Muitas vezes as coisas acontecem tal como se esperava ou profetizava, não por obra e graça de um misterioso conhecimento do futuro mas sim porque o comportamento das pessoas tende a fazer com que se cumpra a profecia. Por exemplo, um professor que vaticina o chumbo de um aluno é capaz de tratar o estudante de modo a aumentar a probabilidade do chumbo, assim cumprindo a profecia inicial. A tendência para que as profecias se cumpram por si próprias é amplamente conhecida nos domínios da Economia, da Política e da Religião.
É também uma questão de Psicologia prática. Várias formas de utilizar estes poderes servem de base a uma infinidade de livros de aprendizagem sem mestre, em que se mostra como se podem conseguir grandes êxitos na Política, nos negócios e no amor se se evitarem as atitudes negativas e adoptarem as positivas. Por outro lado, a confiança e o optimismo desempenham um papel importante na prática da medicina e da cura – assim como no desporto, na luta e em muitas outras actividades.
Independentemente da interpretação que se dê ao facto, a verdade é que as expectativas positivas e negativas influenciam frequentemente o curso dos acontecimentos. As profecias que se cumprem por si próprias são coisa vulgar. Como é que isto se aplica à Ciência? Há muitos cientistas que fazem experiências com fortes expectativas quanto ao respectivo resultado, e com enraizadas ideias preconcebidas quanto ao que é e não é possível. As suas expectativas podem influenciar os resultados a que chegam? A resposta é sim.
Em primeiro lugar, as expectativas influenciam os tipos de perguntas que se fazem nas experiências. E estas perguntas, por sua vez, condicionam o tipo de respostas que se irão obter. Esta situação é explicitamente reconhecida na física quântica, em que a estrutura da experiência determina o tipo de resultado possível; por exemplo, se a resposta virá na forma de onda ou de partícula. Mas trata-se de um princípio perfeitamente geral. “A estrutura do exame é como uma folha de papel químico. Determina que parte da verdade total irá aparecer e que padrão irá sugerir.”
Em segundo lugar, as expectativas do experimentador influenciam aquilo que ele observa, criando nele a tendência para ver o que quer ver e ignorar aquilo que não quer ver. Esta tendência pode levar a condicionamentos inconscientes na observação e no registo e análise dos dados, à rejeição dos resultados desfavoráveis como se de erros se tratasse, e a uma publicação muito selectiva dos resultados.
Em terceiro lugar, e este é o aspecto mais misterioso, as expectativas do experimentador podem influenciar os factos concretos. Até que ponto este processo é misterioso é a questão que devemos explorar.
Fonte: LIVRO: «7 Experiências que podem mudar o Mundo» de Rupert Sheldrake