A União Europeia está a desenvolver um Pan-óptico do Século XXI, um sistema de vigilância monstruoso que os críticos descrevem como “orwelliano”, “sinistro” e “assustador”, o qual reunirá dados de várias fontes, incluindo câmeras de vigilância, redes P2P e computadores pessoais, a fim de detectar comportamento “anormal” em todo o continente europeu.
Num sentido mais amplo, isto faz parte do movimento para a criação de uma força policial federal pan-europeia, onde a informação e as competências são compartilhadas como parte de um sistema centralizado. É também um passo gigantesco rumo à criação de uma CIA europeia encarregada não só de espiar os inimigos estrangeiros, mas também a sua própria população.
O sistema de vigilância, conhecido como Projeto Indect, promete colectar informações por meio de “acompanhamento contínuo” de “sites da web, fóruns de discussão, grupos de usenet, servidores de arquivos, redes P2P e computadores individuais”. Ele também usará imagens de CCTV (câmeras de vigilância) entre outros métodos de vigilância para desenvolver modelos de “comportamento suspeito”, analisando o tom de voz das pessoas (o que sugere que as conversas privadas serão gravadas), bem como “a maneira como os seus corpos se movem”.
O seu principal objectivo será a “detecção automática de ameaças e de comportamento anormal ou violento”.
Este é o Echelon sob esteróides, uma nova versão do programa da NSA (Agência de Segurança Nacional Americana) que tem vindo a espiar cidadãos durante anos, actualizado e ampliado segundo as aplicações tecnológicas do início do Século XXI. Em 1999, o governo australiano admitiu fazer parte de uma rede de intercepção e vigilância liderada pela NSA, em aliança com os EUA e a Grã-Bretanha, e que tinha a capacidade de ouvir “todas as chamadas telefónicas internacionais, fax, e-mail, ou transmissão de rádio,” em todo o planeta. O Projeto Indect é meramente uma nova encarnação deste monstruoso sistema de vigilância.
Stephen Booth, um analista da organização Europa Aberta descreveu o projecto como “orwelliano” e uma “enorme invasão de privacidade”, observando que os impostos dos próprios cidadãos europeus irão para um programa que a todos trata como culpados até que se prove o contrário.
«Já é bastante perigoso a nível nacional, mas à escala da Europa esta ideia torna-se terrivelmente sinistra», acrescentou Shami Chakrabarti, o director do grupo de direitos humanos Liberty.
O Projecto Indect é um passo enorme rumo à construção de um colossal recinto vigiado na qual toda a população do planeta estará encarcerada.
Os métodos utilizados para tal são um regresso tecnologicamente avançado ao conceito de Pan-óptico, criado pelo teórico social Jeremy Bentham em 1785: um edifício prisional concebido «de forma a permitir ao observador avistar (óptico) todos (pan) os prisioneiros sem estes perceberem se estão ou não a ser vigiados», formando deste modo o que um arquitecto afirmou ser «um sentimento de omnisciência invisível».
Bentham descreveu o Pan-óptico como «uma nova forma de poder e controlo, de uma forma até agora sem precedentes».
A noção do indivíduo não saber quando está a ser observado pelas autoridades é vital na concretização do derradeiro objectivo: manter a população num estado constante de subjugação, constrangimento e medo, levando-a a auto-regulamentar o seu próprio comportamento.
De acordo com Peter Scharff, investigador do Instituto Dinamarquês para os Direitos Humanos, o Pan-óptico foi desenvolvido para promover «a auto-regulamentação que seria provocada pela vigilância constante». O conceito foi incorporado em prisões, construídas com vários módulos (um design ainda hoje usado), aumentando o número de prisioneiros que podem ser controlados por apenas uma pessoa. O facto das autoridades aplicarem métodos de controlo concebidos para comunidades prisionais na nossa Sociedade mostra as suas verdadeiras intenções, e relembra-nos mais uma vez que a liberdade, conceito tão apregoado pelos políticos, não passa de um mito.
Isto não tem nada a ver com apanhar criminosos. No Reino Unido, o país com mais câmeras de vigilância por habitante do mundo, as estatísticas mostram que essas câmeras não tiveram qualquer tipo de impacto no combate à criminalidade. Trata-se de mostrar aos escravos quem manda: é um jogo psicológico para reforçar a relação de poder e superioridade dos actuais estados democráticos aos cidadãos.
O objectivo final é convencer o indivíduo que exprimir a sua opinião em público, fazer qualquer tipo de protesto ou questionar a estrutura de poder que o rodeia pode ser um acto «suspeito», nocivo para a Sociedade; e que todo aquele se atrever a pensar de forma diferente, ou que ponha o pé de fora desta cela prisional invisível mas opressiva, irá sofrer consequências negativas.
Paul Joseph Watson
21 de Setembro de 2009
Fonte: http://www.PrisonPlanet.com
Artigo Original: http://www.prisonplanet.com/eu-plans-massive-surveillance-panopticon-that-would-monitor-abnormal-behavior.html