ao guia das riquezas interiores. Infelizmente, em meados do Século XVIII os Maçons, os Rosacruzes e outras ordens com origens templárias tornaram-se tão entrelaçadas, que é difícil um historiador moderno falar delas separadamente.

Fonte: Livro: «O Manual das Sociedades Secretas» de Michael Bradley

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